(…)
Conotado com Cortez e Sanders, Mamdani passou
as semanas seguintes às presidenciais a visitar os bairros onde Trump teve o
melhor resultado de um republicano em décadas.
(…)
Numa cidade onde 70% dos eleitores são
democratas, ouviu sempre o mesmo: Trump fala do custo de vida e das
dificuldades dos trabalhadores.
(…)
A resposta de Mamdani foi uma campanha com
foco, centrada no controlo do preço da habitação, em autocarros gratuitos,
cuidados de saúde, creches para todos e mercearias municipais em cada bairro a
propostas mais ridicularizada (até por cá).
(…)
O Presidente chamou-lhe “lunático 100%
comunista”, mas há analistas republicanos preocupados com um democrata que fala
do custo de vida.
(…)
O sucesso de Mamdani resulta da capacidade de
nunca sair da sua agenda, mesmo quando os outros se concentram na criminalidade
ou na imigração.
(…)
E de tentar reconectar os democratas,
embevecidos com o sucesso de uma economia com níveis de desigualdade
semelhantes aos que conduziram à crise de 1929, com a sua tradicional base eleitoral.
(…)
[A nível da Europa] o eleitorado parece
acreditar em soluções progressistas na escala onde sente que ainda há
alternativas.
(…)
[A cúpula democrata financeira] investiu
dezenas de milhões em anúncios contra Mamdani, usando as suas críticas a
Israel, mas pensando no seu programa fiscal e social.
(…)
Entre o silêncio e a omissão, a maioria do
partido [democrata] parece resignada e à deriva.
(…)
A exceção é a ala de Mamdani, Sanders e Cortez,
que junta centenas de milhares de pessoas pelo país fora.
(…)
[A esquerda norte-americana e europeia devem
ter] a sua própria agenda, em torno da desigualdade na distribuição de
rendimentos e na incapacidade de as classes médias viverem nas suas cidades.
(…)
Isso exige coragem perante o poder do dinheiro,
que encontrará em mínimos de decência sinais de lunática radicalidade.
(…)
Esta é uma das mensagens de Zohran Mamdani: um
candidato dos cidadãos enfrenta os candidatos do dinheiro que compra a
democracia na cidade [de Nova Iorque].
Daniel Oliveira, “Expresso”
(sem link)
A ciência, enquanto fonte privilegiada de
evidências pode, e quer, contribuir para melhores políticas públicas.
(…)
Em Portugal, há muito boa ciência a ser
produzida.
(…)
Nem sempre é fácil aceder a esse conhecimento.
(…)
As partes podem conversar, mas nem sempre se
compreendem.
(…)
É, por
isso, fundamental existirem estruturas capazes de interpretar, sintetizar e
traduzir o conhecimento científico de forma acessível, para que os decisores o
possam integrar de forma informada.
(…)
Deve haver espaço para discurso direto e feedback contínuo entre investigadores e responsáveis pela
formulação de políticas.
(…)
Infelizmente, muitos investigadores sentiram,
no passado, que as suas contribuições caíram no vazio, por falta de retorno ou
valorização.
(…)
Acredito
que o diálogo com investigadores durante o processo legislativo resultaria num
enquadramento legal mais correto, mais exequível e com resultados mais
benéficos para todos.
(…)
Estruturas
que intermedeiem este diálogo são essenciais para prevenir conflitos de
interesse e garantir que a ciência contribui de forma isenta e construtiva.
(…)
Ao mesmo tempo, enfrentamos um preocupante
processo de descredibilização da ciência.
(…)
Cabe às instituições científicas a
responsabilidade de divulgar o seu conhecimento de forma clara, rigorosa e
compreensível.
(…)
Neste
espírito, o Laboratório Associado Terra assumiu o compromisso de se aproximar
da administração pública, promovendo uma interface estruturada entre ciência e políticas
públicas (SPI – Science Policy Interface).
(…)
A ciência está aqui. Está disponível. E quer
ajudar.
(…)
Que
saibamos todos reconhecer o seu valor, fortalecer os canais de diálogo com a
administração pública e construir, juntos, políticas mais justas, eficazes e
sustentáveis.
Paulo Branco, “Público” (sem link)
[A NATO] prega estacas de destruição no
Estado social europeu que construiu a pulso durante décadas.
(…)
Portugal vai reforçar em cerca de mil milhões
de euros a verba para o investimento directo (…) num investimento total
que suportaria sete meses de custos do SNS.
(…)
E assim se entendem as prioridades.
(…)
Que os EUA queiram desmantelar o Estado social
europeu, não admira. Mas, à excepção de Espanha, que o faça com a concordância
acéfala da União Europeia é de um requinte que ilumina a vergonha alheia.
(…)
Mark Rutte devia saber, enquanto pateta alegre
diplomático que, ao nível da psicologia barata, Trump ganha sempre por goleada.
(…)
Resta a consolação de pouco disto ser para
valer.
(…)
Ou seja, só o imediato é para levar a sério, já
que em 2029 estaremos – provavelmente – com uma nova administração
norte-americana e todo um novo mundo que não se adivinha.
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