(…)
Sempre
que uma [crise] surge, é esperado que as pessoas aceitem cortes no seu
"estilo de vida", que tolerem a redução do Estado Social e, mais
importante, que não questionem as decisões dos seus governantes.
(…)
Mas as
crises não são neutras nem muito menos “apolíticas”: redistribuem poder,
concentram riqueza e abrem caminho a projectos antes inimagináveis.
(…)
Em
2011, o chumbo do PEC IV e o resgate da Troika
levaram ao aprofundamento da austeridade, reformas laborais,
"reestruturação" do sector público e à privatização de empresas
essenciais para a soberania portuguesa.
(…)
Passos
Coelho acabou por revelar que [as suas medidas apesar de impostas pela Troika]
se tratava de convicção ideológica ao afirmar que o objectivo era ir "além
da Troika".
(…)
Crises políticas, militares ou económicas são
instrumentalizadas para implementar projectos radicais ou impopulares.
(…)
Mark Rutte, secretário-geral da NATO, pediu
cortes nos Estados Sociais, defendendo desviar "fracções" dos gastos
em pensões e saúde.
(…)
O
governo "trabalhista" de Keir Starmer não só manteve a austeridade
“Tory”, como até reduziu a elegibilidade para apoios a pessoas com deficiência.
(…)
Isto
num país onde o número de bancos alimentares subiu de 35 para 2800 entre 2010 e
2024, e onde mais de 300 mil pessoas vivem sem abrigo.
(…)
Estas medidas anti-sociais são justificadas
pela necessidade de conter a “ameaça russa”, que supostamente planeia invadir a
Europa.
(…)
No entanto, esta narrativa não alinha com a
realidade.
(…)
A
Federação Russa é de facto uma potência militar, mas não poderosa o suficiente
para desafiar a NATO ou até mesmo a União Europeia.
(…)
A
Rússia não é inocente, mas a ameaça que representa está longe de justificar a
histeria militarista que cresce nos corredores do poder.
(…)
Agora, em Bruxelas, o keynesianismo militar é a
norma, com apelos à criação de um complexo militar europeu.
(…)
Durante
a desindustrialização massiva da Alemanha, os governantes recusaram remover o
"travão do défice". Agora, para aumentar os gastos militares, a SPD e
CDU são surpreendentemente flexíveis.
Pedro Dantas Fernandes, “Público” (sem link)
As
políticas de saúde protagonizadas por sucessivos governos, apoiadas, velada ou
abertamente, por comissários políticos curvados e acríticos, nomeados para
lugares-chave, têm visado o desmantelamento paulatino do Serviço Nacional de
Saúde (SNS).
(…)
Tem havido uma perfídia calculista no
estratagema deliberado de sangrar e desmantelar o SNS.
(…)
Os
diferentes Governos têm respondido, genericamente, com medidas avulsas de mera
cosmética, para fragmentos panegíricos nos telejornais. Jamais ousam ir ao
fundo dos problemas.
(…)
Mais do que incompetência ou insensibilidade,
trata-se de opções ponderadas.
(…)
[Estamos
perante uma] mostra de uma teia de compadrios, nepotismos, ou cumplicidades
malévolas que visam fortalecer uns quantos em prejuízo de muitos outros.
(…)
Com o exaurido e cada vez mais minguado SNS,
florescem os hospitais privados.
(…)
Mas
será que ainda não perceberam que estamos a falar de coesão grupal e identidade
de um povo, muito para além do domínio da saúde?
(…)
Há uma altura em que “as cartas” se viram e
todo o jogo fica a descoberto.
(…)
Um
hospital equivalente a uma fábrica onde os médicos vestem o fato-macaco e
“produzem” com salários indignos. Só lhes falta a marmita na mão!
(…)
Só na
primeira metade de 2024 foram canalizados 127 milhões de euros para médicos
tarefeiros, os “tapa-buracos” do SNS, sem vínculo hospitalar e fora do espírito
de grupo.
(…)
Este
neoliberalismo à desfilada, de “fantasias” torpes, de ir ao mercado buscar pelo
mais barato, seguramente que tropeça no âmago do interesse das populações.
(…)
Afinal, o que pretendemos para o cuidar de
todos os nossos concidadãos?
(…)
Queremos mesmo continuar a exportar alguns dos
nossos talentos, alunos de uma geração de ouro, sem pensar no futuro?
(…)
Não espantará que existam hoje mais hospitais
privados do que públicos em Portugal.
(…)
Por isso, quatro milhões de portugueses têm
seguros de saúde e quase dois milhões não têm médico
de família no SNS.
Carlos Braz Saraiva,
“Público” (sem
link)
Recentemente
celebrou-se o Dia Internacional do Resíduo Zero, data proclamada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas, como forma de chamar a atenção para a
problemática da crescente produção de resíduos e a importância da sua adequada
gestão.
(…)
A política europeia de estímulo à redução de
resíduos e à economia
circular tem-se traduzido em muitos documentos estratégicos.
(…)
A
mesma diretiva [ Diretiva
Quadro dos Resíduos]
impõe que, até 2035, a deposição
de RU em aterro sanitário deverá ser inferior a 10% da quantidade total
produzida.
(…)
Em Portugal, as políticas e estratégias
previstas para a redução de resíduos não têm sido eficazes.
(…)
Verificamos
que, ao nível da recolha seletiva de RU, não se têm verificado grandes
progressos, passo fundamental para a economia circular.
(…)
[Em 2023] a taxa de reciclagem foi de 32%,
quando a meta para 2025 é de 55%.
(…)
Portugal está em atraso no cumprimento de metas
de redução e reciclagem dos RU [Resíduos Urbanos].
(…)
É
urgente aplicar medidas que contrariem os resultados nacionais: implementar
sistemas de recolha seletiva mais eficientes e a recolha seletiva de
biorresíduos (que era obrigatória a partir de 2023.
(…)
Implementar
o sistema de depósito e reembolso para as embalagens de plástico e metal de
bebidas, que está previsto iniciar-se em 2026, e onde estamos com um atraso de
quatro anos.
(…)
É
objetivo comunitário e nacional alcançar um equilíbrio sustentável que respeite
os ciclos naturais e promova a saúde do planeta e das comunidades.
(…)
É
urgente reduzir a produção de resíduos e transformar os resíduos em recursos.
Graça Martinho, “Público”
(sem link)
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