sábado, 21 de junho de 2025

MAIS CITAÇÕES (338)

 
A política industrial passou para mero apêndice na gestão do PRR. Não há abordagens sustentadas sobre os setores e a “ambição industrial 2040”, propalada noutros tempos, desapareceu.

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Chama-se industrialização ao aumento de investimento belicista.

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Se estes [ativos endógenos] forem os que temos tido, preparemo-nos para habitação ainda mais cara, e para muito trabalho intensivo e precário. 

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Desvalorizar a indústria é sempre baixar a qualidade do emprego e travar a modernização tecnológica.

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Este cenário alimenta a imigração ilegal, estratégica para a implementação de uma política de baixos salários. 

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A inexistência de acesso a habitação digna expulsa os jovens portugueses e uma parte dos imigrantes de que precisamos. 

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São determinantes as condições em que [o trabalho] é prestado, o valor que produz e a forma como é distribuído, como ancora as políticas sociais.

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Em vez de melhores salários oferecem-se “prémios” que possam ser retirados a qualquer momento e umas migalhas nos impostos.

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Portugal é um país de muita pobreza. 

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A situação não é catastrófica porque temos direitos sociais fundamentais com caráter universal e solidário e porque há apoios sociais para os mais desprotegidos.

Carvalho da Silva, JN

 

Tinha 16 anos quando o fogo chegou — súbito, implacável, sem misericórdia.

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Vi a terra onde cresci reduzir-se a cinzas. E vi também — mais tarde — um país a prometer que uma tragédia assim nunca mais voltaria a acontecer.

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Mas essa promessa não se cumpriu.

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Falhámos, à época, enquanto país — na prevenção, na organização territorial, na resposta legislativa.

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E esse vazio de ação tem um custo real — sobretudo para quem vive em territórios florestais e reconhece, ano após ano, que cada verão pode anunciar uma nova tragédia.

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O que tem faltado, de forma sistemática, é a concretização de medidas firmes.

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Não podemos continuar a tratar a floresta como um espaço privado onde o Estado só entra para apagar incêndios.

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Apesar da existência de instrumentos legais relevantes (…) a sua aplicação tem sido irregular, sem fiscalização eficaz nem enquadramento estratégico consistente.

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O cadastro da propriedade rústica, pilar essencial para qualquer modelo de governação florestal, continua incompleto e fragmentado.

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O resultado é um território florestal desordenado, vulnerável e dominado por monoculturas altamente inflamáveis, com baixa diversidade biológica e reduzida capacidade de regeneração.

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Sem um quadro legal que promova a multifuncionalidade florestal e responsabilize os diferentes agentes — públicos e privados — continuaremos presos a um modelo que replica o risco, em vez de o mitigar.

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Como cidadã e como jovem, sinto que vivemos num ciclo de esquecimento institucional: reage-se a seguir às tragédias, mas nunca se legisla com a coragem necessária.

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Falta, em suma, uma reforma florestal com base legal, clara e vinculativa, que proteja mais do que os interesses económicos de curto prazo — que proteja a vida.

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A floresta não é um tema sazonal. É uma questão de futuro. E o tempo de agir era ontem.

Mafalda Coelho, “Público” (sem link)

 

No âmbito da memorável Cimeira da Terra, no Rio em 1992, o oceano ficou esquecido e a sua relação com a sustentabilidade do planeta tem sido um assunto menor na agenda multilateral das Nações Unidas.

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Mas isto está a mudar. As anteriores conferências da ONU para o oceano, em particular, a segunda realizada em Lisboa em 2022, permitiram recentrar o oceano naquela agenda.

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Aumentaram a sua importância, à medida que começamos a compreender o papel decisivo que tem para o equilíbrio do clima.

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Já neste mês escaldante de junho, com a realização da terceira Conferência da ONU para o Oceano, podemos categoricamente afirmar que o oceano está na moda.

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[Chegou-se] a um resultado praticamente sem precedentes no direito internacional, que é a iminente entrada em vigor, com mais de 60 ratificações nacionais, do Tratado do Alto-Mar

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Com este tratado, damos um passo grande para proteger a natureza. O que quer dizer proteger a nossa casa comum: o planeta.

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A proteção do alto-mar (…) vai permitir proteger mais de metade da superfície e da coluna de água do planeta.

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Igualmente importante foi a normalização da cada vez mais famosa meta dos 30 por 30, i.e., da necessidade de proteger 30% da natureza, até 2030.

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Esta meta, que ainda há pouco parecia tão irrealista, passou, com Nice, a ser uma meta advogada por quase todos os países participantes.

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Portugal (…) conseguiu um estatuto de campeão do oceano e líder da agenda internacional do mar.

Tiago Pitta e Cunha, “Público” (sem link)

 

O sucesso do wokismo reaccionário vem de factores estruturais que estão muito para lá das modas culturais que alimentam o outro wokismo. Para lhe tirar força não basta travar qualquer guerra cultural, há que mudar Portugal.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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