domingo, 21 de junho de 2020

MAIS CITAÇÕES (87)


Ao contrário do que escreveu Clausewitz, a guerra não é a continuação da política por outros meios, é mesmo a negação da política.

(…)
O consenso político que se formou em Portugal no primeiro momento da resposta à pandemia foi o que permitiu que essa resposta fosse desenhada e assumida com sentido de responsabilidade.
(…)
O pior que podíamos fazer a nós próprios seria aceitarmos esse unanimismo guerreiro como novo normal, um estado de emergência informal que tira o chão à política como tensão entre diferenças e arena de escolhas.
(…)
Os que beneficiam politicamente com o apagamento da política às mãos do espírito de união nacional fazem tudo para que estes temas de disputa não ocupem o centro do espaço público.
(…)
A quebra do consenso de excecionalidade e o regresso da política são indicadores de recuperação da saúde democrática.

Se o PS se lembrar da sua doutrina anterior, banal se considerarmos os poderes constitucionais, deveria passar um responso ao Governo pelo atual jogo de intimidação.
(…)
Percebe-se que o último processo orçamental foi um caos e que o Governo não o queira repetir.
(…)
A alternativa do Governo seria ameaçar uma batalha parlamentar sobre a admissibilidade de propostas, que facilmente perderá.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

O que levará uma revista tão ordeira e circunspecta como o “The Economist” a propor que algumas estátuas sejam retiradas dos seus pedestais por serem ofensivas da dignidade humana?
(…)
Não o fará certamente para incendiar os espíritos, mas por entender que se trata de uma questão presente.
(…)
[Cromwell] massacrou irlandeses sem piedade, mas faz parte da memória política do seu país; [Churchil] mandou gasear populações árabes, mas dirigiu o governo que fez frente a Hitler.
(…)
O Padre António Vieira, homem do seu século e que não concebeu um mundo que não tivesse escravos, mas não deixou de enfrentar a Inquisição e de proteger populações vítimas.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

Temos uma democracia que é um valor que só quem sabe o que é ditadura percebe qual é.
(…)
Quando se vê a geografia dos últimos surtos na região de Lisboa, percebe-se esse mapa social [do já cá estava antes].
(…)
O problema é que, mesmo quando podíamos pensar em aproveitar esta oportunidade para consertar ou melhorar alguma coisa do que está estragado, mais uma vez a ajuda europeia é ao lado.
(…)
Ninguém liga nenhuma ao facto de uma certa forma de ignorância agressiva estar a crescer, e a como isso se está a tornar um grave problema social, e político.
(…)
A dificuldade de separar a verdade da mentira, o crescimento das teorias conspirativas, as ideias contra a ciência, tudo isto está a ganhar terreno.
Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

A destruição ou a transformação de marcas do passado julgadas afrontosas é, pois, uma constante histórica, resultante de conflitos que determinam a ressignificação do passado.
(…)
As marcas do passado não podem ser deixadas ao arbítrio dos conflitos e da luta social, pois se assim fosse ele chegar-nos-ia como amontoado de ruínas.
(…)
[Sobre o passado] estudá-lo e debatê-lo, colocá-lo em perspetiva, perceber que o que num contexto é justo noutro pode ser crime, é o caminho mais racional.
(…)
Todavia, em circunstâncias de luta social aguda, a destruição catártica dos símbolos julgados negativos, ainda que nem sempre justa e plenamente informada, ou mesmo reprovável, é por vezes inevitável.
Rui Bebiano, “Público” (sem link)

Quanto vai custar a pandemia ao sistema bancário?
(…)
[Já esteve pior mas atualmente] 6% do crédito bancário em Portugal não estão a ser pagos nem provavelmente vão sê-lo.
(…)
A verdade é que não é só o Novo Banco que pode precisar de mais capital.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

Qual é o argumento formal que vai proteger o BdP das ambições de um ministro das Finanças desqualificado ou como é que protegemos a instituição da captura política?
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

Uma das maneiras mais perversas de uma democracia dar cabo de si mesma é obrigar constantemente a cidadania a indignar-se e a lutar pelo básico.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

Confirmou-se [esta semana] que entidades sediadas ou com filiais em paraísos fiscais fora da UE podem concorrer sem qualquer restrição aos apoios extraordinários do Governo.
(…)
Fogem a pagar os impostos cá, mas têm direito a usar os impostos dos de cá. Com prioridade sobre muitos cidadãos desesperados.
(…)
Nem sei porque raio cobramos impostos às grandes empresas. Os contribuintes deviam subsidiá-las por nos fazerem o favor de contratar alguém. Assistimos a um assalto ao Estado.
(…)
Tendo os contribuintes como fiadores, os bancos cobram por riscos que não correm.
(…)
Não havendo qualquer entrave externo a uma medida que foi adotada por outros países, só não se combate esta forma de fuga ao fisco porque não se quer.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

Sem comentários:

Enviar um comentário