quarta-feira, 30 de abril de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (153)


Os jovens, que veem no conservadorismo dos padrões de género vincados do tradicionalismo nocivo a forma correta e mais digna de viver, esquecem-se de ler a História de Portugal e perceber ao que nos levou tais ideais no passado: à repressão extrema do Estado Novo.

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Relembro que Portugal, durante a ditadura, para além de um país com uma fatia enorme da população pobre — com cerca de metade da população a viver da agricultura.

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[Portugal] tinha um índice de analfabetismo superior a 75% para as mulheres e de 70% para os homens.

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Não nos podemos esquecer de que as ditaduras são nutridas pela ignorância.

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Para as ditaduras serem mantidas, as forças políticas vigentes forçam o povo e controlam-no através da imposição de medidas que potenciam o maior nível de ignorância possível.

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[O regime ditatorial] não é para ser questionado mas sim para ser imposto como inderrubável.

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A grande diferença é que no Estado Novo, as pessoas não tinham acesso à informação.

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Hoje em dia, quem escolhe apoiar ideias tradicionalmente fascistas (…): ignoram a memória da ditadura.

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A pobreza extrema, a fome, a falta de cuidados de saúde com a mortalidade infantil em alta, ajudavam à opressão, a desviar as pessoas dos assuntos políticos.

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Além disso, a desigualdade de género estava fortemente vincada na sociedade, com o ideal feminino da dona de casa, cuidadora.

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Primeiro propriedade do pai e, pelo casamento, passava a ser propriedade do marido.

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Não podia sair do país sem autorização do marido, não podia votar, não podia abrir conta bancária nem tomar contraceptivos sem a autorização do marido.

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Durante a ditadura fascista, as mulheres não tinham direito à vida própria.

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Podiam trabalhar, mas apenas se o marido deixasse, ganhavam cerca de metade do salário, comparando com o dos homens.

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Para garantir o controlo das mulheres, criaram-se organismos de Estado que fizeram com que as mulheres se vigiassem a si mesmas.

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As pessoas que vangloriam os ideais fascistas, esquecem-se das torturas a que mais de 30 mil pessoas sofreram entre 1926 e 1974, presas por razões políticas

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Não se podia confiar em ninguém e esta realidade era, por si só, mais um instrumento de repressão, já que impedia a troca de ideias, por meio do medo.

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Quem quer voltar aos ideais de Salazar, esquece-se da existência do Tarrafal, um campo de concentração conhecido como “Campo da Morte Lenta”.

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Esquece-se da tortura do sono, dos espancamentos, choques elétricos e outros métodos de tortura nas prisões da PIDE.

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Não é perdoável achar-se que “no tempo de Salazar estava-se melhor”. Não se estava.

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A informação sustenta a liberdade, a desinformação põe-na em perigo.

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No Estado Novo, as pessoas não tinham acesso à informação.

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Hoje em dia, quem escolhe apoiar ideias tradicionalmente fascistas escolhe ignorar informação crucial na sua escolha de orientação política: ignoram a memória do Estado Novo.

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Quando a memória falha a muita gente, é preciso relembrar o terror da ditadura, as vezes que forem necessárias.

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Quando temos pessoas a sonhar com uma opressão à moda Salazarista, o conceito de sonho está corrompido.

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Nas próximas eleições, votem. Não fiquem em casa. Não votem em branco.

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Lembrem-se, quando votam, fazem-no para todas as pessoas do país e não só para vocês. 

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Pensem nas minorias de poder mais oprimidas.

Clara Não, “Expresso” online

 

[A espécie humana é] a única espécie que tem a capacidade “incrível” de deitar ao lixo o que demorou séculos a aprender e que salva vidas.

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Rejeitam o que metade do planeta gostava e precisava de ter, e não tem: acesso a cuidados de saúde de qualidade.

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A descoberta da vacinação e, mais tarde, a sua evolução é dos marcos mais impactantes no número de vidas salvas da história da medicina.

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Trump escolheu, sem surpresas, um perfeito lunático sem qualquer formação em saúde para seu “ministro da Saúde”.

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Infelizmente, também sem surpresas, a realidade não quer saber das crenças individuais e os resultados catastróficos já estão à vista.

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Neste momento, já vamos com um surto [de sarampo] sem precedentes nas últimas décadas, com perto de 1000 casos confirmados desde o início de 2025 e com a morte de duas crianças e de um adulto.

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Sabe-se que o sarampo é altamente contagioso e pode deixar sequelas gravíssimas para todo o sempre.

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Vacinar custa uns euros; e as hospitalizações e as sequelas custam milhares e milhares de euros e consomem recursos humanos que são necessários noutras áreas.

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Sabemos que, em Portugal, Trump tem os maiores admiradores das suas políticas no partido Chega.

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Mas a característica destes movimentos populistas de extrema-direita têm que leva a mais mortes e mais sofrimento humano é a negação da ciência.

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O negacionismo da ciência em Portugal está naquele partido [Chega].

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Pedro Frazão conseguiu repetir uma mentira propagada por desinformação negacionista ao dizer que em Portugal morreram 142 pessoas por causa da vacina contra a covid-19, em Junho de 2023, quando na realidade morreram zero. Isto é muito grave.

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É um facto que o cepticismo que se criou à volta das vacinas contra a covid-19 aumentou o cepticismo face a todas as vacinas.

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Isto é um assunto muito sério, p.e. a varíola, antes de ter vacina, terá morto cerca de 300 milhões de pessoas durante duas décadas.

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Em África, cerca de 20% das crianças não recebem a vacinação básica e 500.000 crianças morrem todos os anos por falta dela: é este o caminho que os negacionistas da ciência querem seguir?

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Sobre as alterações climáticas, a discussão é mais profunda, mais complexa, mas talvez mais importante, porque é, sem dúvida, a maior ameaça à existência da humanidade de sempre.

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Qualquer pessoa, qualquer partido, qualquer decisão política que negue a evidência científica, como Trump e o Chega fazem, têm infinitas mortes facilmente evitáveis nas suas mãos.

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A ciência baseada na evidência é a verdade que nos une e nos protege. Negá-la devia ser crime.

Gustavo Carona, “Público” (sem link)

PARA HAVER POLÍTICAS DE ESQUERDA É PRECISO ELEGER DEPUTADOS PARA AS EXECUTAR

 

É o voto no Bloco que garante o teto nas rendas e uma taxação justa aos milionários para investir no Estado Social.


DOIS CANDIDATOS MUITO FRACOS

 

Luís Montenegro continua a não conseguir explicar as avenças que recebia através da sua empresa familiar. Pedro Nuno Santos não tem solução para resolver a crise da habitação.

Fica evidente porque é que Montenegro fugiu do debate com o Bloco e que só o voto no Bloco baixa o preço das casas. Mariana Mortágua


TAXAR OS RICOS, É UMA IDEIA MAIS ATUAL DO QUE NUNCA

 

Elon Musk, que tem uma fortuna superior ao PIB português, paga em proporção menos impostos do que uma pessoa que trabalha. Taxar os ricos não é um slogan velho, é uma ideia mais atual do que nunca. Se os milionários pagarem um pouco mais, teremos mais dinheiro para investir em habitação, saúde e na escola. É isso que o Bloco propõe.


ESTÁ NA HORA DE ACENDERMOS A LUZ EM GAZA

 

No dia 28 de abril de 2025, Portugal esteve perto de 10h sem eletricidade e tod@s sofremos. Os serviços e transportes deixaram de funcionar, os hospitais ativaram os seus planos de contingência, as escolas fecharam, houve uma corrida aos supermercados e não conseguimos comunicar com quem precisávamos.

Em Gaza, os palestinianos vivem com esta realidade há cerca de um ano e meio. Sem eletricidade, água, acesso à saúde e a bens essenciais. Está na hora de acendermos a luz em Gaza, assine a petição pelo fim do genocídio.

Saiba mais em www.amnistia.pt/peticao


O REGRESSO DOS FUNDADORES DO BLOCO ÀS LISTAS

 

Mariana Mortágua sobre o regresso dos fundadores às listas, o Bloco como equipa e a luta coletiva contra a ameaça fascista.


HOJE É COMEMORADO EM TODO O MUNDO O DIA INTERNACIONAL CONTRA A CORRUPÇÃO

 

É o momento ideal para se recordar o que acontecia nesta matéria durante a ditadura e ler com atenção a realidade descrita no cartaz acima, de uma forma sucinta. Imagem via Jaime Mestre


terça-feira, 29 de abril de 2025

A DIREITA PRIVATIZOU AS EMPRESAS DE PRODUÇÃO E DE DISTRIBUIÇÃO ELÉTRICAS

 

Quando este erro foi cometido, André Ventura ficou em silêncio. É urgente corrigi-lo. É uma questão de segurança coletiva, de soberania.

Sabem quanto custa ao Estado comprar uma quota de controlo público na EDP? Menos do que 2 anos de benefício fiscal a estrangeiros ricos que o CHEGA defende.


FRASE DO DIA (2434)

 
Temos de convocar os democratas para o entusiasmo do voto, mesmo que tenha passado pouco tempo, mesmo que não estejamos galvanizados pela campanha, mesmo que não haja nenhum candidato que nos encha as medidas. 

Capicua, JN


HOUVE QUEM DUVIDASSE DESTES VALORES. AS CONTAS QUE MIGUEL MADEIRA FEZ

 

Vi alguns duvidarem destes valores, mas um "Assistente Técnico" na administração pública ganha entre 979 euros e 1.389 euros por mês; se assumíssemos uma média exata entre esses dois valores, seria 1.184 euros por mês (é menos, porque há mais funcionários na base do que no topo da carreira) - 14 salários, daria 16.576 euros por ano; com estes valores, um corte de 1,5 mil milhões significaria menos 90.492 funcionários; como o valor salarial médio será, como disse, inferior à tal média aritmética simples entre 979 e 1.389, será na realidade efetivamente um número perto dos 100.000 funcionários. Miguel Madeira


O ERRO FATAL DA PRIVATIZAÇÃO DA ENERGIA DEVE SER CORRIGIDO

 

O erro da privatização da energia deve ser corrigido. A REN e a EDP devem voltar a estar sob controlo público. É uma questão básica de segurança. Mariana Mortágua


É UM HOMEM DO REGIME QUE CRITICOU SEVERAMENTE A DEMORA DA REPOSIÇÃO DA ELECTRICIDADE DEPOIS DO APAGÃO DE ONTEM

 

Luís Mira Amaral criticou a demora na reposição da eletricidade depois do apagão desta manhã de segunda-feira. O ex-ministro alertou para "uma falha técnica grave", fruto de "decisões políticas irresponsáveis" do PS e PSD.

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A DESINFORMAÇÃO SOBRE AUTISMO


A desinformação sobre autismo tornou-se mais visível como panfleto político do executivo de Donald Trump. Mas não, as vacinas não provocam autismo e há 30 anos de estudos a ditar a mesma resposta.

Leia mais: https://www.publico.pt/2130883


PARA NOSSA REFLEXÃO

 

Nós estivemos 12 horas [em alguns casos menos] sem eletricidade hoje (28/4) ...

Foi um grande drama para muitos e muitas mas em Gaza, Palestina, há muitos meses que não têm electricidade e há dois meses que não têm comida, água ou medicamentos a entrar no território... Celeste Santos


segunda-feira, 28 de abril de 2025

MARIANA MORTÁGUA ESTEVE PRESENTE NO COMÍCIO-FESTA EM COIMBRA

 


“Quem olha para Portugal de cima, como Luís Montenegro, acha sempre que o país está melhor”: Mariana Mortágua esteve presente no comício-festa em Coimbra, onde falou sobre a desigualdade em Portugal e a ameaça da oligarquia internacional contra um povo que "reclama o que é seu".

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FRASE DO DIA (2433)

 
Ventura tem, quase todos os meses, mais tempo de antena televisivo do que o líder do maior partido da oposição.

Daniel Oliveira, “Expresso”


DEVEMOS ESTAR EM ALERTA SOBRE O CRESCIMENTO DA EXTREMA-DIREITA

 

"Não há quem não sinta um cheiro a anos 30": Capicua e Gisela João juntas numa canção sobre o crescimento da extrema-direita


O BLOCO FAZ O QUE DIZ

 

Via Jaime Mestre


O RISCO DE OS EUA SEREM GOVERNADOS POR UM REGIME FASCISTA

 

Jason Stanley, professor em Yale, nos EUA, e especialista em fascismo.

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GAZA FOI MORTA DUAS VEZES! PRIMEIRO PELAS BOMBAS E A SEGUIR PELO SILÊNCIO DO MUNDO

 

Via Islamic Knowledge1


domingo, 27 de abril de 2025

25 DE ABRIL DE 1974, A TAL MADRUGADA QUE (QUASE) TODOS NÓS ESPERÁVAMOS

 

Via Carlos Fino


SIM, SÓ HÁ BOAS RAZÕES PARA A EDP VOLTAR A ESTAR SOB CONTROLO PÚBLICO

 

Francisco Louçã


VÁRIOS MEMBROS DA FAMÍLIA MOTA DA CONSTRUTORA MOTA-ENGIL MANTÊM-SE NO TOPO DOS DOADORES AOS SOCIALISTAS

 

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FRASE DO DIA (2432)

 
Assistimos ao intensificar de uma narrativa de desumanização que legitima a exclusão de grupos de pessoas em nome da “segurança nacional.”

João Moreira da Silva, “Público”


“UMAS NOTAS SOBRE O ABSURDO DOS PREÇOS DA HABITAÇÃO E A INCOMPETÊNCIA DO GOVERNO ENQUANTO LAVO A LOIÇA”

 

Joana Mortágua


PREÇO DAS CASAS, SEMPRE A SUBIR

 

Preço mediano das casas registou maior subida desde segundo trimestre de 2022

Saiba mais: https://www.publico.pt/2130713


NÃO HÁ ALMOÇOS GRÁTIS E A PROMISCUIDADE ESTÁ BEM À VISTA

 

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PARA A HISTÓRIA DO GENOCÍDIO DO POVO PALESTINIANO

 

Traduzindo o cartaz: “Israel assassinou completamente 2165 famílias palestinianas e parcialmente 6664 outras famílias durante a guerra em Gaza”

Via Palestine International Broadcast


sábado, 26 de abril de 2025

O POVO DE PORTUGAL NÃO ACEITA ADIAR O 25 DE ABRIL

 

Celebrou-o em todo o país e deu uma lição ao governo da direita. Mariana Mortágua


MAIS CITAÇÕES (330)

 
O Papa Francisco, [é] um ser humano maior no tempo nebuloso que estamos a viver.

(…)

A morte de Francisco suscitou uma imensidão de declarações de simpatia, de exaltação da sua dimensão humana, do seu pensamento e da sua obra.

(…)

Os que assim agem [muitos deles de forma hipócrita] fazem-no na busca de legitimidade para continuarem a negar Francisco, mas ao mesmo tempo reconhecem que os ideais com que os cidadãos se identificam (os que têm futuro) são os de Francisco e não os deles.

(…)

Os perigos de a nossa sociedade sofrer violentos retrocessos vêm, por um lado, do populismo da extrema-direita que nega relações humanas e sociais harmonizadas num espaço para todos e a própria democracia, mas por outro lado, dos imperativos daquilo que ele designa de “Dogma de fé neoliberal”.

(…)

O individualismo neoliberal coloca o futuro como uma construção de todos contra todos (…) coloca os interesses dos privilegiados sempre a salvo, impõe o poder unilateral do patrão como base dos sistemas de relações de trabalho.

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Neste 1.º de Maio há, pois, que reforçar a luta contra a pobreza, a precariedade, as discriminações, os baixos salários e os longos horários de trabalho, e pelo acesso à habitação.

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Ao longo da sua história, os sindicatos foram capazes de defender e praticar a solidariedade internacional e de agirem com eficácia no plano nacional.

Carvalho da Silva, JN

 

A manifestação “popular” do Porto, equivalente à de Lisboa, foi uma grande manifestação, maior do que o habitual.

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Havia grande mobilização, penso que em parte por uma crescente consciência da crise interior das democracias.

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O governo da AD, com a asneira de ter sugerido cancelar comemorações por causa do luto papal, acentuou uma sensação de risco que é mobilizadora.

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Mobiliza os sectores mais politizados, mas são estes que participam em manifestações. 

(…)

[O sector que, de facto, está a crescer consideravelmente e marcou esta manifestação é o] dos grupos LGBT e feministas, que parecem ter uma capacidade de mobilização sem paralelo com o passado.

(…)

Há uma causa que domina todas outras, a da Palestina.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Na semana passada soubemos que os gastos militares globais ultrapassaram os 2,46 biliões de dólares em 2024.

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Este é um número avassalador que representa um crescimento de 7,4%. O maior desde a Guerra Fria.

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A indústria do armamento não está apenas viva: está em expansão! E como qualquer indústria precisa de crescer, produzir, vender.

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Também aqui a lógica da oferta e da procura funciona: cria-se a necessidade, alimenta-se o medo, vende-se segurança.

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Que a paz é uma utopia, e que a única forma de estarmos seguros é armarmo-nos até aos dentes.

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Continuamos a agir como se a guerra fosse um destino certo. E esquecemo-nos de que a paz é uma escolha. Uma escolha que exige construção dinâmica.

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[O Papa Francisco] relembrou-nos que a guerra é sempre uma derrota, e para todos.

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E que não há guerras justas, por muito que nos te ntem convencer do contrário.

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[Talvez seja tempo] de ousarmos acreditar que outro caminho é possível.

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Que, por mais ingénuo que pareça, o desarmamento não é uma fantasia. É uma necessidade.

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E que a paz, essa palavra tão gasta, continua a ser o horizonte mais digno para qualquer civilização que se queira chamar humana.

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Num tempo em que falar de paz parece quase ingénuo, Francisco insiste [nos seus últimos momentos de vida], e ainda bem em lembrar-nos que a guerra não é inevitável. Nunca foi. E nunca será.

Madalena Abreu, “Diário de Coimbra” (sem link)

 

O 25 de Abril de 1974 foi o dia em que Portugal, com surpresa de quem encontra dinheiro num bolso velho, descobriu que podia ser livre.

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Bastava levantar a cabeça – e, se possível abrir as janelas para arejar o cheiro a mofo que décadas de medo tinham deixado.

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A escola era para poucos, os hospitais uma indignidade, a guerra para quem não tinha para onde fugir.

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O medo instalara-se como um mobiliário antigo: pesado, desconfortável, mas demasiado familiar para ser dispensado.

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Em 1970, 25,7% dos portugueses eram analfabetos. Hoje são apenas 3,1%. A esperança média de vida aumentou de 67 para 82,6 anos.

(…)

A mortalidade infantil que matava quase 38 em cada mil recém-nascidos, caiu para 2,6.

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É fácil esquecer o que se conquista quando já não custa nada tê-lo.

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Hoje, a liberdade é tratada como a água da torneira: só se nota quando falta.

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Portugal corre o riaco de se tornar um daqueles lugares onde se fala de liberdade como se fosse uma recordação de família: estimada, mas deixada na prateleira.

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[Abril] foi feito à mão: construído rua a rua, voto a voto, livro a livro.

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Política nunca foi apenas partidos ou governos: é a construção contínua da sociedade.

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Quem dela se afasta, iludido ou desanimado, esquece que ao abandonar a política está, na verdade, a abandonar o seu próprio futuro.

Alexandre Bogalho, “Diário de Coimbra” (sem link)