quarta-feira, 18 de junho de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (159)

 
Uma década após a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e de numerosos compromissos globais para os financiar, dois terços das metas estão atrasadas.

(…)

O mundo está a falhar em assegurar mais de 4 biliões de dólares por ano em recursos essenciais para que os países em desenvolvimento possam cumprir estes objetivos até 2030.

(…)

Os orçamentos de ajuda estão a ser reduzidos enquanto os gastos militares disparam.

(…)

É urgente corrigir o rumo e isso começa na Quarta Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, que terá lugar em Sevilha.

(…)

[Há que] acelerar a mobilização de recursos para os países que mais precisam. E depressa.

(…)

Os países devem assumir a liderança, mobilizando recursos internos.

(…)

Simultaneamente, os bancos nacionais de desenvolvimento, regionais e multilaterais, devem unir esforços para financiar grandes projetos.

(…)

É fundamental triplicar a capacidade de empréstimo dessas instituições, permitindo que os países em desenvolvimento tenham acesso a capital em condições acessíveis e com prazos mais alargados.

(…)

O investimento privado também é fundamental.

(…)

Durante este processo, os doadores devem manter os seus compromissos de desenvolvimento.

(…)

Devemos reformar o sistema global da dívida. É injusto e disfuncional.

(…)

Muitos governos [de países em desenvolvimento] são forçados a gastar mais no pagamento da dívida do que em saúde e educação.

(…)

Deste encontro em Sevilha devem resultar medidas concretas para reduzir os custos de empréstimo, facilitar a reestruturação da dívida para países em dificuldades e prevenir futuras crises da dívida antes que ocorram.

(…)

Sevilha deve fortalecer a voz e a influência dos países em desenvolvimento no sistema financeiro global.

(…)

O mundo também precisa de um sistema fiscal global mais justo.

(…)

Num mundo cada vez mais interligado, um futuro de privilegiados e desfavorecidos apenas agravará a insegurança internacional e comprometerá o progresso de todos.

(…)

Sevilha pode restaurar a confiança na cooperação internacional e garantir um desenvolvimento sustentável para as pessoas e para o planeta.

António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, “Público” 

 

O medo é um instrumento versátil.

(…)

Figuras que não tendo a capacidade intelectual ou a vontade política para conquistar a confiança dos cidadãos com medidas concretas que melhorem a nossa qualidade de vida conquistaram-na com medo.

(…)

A receita é antiga e muito simples: só precisamos de uma população insatisfeita e de alvos fáceis.

(…)

O ingrediente essencial para uma execução perfeita é o ódio.

(…)

Trabalhadores de nacionalidades ou etnias que não gostemos passam a ser condenados pelo crime que tantos cidadãos portugueses praticam – o de emigrar.

(…)

A violência contra as mulheres normaliza-se – corrijo, populariza-se, porque normal nunca o deixou de ser – e é, inclusive, ironicamente utilizada por quem a pratica como chavão populista contra a imigração.

(…)

Os direitos humanos, outrora conquistas, tornam-se uma afronta. Esta é a realidade em que vivemos agora.

(…)

Se houvesse alguém responsável por registar todos os casos de violência contra grupos socialmente vulneráveis noticiados este ano, essa pessoa estaria em burnout por esta altura.

(…)

Já há muito que quem participa ativamente na luta antifascista, ou simplesmente se atreve a usar a sua visibilidade para advogar por direitos, é sinalizado, ameaçado e perseguido pelos grupos de extrema-direita.

(…)

E com o aumento da violência aumenta o medo de quem está mais suscetível a sofrê-la. 

(…)

O medo é, afinal, um mecanismo de sobrevivência que precede a nossa espécie.

(…)

Se nos faltava ímpeto para nos organizarmos e agirmos com a mesma capacidade e eficiência de quem se tem mobilizado contra os nossos direitos, talvez aqui o encontremos.

(…)

A quem preza a liberdade e o progresso: esta é a altura em que resistir deixa de ser uma opção para ser um dever.

(…)

Eles já passaram e, como têm mostrado, não descansarão na sua luta pelo retrocesso, pelo nosso silêncio e pela nossa marginalização. Mostremos como lutamos de volta.

(…)

Façamo-lo com as nossas vozes e com os nossos corpos. 

(…)

Nas nossas esferas pessoais, no associativismo, em coletivos. 

(…)

Também no medo há esperança.

Guadalupe Amaro, “Público” (sem link)

 

Em matéria de habitação, o atual Governo aprendeu muito pouco ou fez questão de não aprender. 

(…)

O Governo continua a imputar a responsabilidade pela persistência da crise da habitação aos governos que o antecederam, reclamando para si a resolução estrutural da questão.

(…)

O desconhecimento do que se passa a nível internacional, tanto no entendimento do problema como das soluções, é constrangedor.

(…)

[Atribuir a culpa ao fator imigração relativamente à falta de habitação] desta maneira mostra que o elevado sentido de oportunidade deste Governo se sobrepõe a quaisquer preocupações de sofisticação e rigor analíticos.

(…)

[Este Governo não aprendeu ou fez questão de não aprender] que os incentivos à aquisição da habitação deixam de parte a maioria dos jovens.

(…)

O mercado de arrendamento está hoje sob uma forte pressão, submetendo a maioria dos arrendatários a uma enorme vulnerabilidade.

(…)

O tema do controlo das rendas não é tabu, nem se alimenta de revanchismos contra a propriedade ou contra senhorios e que a sua implementação pode e deve ser bastante criteriosa.

(…)

Qualquer política séria de arrendamento não prescinde de um conhecimento profundo da atual estrutura do sector.

(…)

A habitação pública não se pode cingir aos segmentos mais carenciados, porque o problema é muito mais abrangente.

(…)

A fé na eficácia das parcerias público-privadas não se pode sobrepor, a todo o custo, ao interesse público.

(…)

Parece que o Governo também (ainda) não terá aprendido que não é recomendável assumir uma bandeira da extrema-direita para remasterizar a sua narrativa da crise da habitação.

(…)

Esperemos que o Governo aprenda rapidamente que o momento exige uma enorme responsabilidade a todas as instituições democráticas, a começar por si próprio.

Sandra Marques Pereira, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário