sábado, 24 de maio de 2025

MAIS CITAÇÕES (334)

 
Desde a sua criação, há um quarto de século, o Tribunal Penal Internacional tem sido repetidamente atacado por responsabilizar os mais poderosos.

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Em Fevereiro deste ano, Donald Trump impôs sanções de bloqueio de activos e de proibição de viagens ao procurador do TPI e a todos os que colaboram no seu trabalho.

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Surgiram [agora] alegações surpreendentes de que o procurador do TPI, Karim Khan, coagiu sexualmente uma funcionária e depois retaliou contra a vítima e outras pessoas para encobrir o facto.

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O TPI responde perante os 125 governos signatários do Estatuto de Roma e que constituem a Assembleia dos Estados-Partes (ASP).

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Um tribunal que julga os crimes mais graves, entre os quais a violação, não pode fazê-lo quando o seu procurador é, de forma credível, acusado de actos semelhantes.

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Há mais de seis meses que tem estado a decorrer uma investigação conduzida pela ONU sobre a alegada má conduta e retaliação de Khan. Mas ainda não existe sequer um relatório.

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O TPI é um tribunal internacional de última instância muito necessário. É, aliás, o único lugar a que as vítimas dos crimes mais graves podem recorrer quando a justiça lhes falha.

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Para alguns dos seus [do TPI] defensores, as alegações contra Khan representam um risco para as investigações que liderou e para os mandados de captura que solicitou.

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O gabinete da ASP deve agir de imediato para limpar a reputação do TPI, de modo a que este possa continuar a realizar o seu trabalho crucial.

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Para tal é necessário estabelecer o processo que se seguirá ao relatório de investigação.

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O gabinete deve considerar a possibilidade de suspender Khan das suas funções enquanto analisa as conclusões do relatório.

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Deve adoptar medidas para proteger as testemunhas que possam estar sob pressão acrescida. 

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Por fim, caso as alegações sejam comprovadas, o gabinete e a Assembleia em geral devem aplicar todas as sanções apropriadas.

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Qualquer pessoa acusada de má conduta deve ter direito a um processo justo, que inclua o direito de ser ouvida.

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A impunidade de actos como o assédio ou a retaliação, se comprovados, encorajaria o comportamento incorrecto de outras pessoas e afectaria a integridade da instituição.

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O tribunal não só deve cumprir a sua missão sem ameaças externas, como também deve responsabilizar os seus próprios funcionários.

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O TPI enfrenta talvez a maior crise da sua curta vida. 

James Golgston, “Público” (sem link)

 

Há que travar a tentativa, já desencadeada por forças políticas vencedoras nas eleições do passado domingo, que visa transformar uma vitória eleitoral conjuntural numa mudança estrutural de regime.

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Há poderes fátuos de enorme dimensão, que seduziram o poder político nas últimas décadas. 

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[Os governos] desconsideraram as mudanças demográficas e maltrataram os imigrantes e as migrações, aprofundando políticas de baixos salários e gerando novos bloqueios à Escola Pública, ao SNS, ao acesso à habitação.

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O liberalismo económico e financeiro não tem qualquer rebuço em ajudar a gerar ditaduras, desde que sejam favoráveis aos seus negócios. 

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[As forças de esquerda] têm de se recompor deitando mão dos seus princípios fundacionais e não de determinismos comunicacionais ou económico-financeiros.

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A capacidade de auscultar as pessoas e com elas partilhar interpretações e anseios precisa de ser melhorada.

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Se respeitasse o regime democrático, a extrema-direita e parte da Direita jamais teriam propostas para a resolução dos problemas reais com que as pessoas se deparam.

Carvalho da Silva, JN

 

O problema de Gaza é o problema do inumano.

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O que importa é a insuportabilidade do sofrimento, pessoal e intransmissível, de quem viu a sua singular vida ser moeda de troca de ódios ideológicos e de paixões tribais.

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Quando a morte passa de tragédia a estatística, os mortos deixam, de vez, de contar.

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E, de um modo subtil, tornam-se em matéria de entretenimento, nas televisões e nas redes. 

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O sofrimento de Gaza, esgotada a sua capacidade de espetáculo comunicacional, será rapidamente esquecido. 

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Benjamin Netanyahu, ao lado de Vladimir Putin, dorme tranquilo com o silêncio dos mortos. E vive tranquilo com o sofrimento dos ainda vivos.

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[Sabe que] mais cedo ou mais tarde, outro evento estatístico desviará o cansado olhar e a frágil atenção de quem devora emoções nos neutros écrans do mundo.

Manuel Castelo Branco, “diário as beiras”

 

Vivemos a era da globalização, das plataformas digitais, da inteligência artificial, com a ameaça real da crise climática, a par das crescentes desigualdades económicas e sociais.

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A pobreza e a fragmentação social crescem com a crise espiritual, ecológica e ambientel.

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A vida e o trabalho são uma fonte de ansiedade e de burnout.

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As alterações climáticas revelam afinal os limites de uma economia cujo crescimento se pensava infinito.

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John Mackey propõe que o lucro seja consequência, capitalismo consciente e não ofim.

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Neste sentido, a teoria da “economia do donut” de Kate Raworth propõe um sistema com limites ecológicos e direitos sociais coexistentes.

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Precisamos de ações efetivas que exaltem a dignidade do trabalho no mundo digital, a justiça climática e intergeracional, com um modelo económico regenerativo a par com a ética financeira e esperança.

Isabel Maia, “Diário de Coimbra” (sem link)


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