quarta-feira, 16 de abril de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (151)

 
Vivemos tempos em que, em nome do "bem maior", as populações são chamadas a apertar o cinto e engolir a seco.

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Sempre que uma [crise] surge, é esperado que as pessoas aceitem cortes no seu "estilo de vida", que tolerem a redução do Estado Social e, mais importante, que não questionem as decisões dos seus governantes.

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Mas as crises não são neutras nem muito menos “apolíticas”: redistribuem poder, concentram riqueza e abrem caminho a projectos antes inimagináveis.

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Em 2011, o chumbo do PEC IV e o resgate da Troika levaram ao aprofundamento da austeridade, reformas laborais, "reestruturação" do sector público e à privatização de empresas essenciais para a soberania portuguesa.

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Passos Coelho acabou por revelar que [as suas medidas apesar de impostas pela Troika] se tratava de convicção ideológica ao afirmar que o objectivo era ir "além da Troika".

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Crises políticas, militares ou económicas são instrumentalizadas para implementar projectos radicais ou impopulares.

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Mark Rutte, secretário-geral da NATO, pediu cortes nos Estados Sociais, defendendo desviar "fracções" dos gastos em pensões e saúde.

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O governo "trabalhista" de Keir Starmer não só manteve a austeridade “Tory”, como até reduziu a elegibilidade para apoios a pessoas com deficiência.

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Isto num país onde o número de bancos alimentares subiu de 35 para 2800 entre 2010 e 2024, e onde mais de 300 mil pessoas vivem sem abrigo.

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Estas medidas anti-sociais são justificadas pela necessidade de conter a “ameaça russa”, que supostamente planeia invadir a Europa.

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No entanto, esta narrativa não alinha com a realidade. 

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A Federação Russa é de facto uma potência militar, mas não poderosa o suficiente para desafiar a NATO ou até mesmo a União Europeia.

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A Rússia não é inocente, mas a ameaça que representa está longe de justificar a histeria militarista que cresce nos corredores do poder.

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Agora, em Bruxelas, o keynesianismo militar é a norma, com apelos à criação de um complexo militar europeu.

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Durante a desindustrialização massiva da Alemanha, os governantes recusaram remover o "travão do défice". Agora, para aumentar os gastos militares, a SPD e CDU são surpreendentemente flexíveis.

Pedro Dantas Fernandes, “Público” (sem link)

 

As políticas de saúde protagonizadas por sucessivos governos, apoiadas, velada ou abertamente, por comissários políticos curvados e acríticos, nomeados para lugares-chave, têm visado o desmantelamento paulatino do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

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Tem havido uma perfídia calculista no estratagema deliberado de sangrar e desmantelar o SNS.

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Os diferentes Governos têm respondido, genericamente, com medidas avulsas de mera cosmética, para fragmentos panegíricos nos telejornais. Jamais ousam ir ao fundo dos problemas.

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Mais do que incompetência ou insensibilidade, trata-se de opções ponderadas.

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[Estamos perante uma] mostra de uma teia de compadrios, nepotismos, ou cumplicidades malévolas que visam fortalecer uns quantos em prejuízo de muitos outros.

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Com o exaurido e cada vez mais minguado SNS, florescem os hospitais privados.

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Mas será que ainda não perceberam que estamos a falar de coesão grupal e identidade de um povo, muito para além do domínio da saúde?

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Há uma altura em que “as cartas” se viram e todo o jogo fica a descoberto.

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Um hospital equivalente a uma fábrica onde os médicos vestem o fato-macaco e “produzem” com salários indignos. Só lhes falta a marmita na mão!

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Só na primeira metade de 2024 foram canalizados 127 milhões de euros para médicos tarefeiros, os “tapa-buracos” do SNS, sem vínculo hospitalar e fora do espírito de grupo.

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Este neoliberalismo à desfilada, de “fantasias” torpes, de ir ao mercado buscar pelo mais barato, seguramente que tropeça no âmago do interesse das populações.

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Afinal, o que pretendemos para o cuidar de todos os nossos concidadãos?

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Queremos mesmo continuar a exportar alguns dos nossos talentos, alunos de uma geração de ouro, sem pensar no futuro?

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Não espantará que existam hoje mais hospitais privados do que públicos em Portugal.

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Por isso, quatro milhões de portugueses têm seguros de saúde e quase dois milhões não têm médico de família no SNS.

Carlos Braz Saraiva, “Público” (sem link)

 

Recentemente celebrou-se o Dia Internacional do Resíduo Zero, data proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, como forma de chamar a atenção para a problemática da crescente produção de resíduos e a importância da sua adequada gestão.

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A política europeia de estímulo à redução de resíduos e à economia circular tem-se traduzido em muitos documentos estratégicos.

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A mesma diretiva [ Diretiva Quadro dos Resíduos] impõe que, até 2035, a deposição de RU em aterro sanitário deverá ser inferior a 10% da quantidade total produzida.

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Em Portugal, as políticas e estratégias previstas para a redução de resíduos não têm sido eficazes.

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Verificamos que, ao nível da recolha seletiva de RU, não se têm verificado grandes progressos, passo fundamental para a economia circular.

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[Em 2023] a taxa de reciclagem foi de 32%, quando a meta para 2025 é de 55%.

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Portugal está em atraso no cumprimento de metas de redução e reciclagem dos RU [Resíduos Urbanos].

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É urgente aplicar medidas que contrariem os resultados nacionais: implementar sistemas de recolha seletiva mais eficientes e a recolha seletiva de biorresíduos (que era obrigatória a partir de 2023.

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Implementar o sistema de depósito e reembolso para as embalagens de plástico e metal de bebidas, que está previsto iniciar-se em 2026, e onde estamos com um atraso de quatro anos.

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É objetivo comunitário e nacional alcançar um equilíbrio sustentável que respeite os ciclos naturais e promova a saúde do planeta e das comunidades.

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É urgente reduzir a produção de resíduos e transformar os resíduos em recursos.

Graça Martinho, “Público” (sem link)


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