terça-feira, 9 de junho de 2020

RACISMO: O IMPENSÁVEL AINDA ACONTECE


Numa altura em que, como que acometido de um ataque de “chegadismo”, Rui Rio afirma que não há racismo em Portugal, Francisco Louçã aborda hoje este tema no “Expresso” Diário através de números significativos sobre a situação dos afroamericanos dos Estados Unidos.
No país que se autointitula campeão da defesa dos direitos humanos a nível mundial, é significativo o que lá se passa em relação às desigualdades raciais. Nada de novo no que diz respeito ao que já muito foi dito, mas apenas um realçar e um avivar da memória para muitos. As manifestações que eclodiram com o assassinato de George Floyd não nasceram do nada antes pelo contrário, têm uma raiz muito profunda.
À beira da terceira década do século XXI, é impensável que o tema racismo ainda tenha de estar tão presente na realidade do mundo ocidental. No entanto, pelo que continuamos a observar, ainda não se vislumbra o momento em que este problema vai passar a pertence ao passado.
Tenhamos, pois, em atenção alguns dados significativos que Louçã nos deixa:
- Um jovem negro do Alabama ou do Mississippi, ou de outros Estados do sul, tem menor esperança de vida que um jovem do Bangladesh.
- [Nestes dois Estados, Alabama e Mississippi] a percentagem da população negra sem qualquer proteção de saúde é o dobro da branca.
- No conjunto do país [EUA] uma mulher negra tem uma probabilidade duas vezes e meia maior de morrer no parto do que uma mulher branca.
- Na atual pandemia, a taxa de mortalidade das pessoas afrodescendentes é 2,6 vezes maior do que a do resto da população.
- No emprego, mais um problema: nem metade da população negra tem trabalho.
- Em Minneapolis, onde foi assassinado George Floyd, o rendimento das famílias negras é metade do das brancas. E são as pessoas negras que asseguram alguns dos serviços essenciais.
De qualquer maneira, há dados que demonstram alterações com algum significado como a que se refere à percentagem dos afrodescendentes pobres que passou de 47% em 1970 para 27% na atualidade. Uma descida de 20% em 50 anos… “Ainda assim trata-se do triplo da média da população branca”.

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