quarta-feira, 25 de junho de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (160)

 
Seguro afastou-se porque foi derrotado num confronto em que ele escolheu as regras e que, com a participação que teve, não lhe deixou qualquer margem de manobra para regressar enquanto o homem que o derrotou se manteve à frente do PS.

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[Seguro]é, provavelmente, dos candidatos à esquerda que mais divide o espaço que teria de representar quem, aí, queira sonhar ir a uma segunda volta.

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O único espaço de expansão de Seguro seria em parte do centro e na direita que gosta dele na medida em que sempre detestou Costa. 

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[Divide a esquerda] quem avança sabendo não ter qualquer capacidade de conquistar o máximo de votos possíveis nesse espaço, sobretudo quando ele está diminuído.

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A condição para ser um candidato de esquerda e sonhar ir a uma segunda volta (improvável) é não ter anticorpos nesse espaço.

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Na esquerda, Seguro é sinónimo de anticorpos.

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O problema de Seguro não é começar baixo (é protocandidato há tanto tempo que até terá segurado apoiantes), é não ter para onde crescer.

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Não evita outras candidaturas à esquerda, por se perceber que, se elas não existirem, boa parte do voto socialista e de esquerda irá para o almirante ou para abstenção.

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O problema de Seguro é ter conseguido unir a esquerda para o afastar e a dividir com o seu regresso.

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Seguro representa o ressentimento em relação a Costa. Para isso, há candidatos de sobra.

Daniel Oliveira, “Expresso” online

 

PS ficou atrás da extrema-direita. O Bloco e o PCP sofreram as suas piores derrotas eleitorais.

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Editoriais sanguinolentos anunciam a extinção da esquerda e comissionistas esfuziantes festejam a vitória.

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Não estamos a viver um novo ciclo eleitoral, por definição passageiro, mas sim a instalação de um novo regime.

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A desagregação do compromisso anterior responde a uma mudança estrutural da relação de forças. Ela resulta da imposição, pelos sectores dominantes da finança.

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A viragem de milionários e operadores políticos para o fascismo é a sua expressão [o liberalismo económico escolhe o autoritarismo], pelo que Trump não é uma anedota, é o rei do mundo.

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O novo regime não é uma minhoca ocasional, é o fruto designado; não é um azar, é o triunfo de um novo sistema de poder em que a extrema-direita se torna o vector do governo.

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A esquerda está desarmada por não querer ver o inimigo.

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A crise social não resulta de erros; pelo contrário, é o resultado do sucesso do mercado e o mercado é insaciável.

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Nenhum governo deste regime brutalista corrigirá o colapso na saúde ou na habitação, antes estará empenhado no desmantelamento do SNS e na subida dos preços das casas, duas das condições para a acumulação das rendas oligárquicas.

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Nos escombros do antigo regime brilham ainda algumas pepitas, como as dos direitos constitucionais que dificultaram o corte nas pensões na troika.

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Não haja ilusões: esperar uma mão salvadora vinda das glórias do passado (…) só nos transformará em estátuas de sal.

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Só haverá esquerda viável fora das redes Zuckerberg-Musk, onde se podem dinamitar adversários.

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O encarniçamento reaccionário contra a Mariana é um caso de estudo, uma mulher jovem é lapidada se dirigir uma força de esquerda.

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É preciso criar um novo espaço público, sem a toxicodependência que nos degrada.

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E a política, depois: se o novo regime se define pela desigualdade classista da acumulação de capital, apoiada em rendas e no terror do empobrecimento, é aí que se deve definir o combate.

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Não serão promessas de remendos do velho regime que mobilizarão quem sofre a espera das consultas hospitalares ou quem sabe que só terá casa se morrer um familiar.

Francisco Louçã, “Público” (sem link)

 

A questão da Palestina e, em especial, a situação de Gaza deixou há muito de ser uma questão meramente política.

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Mas Gaza é, acima de tudo, uma questão moral. Uma questão de decência.

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A perspectiva simplesmente humana, aquela que nos permite avaliar os nossos actos e os dos outros independentemente da profundidade dos nossos conhecimentos históricos ou geoestratégicos, sobreleva todas as outras análises.

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Gaza é uma questão moral da mesma maneira que o Holocausto judeu da II Guerra Mundial pode ser lido de muitas perspectivas mas é, antes de mais, acima de tudo, uma questão moral. 

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Como é possível que seres humanos possam fazer isto, de forma fria, premeditada e constante, a outros seres humanos?

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Que razão política, militar, geoestratégica, pode justificar isto? Que argumento pode justificar os milhares de assassinatos de crianças, à bomba, a tiro, pela fome? Um massacre planeado para ontem, para hoje, para amanhã, para sempre, até não haver mais crianças para matar?

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Como se pode parar este genocídio? 

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Há algo que temos de fazer porque não podemos calar-nos sem nos tornarmos cúmplices do horror.

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Aquilo que podemos e devemos fazer é falar, escrever, denunciar, gritar, exigir. Antes de mais exigir dos nossos dirigentes políticos que obedeçam ao imperativo moral de parar o massacre já.

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Exigir que Portugal reconheça o estado da Palestina, sem mais manobras dilatórias, respeitando a sua própria palavra de apoio à solução dos dois estados.

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Isto mesmo é o que é exigido numa petição assinada por mais de 12.000 cidadãos portugueses que o Em Causa apoia.

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É um passo que incentivará outros países e a União Europeia a fazer o mesmo.

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[É um passo que] separa claramente quem está do lado dos direitos humanos, do lado da decência, e quem olha com indiferença os milhares de mães palestinianas que apenas podem dar aos seus filhos o conforto de uma curta mortalha e das suas lágrimas.

José Vitor Malheiros, "emCausa"


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