A nossa cultura e a nossa história são
deitas disto mesmo, de monumentos grandiosos e de momentos sinistros, de brilho
e de vergonha.
(…)
Este filme [“E tudo o vento levou”] é um
hino ao racismo e deve poder ser visto.
(…)
A cultura é o que somos, uma luta
permanente entre valores e, assim, permite a descoberta do humano, em tudo o
que tem de podre e de vibrante, de sujo e de belo.
(…)
A nossa vida não ficará protegida da
exposição ao racismo, à pedofilia, à violação da autodeterminação sexual, se a
barreira for a censura.
(…)
Devemos conhecer a cultura como ela é e
tem sido, e lê-la no seu tempo.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Dizia o ministro, subtilmente
contrariado pelo chefe do Governo, que quem paga [na TAP] deve mandar, mas
Bruxelas parece falar mais alto.
(…)
Quem lê o Expresso estará já a imaginar
para onde isto pode ir, para um novo Novo Banco, põe-se lá o cheque do Estado e
depois uma qualquer Lone Star vem cobrar.
(…)
A TAP está, assim, a tornar-se uma
armadilha política dentro do Governo e, com ele, para a economia nacional.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
[Nos EUA] para os [afrodescendentes] que
estão em baixo, sobreviver pode ser um abismo. O racismo é um sistema.
(…)
Em Portugal (…) conhecem-se incidentes, desigualdade
na habitação, diferenças nas carreiras profissionais, insultos em estádios de
futebol e a vida difícil para tantas pessoas.
(…)
[Em Portugal] não sabemos qual é o peso
da desigualdade no trabalho, na habitação, no sucesso escolar, na saúde.
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
O comboio da covid-19 só nos passa por
cima esmagando-nos se passarmos nós por cima dele esquecendo-o.
Pedro Santos Guerreiro,
“Expresso” (sem link)
[Em meados de maio], uma maioria esmagadora
[de professores] considerava que as desigualdades [entre os alunos] se agravara
(94%).
(…)
Numa sociedade que vem recuperando muito
lentamente, nos indicadores de abandono escolar precoce e em que persiste um
grande défice de qualificações, estes meses de ensino à distância deviam fazer
soar todos os alarmes.
(…)
Com o afastamento físico e simbólico da
escola pública, as desigualdades agravam-se e o país delapida um património de
conquistas recentes.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Algum alemão decente aceitaria que uma
única estátua de Hitler continuasse numa praça?
(…)
porque é que tudo o que está ligado ao Holocausto
só se tolera, e bem, como memorial e são aceitáveis monumentos que glorificam
escravocratas?
(…)
O primeiro engano deste debate é achar
que as estátuas contam a história.
(…)
Seja como for, só faz sentido derrubar
estátuas quando o conjunto da sociedade chega ao ponto de as considerar
insultuosas para a memória coletiva.
(…)
Aas estátuas não são sagradas, a
democracia sim.
Daniel Oliveira,
“Expresso” (sem link)
Todas as revoluções e combates
emancipatórios se erguem contra os símbolos dos regimes que pretendem derrubar
ou das formas de opressão que pretendem abolir.
(…)
A História, dos sumérios ao presente,
convive com estátuas erguidas, conservadas ou derrubadas.
(…)
O eco da decapitação, em fevereiro de
1975, da estátua de Salazar erguida em Santa Comba Dão, marcou entre nós o
desejo de um corte com o passado.
(…)
Na realidade, nos EUA, como por todo o
lado, o episódio de Minneapolis apenas funcionou como rastilho numa situação em
que políticas fundadas na manipulação da democracia, no autoritarismo e no
populismo apenas têm vindo a reforçar, ou a tornar mais visíveis, recorrentes
situações de injustiça e desigualdade.
(…)
O atual movimento de derrube das
estátuas relaciona-se ainda com situações de iniquidade e opressão,
determinadas por passados e leituras da História, das quais aqueles símbolos
são por vezes uma visível e afrontosa representação.
(…)
O ideal será sempre deslocalizar
estátuas e outros símbolos que sejam abertamente caducos e vexatórios,
colocando-os em museus e parques e associando-os ao estudo crítico da sua
origem e significado, como já tem sido feito.
A parca informação que
chega da Amazônia indica que o atendimento médico aos povos indígenas está próximo do colapso.
(…)
As populações indígenas,
sem acesso aos devidos cuidados de saúde e vítimas de invasão pelos criminosos
que sempre lucram com a destruição da floresta e dos povos, estão novamente
enfrentando o risco de genocídio.
(…)
Aos organismos
internacionais, missões e instituições humanitárias, lembramos que o apoio técnico
e político de órgãos multilaterais é imprescindível.
(…)
Pedimos apoio político
para a sobrevivência presente e futura da organização da vida social e das condições
necessárias à proteção de saúde e reprodução demográfica das etnias e povos.
Marcos Cólon, “Público” (sem link)
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