sábado, 26 de abril de 2025

MAIS CITAÇÕES (330)

 
O Papa Francisco, [é] um ser humano maior no tempo nebuloso que estamos a viver.

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A morte de Francisco suscitou uma imensidão de declarações de simpatia, de exaltação da sua dimensão humana, do seu pensamento e da sua obra.

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Os que assim agem [muitos deles de forma hipócrita] fazem-no na busca de legitimidade para continuarem a negar Francisco, mas ao mesmo tempo reconhecem que os ideais com que os cidadãos se identificam (os que têm futuro) são os de Francisco e não os deles.

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Os perigos de a nossa sociedade sofrer violentos retrocessos vêm, por um lado, do populismo da extrema-direita que nega relações humanas e sociais harmonizadas num espaço para todos e a própria democracia, mas por outro lado, dos imperativos daquilo que ele designa de “Dogma de fé neoliberal”.

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O individualismo neoliberal coloca o futuro como uma construção de todos contra todos (…) coloca os interesses dos privilegiados sempre a salvo, impõe o poder unilateral do patrão como base dos sistemas de relações de trabalho.

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Neste 1.º de Maio há, pois, que reforçar a luta contra a pobreza, a precariedade, as discriminações, os baixos salários e os longos horários de trabalho, e pelo acesso à habitação.

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Ao longo da sua história, os sindicatos foram capazes de defender e praticar a solidariedade internacional e de agirem com eficácia no plano nacional.

Carvalho da Silva, JN

 

A manifestação “popular” do Porto, equivalente à de Lisboa, foi uma grande manifestação, maior do que o habitual.

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Havia grande mobilização, penso que em parte por uma crescente consciência da crise interior das democracias.

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O governo da AD, com a asneira de ter sugerido cancelar comemorações por causa do luto papal, acentuou uma sensação de risco que é mobilizadora.

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Mobiliza os sectores mais politizados, mas são estes que participam em manifestações. 

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[O sector que, de facto, está a crescer consideravelmente e marcou esta manifestação é o] dos grupos LGBT e feministas, que parecem ter uma capacidade de mobilização sem paralelo com o passado.

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Há uma causa que domina todas outras, a da Palestina.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Na semana passada soubemos que os gastos militares globais ultrapassaram os 2,46 biliões de dólares em 2024.

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Este é um número avassalador que representa um crescimento de 7,4%. O maior desde a Guerra Fria.

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A indústria do armamento não está apenas viva: está em expansão! E como qualquer indústria precisa de crescer, produzir, vender.

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Também aqui a lógica da oferta e da procura funciona: cria-se a necessidade, alimenta-se o medo, vende-se segurança.

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Que a paz é uma utopia, e que a única forma de estarmos seguros é armarmo-nos até aos dentes.

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Continuamos a agir como se a guerra fosse um destino certo. E esquecemo-nos de que a paz é uma escolha. Uma escolha que exige construção dinâmica.

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[O Papa Francisco] relembrou-nos que a guerra é sempre uma derrota, e para todos.

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E que não há guerras justas, por muito que nos te ntem convencer do contrário.

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[Talvez seja tempo] de ousarmos acreditar que outro caminho é possível.

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Que, por mais ingénuo que pareça, o desarmamento não é uma fantasia. É uma necessidade.

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E que a paz, essa palavra tão gasta, continua a ser o horizonte mais digno para qualquer civilização que se queira chamar humana.

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Num tempo em que falar de paz parece quase ingénuo, Francisco insiste [nos seus últimos momentos de vida], e ainda bem em lembrar-nos que a guerra não é inevitável. Nunca foi. E nunca será.

Madalena Abreu, “Diário de Coimbra” (sem link)

 

O 25 de Abril de 1974 foi o dia em que Portugal, com surpresa de quem encontra dinheiro num bolso velho, descobriu que podia ser livre.

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Bastava levantar a cabeça – e, se possível abrir as janelas para arejar o cheiro a mofo que décadas de medo tinham deixado.

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A escola era para poucos, os hospitais uma indignidade, a guerra para quem não tinha para onde fugir.

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O medo instalara-se como um mobiliário antigo: pesado, desconfortável, mas demasiado familiar para ser dispensado.

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Em 1970, 25,7% dos portugueses eram analfabetos. Hoje são apenas 3,1%. A esperança média de vida aumentou de 67 para 82,6 anos.

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A mortalidade infantil que matava quase 38 em cada mil recém-nascidos, caiu para 2,6.

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É fácil esquecer o que se conquista quando já não custa nada tê-lo.

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Hoje, a liberdade é tratada como a água da torneira: só se nota quando falta.

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Portugal corre o riaco de se tornar um daqueles lugares onde se fala de liberdade como se fosse uma recordação de família: estimada, mas deixada na prateleira.

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[Abril] foi feito à mão: construído rua a rua, voto a voto, livro a livro.

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Política nunca foi apenas partidos ou governos: é a construção contínua da sociedade.

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Quem dela se afasta, iludido ou desanimado, esquece que ao abandonar a política está, na verdade, a abandonar o seu próprio futuro.

Alexandre Bogalho, “Diário de Coimbra” (sem link)


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