sábado, 27 de junho de 2020

CITAÇÕES


Os novos surtos, nomeadamente em Lisboa, não resultam de haver quem tenha transformado o desconfinamento numa espécie de farra ou da desacato individual aos conselhos da Direção-Geral de Saúde.
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Quem desrespeita [as normas] são as empresas de transporte e o Estado, que não garante as condições de segurança, de distanciamento e de proteção.

Por vezes é preciso fazer-se um retrato exagerado de uma realidade dura e persistentemente colocada na margem, para que as consciências dos acomodados despertem e o coletivo abandone a indiferença.
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Essas populações [de algumas periferias de Lisboa] estão sujeitas a penosas mobilidades diárias casa-trabalho-casa que acrescentam horas de incómodo aos horários de trabalho já de si longos, à vida em urbes degradadas onde não há condições para garantir os direitos fundamentais.
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Apanhadas no turbilhão da covid, parte significativa dessas populações teve de continuar a trabalhar.
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Sem diminuir a condenação de todos os descuidos e desrespeitos, há que dizer: o problema central é nunca termos estado todos no mesmo barco.

As imagens dos transportes na zona de Lisboa não deixam margens para equívocos: comboios, metro e autocarros lotados, apinhados de gente.
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Somam-se as dificuldades das vidas a quem o salário não compensa o trabalho fundamental que fazem para o país, que se traduzem em condições difíceis nas habitações, muitas vezes sobrelotadas.
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O desconfinamento foi somando equívocos com o passar dos dias.
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O que foi feito para responder à sobrelotação dos transportes ou às débeis condições habitacionais?
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Mais carreiras seria menos gente apinhada e isso o Governo podia e devia ter feito já há semanas.
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E o levantamento das carências habitacionais, já foi feito?
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Mais do que culpados para as falhas do Governo, precisamos de um Governo que não falhe neste momento fundamental.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

O desdém e o desconhecimento do poder central face a uma realidade que devia ser una e, no limite, de boa vizinhança, faz da regionalização uma urgência para manter o país solidário, justo e funcional.

O Orçamento Suplementar, que foi apresentado como o instrumento de investimento público para responder à pandemia, não sinaliza um só euro para financiar medidas compensatórias das aprendizagens perdidas pelo corte de um terço das aulas presenciais previstas, nem faz uma única referência à escola pública e às necessidades acrescidas do próximo ano lectivo.
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Sem escola física, que aproxima, não há educação. Com escola remota, que afasta, há desumanização.
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Durante o encerramento das escolas, uns alunos avançaram, outros não; se nada for feito de suplementar, quando todos se reagruparem, para que uns recuperem, outros terão de parar.
Santana Castilho, “Público” (sem link)

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