Ao contrário do que escreveu Clausewitz,
a guerra não é a continuação da política por outros meios, é mesmo a negação da
política.
(…)
O consenso político que se formou em
Portugal no primeiro momento da resposta à pandemia foi o que permitiu que essa
resposta fosse desenhada e assumida com sentido de responsabilidade.
(…)
O pior que podíamos fazer a nós próprios
seria aceitarmos esse unanimismo guerreiro como novo normal, um estado de
emergência informal que tira o chão à política como tensão entre diferenças e
arena de escolhas.
(…)
Os que beneficiam politicamente com o
apagamento da política às mãos do espírito de união nacional fazem tudo para
que estes temas de disputa não ocupem o centro do espaço público.
(…)
A quebra do consenso de excecionalidade
e o regresso da política são indicadores de recuperação da saúde democrática.
Se o PS se lembrar da sua
doutrina anterior, banal se considerarmos os poderes constitucionais, deveria
passar um responso ao Governo pelo atual jogo de intimidação.
(…)
Percebe-se que o último
processo orçamental foi um caos e que o Governo não o queira repetir.
(…)
A alternativa do Governo
seria ameaçar uma batalha parlamentar sobre a admissibilidade de propostas, que
facilmente perderá.
Francisco
Louçã, “Expresso” Economia (sem
link)
O que levará uma revista
tão ordeira e circunspecta como o “The Economist” a propor que algumas estátuas
sejam retiradas dos seus pedestais por serem ofensivas da dignidade humana?
(…)
Não o fará certamente para
incendiar os espíritos, mas por entender que se trata de uma questão presente.
(…)
[Cromwell] massacrou
irlandeses sem piedade, mas faz parte da memória política do seu país;
[Churchil] mandou gasear populações árabes, mas dirigiu o governo que fez
frente a Hitler.
(…)
O Padre António Vieira,
homem do seu século e que não concebeu um mundo que não tivesse escravos, mas
não deixou de enfrentar a Inquisição e de proteger populações vítimas.
Francisco
Louçã, “Expresso” Economia (sem
link)
Temos uma democracia que é
um valor que só quem sabe o que é ditadura percebe qual é.
(…)
Quando se vê a geografia
dos últimos surtos na região de Lisboa, percebe-se esse mapa social [do já cá
estava antes].
(…)
O problema é que, mesmo
quando podíamos pensar em aproveitar esta oportunidade para consertar ou
melhorar alguma coisa do que está estragado, mais uma vez a ajuda europeia é ao
lado.
(…)
Ninguém liga nenhuma ao
facto de uma certa forma de ignorância agressiva estar a crescer, e a como
isso se está a tornar um grave problema social, e político.
(…)
A dificuldade de separar a
verdade da mentira, o crescimento das teorias conspirativas, as ideias contra a
ciência, tudo isto está a ganhar terreno.
Pacheco
Pereira, “Público” (sem
link)
A destruição ou a
transformação de marcas do passado julgadas afrontosas é, pois, uma constante
histórica, resultante de conflitos que determinam a ressignificação do passado.
(…)
As marcas do passado não
podem ser deixadas ao arbítrio dos conflitos e da luta social, pois se assim
fosse ele chegar-nos-ia como amontoado de ruínas.
(…)
[Sobre o passado] estudá-lo
e debatê-lo, colocá-lo em perspetiva, perceber que o que num contexto é justo
noutro pode ser crime, é o caminho mais racional.
(…)
Todavia, em circunstâncias
de luta social aguda, a destruição catártica dos símbolos julgados negativos,
ainda que nem sempre justa e plenamente informada, ou mesmo reprovável, é por
vezes inevitável.
Rui
Bebiano, “Público” (sem
link)
Quanto vai custar a pandemia ao sistema
bancário?
(…)
[Já esteve pior mas atualmente] 6% do
crédito bancário em Portugal não estão a ser pagos nem provavelmente vão sê-lo.
(…)
A verdade é que não é só o Novo Banco
que pode precisar de mais capital.
Pedro Santos
Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Qual é o argumento formal que vai
proteger o BdP das ambições de um ministro das Finanças desqualificado ou como
é que protegemos a instituição da captura política?
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Uma das maneiras mais perversas de uma
democracia dar cabo de si mesma é obrigar constantemente a cidadania a
indignar-se e a lutar pelo básico.
Luísa Schmidt, “Expresso”
(sem link)
Confirmou-se [esta semana] que entidades
sediadas ou com filiais em paraísos fiscais fora da UE podem concorrer sem
qualquer restrição aos apoios extraordinários do Governo.
(…)
Fogem a pagar os impostos cá, mas têm
direito a usar os impostos dos de cá. Com prioridade sobre muitos cidadãos
desesperados.
(…)
Nem sei porque raio cobramos impostos às
grandes empresas. Os contribuintes deviam subsidiá-las por nos fazerem o favor
de contratar alguém. Assistimos a um assalto ao Estado.
(…)
Tendo os contribuintes como fiadores, os
bancos cobram por riscos que não correm.
(…)
Não havendo qualquer entrave externo a
uma medida que foi adotada por outros países, só não se combate esta forma de
fuga ao fisco porque não se quer.
Daniel
Oliveira, “Expresso” (sem link)
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