quarta-feira, 23 de abril de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (152)

 
O conceito de humanicídio foi criado por Pieter Drost em 1959 e o próprio explicou a sua origem etimológica em quatro dimensões: assassinar, excluir, eliminar ou extirpar o humano, o humanitário, o civil e o civilizado.

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Ao fim de 57 anos de ocupação ilegal dos territórios palestinianos (Jerusalém oriental, Cisjordânia, Gaza, os montes Golã), Israel desencadeou há mais de 18 meses a mais devastadora das operações militares de quantas moveu contra os palestinianos de Gaza.

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Surpreende-nos é que o Governo português e os governos de tantos países da UE e da NATO tenham olvidado que “Israel não pode legitimamente invocar a autodefesa contra a população sob a sua ocupação.

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[Há que] recordar os mais de 50 mil palestinianos (um terço dos quais crianças) mortos em Gaza pelo exército israelita (número seguramente subavaliado como coincidem todos os estudos independentes), ou os mil palestinianos mortos na Cisjordânia às mãos de colonos que simbolizam o projeto descaradamente ilegal de ocupação definitiva da Palestina.

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O que está a acontecer hoje em Gaza, na Palestina, é o extermínio da população palestiniana e é um imperativo urgente denunciá-lo e exigir que cesse.

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É impossível negar que o Governo de Israel é responsável por crimes contra a humanidade em Gaza, que esses crimes têm de parar e que os responsáveis devem ser julgados e condenados.

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Os direitos humanos nasceram, como escreveu Ana Messuti, contra a possibilidade de existirem pessoas sem direitos.

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Os palestinianos estão a ser, perante os olhos de todos, vítimas de crimes contra a humanidade, porque estão a ser o alvo de um ataque sistemático perpetrado pelo Estado de Israel contra uma população civil.

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São atos desumanos justificados através de uma estratégia de despersonalização, em que se nega a certos indivíduos o direito a ter direitos.

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A esta estratégia de desumanização adotada pelo Governo de Israel convém bem a ausência de um reconhecimento generalizado do Estado da Palestina.

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Para lutar contra a infinita vulnerabilidade destas vítimas, para nos opormos à sua desumanização, para exigirmos o respeito pelos seus direitos, é tão importante o reconhecimento internacional do Estado da Palestina.

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Se Benjamin Netanyahu e os seus acólitos perderam todo o sentido de humanidade, cabe ao resto do mundo recordar que as suas vítimas são pessoas, são humanas e, como tal, dotadas de uma esfera de inviolabilidade a que chamamos direitos fundamentais.

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A Federação Internacional de Jornalistas afirma que pelo menos 157 jornalistas e trabalhadores da comunicação social já foram mortos em Gaza.

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As imagens e as palavras são armas poderosas contra a desumanização. Resistir passa também por recusar o silêncio.

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Os ataques deliberados contra jornalistas e produtores de cultura são uma prova da necropolítica, da política da morte, do Estado de Israel em Gaza, tanto quanto são os ataques aos ativistas dos direitos humanos e de ONG humanitárias.

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Entre as últimas vítimas, 15 paramédicos do Crescente Vermelho, que, no mês passado, viajavam em ambulâncias devidamente sinalizadas e foram primeiro baleados, depois detidos, executados “um por um”.

Cláudia Santos, Fernando Rosas e Manuel Loff, “Público” (sem link)

 

Donald Trump não pôs termo em 24 horas à guerra da Ucrânia e muito menos ao massacre de Gaza. A bazófia do Presidente dos EUA é ilimitada.

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[Três meses depois da tomada de posse, Trump] iniciou outras guerras de desfechos imprevisíveis.

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A começar na guerra comercial que nos remete para um cenário novecentista e a acabar numa sanha perseguidora contra tudo o que possa aparentar progressismo e justiça.

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Nestes tempos confusos, não há que hesitar em escolher. Há uma diferença substancial entre a cobardia e a conivência e a coragem e a integridade.

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Será desafiante, e determinante, constatar até onde resistirá a independência judicial do Supremo Tribunal Federal perante a pressão inédita de um Presidente que se considera acima da lei.

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Sim, há uma diferença entre a Universidade de Columbia — assim como todas as outras que capitularam às imposições presidenciais — e a Universidade de Harvard, que as rejeitou olimpicamente, com lições de civilidade a quem não as tem sobre a independência das instituições académicas.

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A mais conceituada e rica das universidades do país fê-lo porque o podia fazer.

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Mas Harvard colocou os princípios acima do dinheiro e percebeu que o que está em causa é a destruição do ensino superior de elite.

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O que motiva Trump é o ódio à diversidade, à inclusão, aos direitos das minorias e a tudo o que lhe cheire a progressismo.

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Algo está profundamente errado e em risco quando um Governo (…) se sente no direito de escolher programas de ensino.

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Que liberdade existe numa universidade ou num país quando o medo, a censura e a autocensura amordaçam o espírito de discordância?

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Ao fim de três meses, há no partido democrata, para além de Alexandria Ocasio-Cortez, quem não se resuma a assistir, impavidamente, à destruição dos apregoados valores americanos.

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A nomenclatura democrata não está disposta a incomodar-se, com a excepção de Barack Obama, convencida de que não será preciso fazer nada para deter Trump.

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O partido republicano rendeu-se ao MAGA e corre o risco de ser engolido por ele.

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[A Hiatória] não se esquecerá de quem foi conivente e de quem foi íntegro.

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Tudo o que Trump fez e quer fazer é “antiamericano”.

Amílcar Correia, “Público” (sem link)

 

[Ao longo de 12 anos o Papa] foi severo com quem escolhe o ataque aos mais frágeis para subir na política. Criticou, sem meias palavras, a criminalização da imigração e as políticas de deportação. 

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Se alguém era alvo dos cultores do ódio para daí tirar vantagens políticas, ele lá esteve para o defender.

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Este Papa não foi uma exceção na Igreja. Foi, aliás, mais uma tentativa de a Igreja se reencontrar com Cristo.

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A Igreja é muita coisa. É o salão do poder, o canto onde acontece o abuso, o púlpito onde se julga a diferença e o fim do mundo, onde só a Igreja e Bergoglio vão.

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Este foi o Papa que defendeu as vítimas do ódio.

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[Recordar a mensagem do Papa] é não permitir que se use a morte do Papa para apagar a sua mensagem radicalmente corajosa e dolorosamente solitária.

Daniel Oliveira, “Expresso” online


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