(…)
[Seguro]é, provavelmente, dos
candidatos à esquerda que mais divide o espaço que teria
de representar quem, aí, queira sonhar ir a uma segunda volta.
(…)
O
único espaço de expansão de Seguro seria em parte do centro e na direita que gosta dele na medida em que sempre
detestou Costa.
(…)
[Divide
a esquerda] quem avança sabendo não ter qualquer capacidade de conquistar o
máximo de votos possíveis nesse espaço, sobretudo quando ele está diminuído.
(…)
A condição para ser um candidato de esquerda e
sonhar ir a uma segunda volta (improvável) é não
ter anticorpos nesse espaço.
(…)
Na esquerda, Seguro é sinónimo de anticorpos.
(…)
O problema de Seguro não é começar baixo (é
protocandidato há tanto tempo que até terá segurado apoiantes), é não
ter para onde crescer.
(…)
Não evita outras candidaturas à esquerda, por
se perceber que, se elas não existirem, boa parte do voto
socialista e de esquerda irá para o almirante ou para abstenção.
(…)
O problema de Seguro é ter conseguido unir a
esquerda para o afastar e a dividir com o seu regresso.
(…)
Seguro
representa o ressentimento em relação a Costa. Para isso, há candidatos de
sobra.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
O PS ficou atrás da extrema-direita. O Bloco e o PCP sofreram as suas piores derrotas
eleitorais.
(…)
Editoriais sanguinolentos anunciam a extinção
da esquerda e comissionistas esfuziantes festejam a vitória.
(…)
Não estamos a viver um novo ciclo eleitoral,
por definição passageiro, mas sim a instalação de um novo regime.
(…)
A desagregação do compromisso anterior responde
a uma mudança estrutural da relação de forças. Ela resulta da imposição, pelos
sectores dominantes da finança.
(…)
A
viragem de milionários e operadores políticos para o fascismo é a sua expressão
[o liberalismo económico escolhe o autoritarismo], pelo que Trump não é uma
anedota, é o rei do mundo.
(…)
O novo
regime não é uma minhoca ocasional, é o fruto designado; não é um azar, é o
triunfo de um novo sistema de poder em que a extrema-direita se torna o vector
do governo.
(…)
A esquerda está desarmada por não querer ver o
inimigo.
(…)
A
crise social não resulta de erros; pelo contrário, é o resultado do sucesso do
mercado e o mercado é insaciável.
(…)
Nenhum
governo deste regime brutalista corrigirá o colapso na saúde ou na habitação,
antes estará empenhado no desmantelamento do SNS e na subida dos preços das
casas, duas das condições para a acumulação das rendas oligárquicas.
(…)
Nos
escombros do antigo regime brilham ainda algumas pepitas, como as dos direitos
constitucionais que dificultaram o corte nas pensões na troika.
(…)
Não haja ilusões: esperar uma mão salvadora
vinda das glórias do passado (…) só nos transformará em estátuas de sal.
(…)
Só haverá esquerda viável fora das redes
Zuckerberg-Musk, onde se podem dinamitar adversários.
(…)
O
encarniçamento reaccionário contra a Mariana é um caso de estudo, uma mulher
jovem é lapidada se dirigir uma força de esquerda.
(…)
É preciso criar um novo espaço público, sem a
toxicodependência que nos degrada.
(…)
E a
política, depois: se o novo regime se define pela desigualdade classista da
acumulação de capital, apoiada em rendas e no terror do empobrecimento, é aí
que se deve definir o combate.
(…)
Não
serão promessas de remendos do velho regime que mobilizarão quem sofre a espera
das consultas hospitalares ou quem sabe que só terá casa se morrer um familiar.
Francisco Louçã, “Público” (sem link)
A questão da Palestina e, em especial, a situação
de Gaza deixou há muito de ser uma questão meramente política.
(…)
Mas Gaza é, acima de tudo, uma questão moral. Uma
questão de decência.
(…)
A perspectiva simplesmente humana, aquela que nos
permite avaliar os nossos actos e os dos outros independentemente da
profundidade dos nossos conhecimentos históricos ou geoestratégicos, sobreleva
todas as outras análises.
(…)
Gaza é uma questão moral da mesma maneira que o
Holocausto judeu da II Guerra Mundial pode ser lido de muitas perspectivas mas
é, antes de mais, acima de tudo, uma questão moral.
(…)
Como é possível que seres humanos possam fazer
isto, de forma fria, premeditada e constante, a outros seres humanos?
(…)
Que razão política, militar, geoestratégica, pode
justificar isto? Que argumento pode justificar os milhares de assassinatos de
crianças, à bomba, a tiro, pela fome? Um massacre planeado para ontem, para
hoje, para amanhã, para sempre, até não haver mais crianças para matar?
(…)
Como se pode parar este genocídio?
(…)
Há algo que temos de fazer porque não podemos
calar-nos sem nos tornarmos cúmplices do horror.
(…)
Aquilo que podemos e devemos fazer é falar,
escrever, denunciar, gritar, exigir. Antes de mais exigir dos nossos dirigentes
políticos que obedeçam ao imperativo moral de parar o massacre já.
(…)
Exigir que Portugal reconheça o estado da
Palestina, sem mais manobras dilatórias, respeitando a sua própria palavra de
apoio à solução dos dois estados.
(…)
Isto mesmo é o que é exigido numa petição
assinada por mais de 12.000 cidadãos portugueses que o Em Causa apoia.
(…)
É um passo que incentivará outros países e a
União Europeia a fazer o mesmo.
(…)
[É um passo que] separa claramente quem está do
lado dos direitos humanos, do lado da decência, e quem olha com indiferença os
milhares de mães palestinianas que apenas podem dar aos seus filhos o conforto
de uma curta mortalha e das suas lágrimas.
José Vitor Malheiros, "emCausa"
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