Numa altura em que, como que
acometido de um ataque de “chegadismo”, Rui Rio afirma que não há racismo em
Portugal, Francisco Louçã aborda hoje este tema no “Expresso” Diário através de
números significativos sobre a situação dos afroamericanos dos Estados Unidos.
No país que se autointitula
campeão da defesa dos direitos humanos a nível mundial, é significativo o que
lá se passa em relação às desigualdades raciais. Nada de novo no que diz
respeito ao que já muito foi dito, mas apenas um realçar e um avivar da memória
para muitos. As manifestações que eclodiram com o assassinato de George Floyd
não nasceram do nada antes pelo contrário, têm uma raiz muito profunda.
À beira da terceira década do
século XXI, é impensável que o tema racismo ainda tenha de estar tão presente na
realidade do mundo ocidental. No entanto, pelo que continuamos a observar,
ainda não se vislumbra o momento em que este problema vai passar a pertence ao
passado.
Tenhamos, pois, em atenção alguns dados significativos
que Louçã nos deixa:
- Um jovem negro do Alabama ou do
Mississippi, ou de outros Estados do sul, tem menor esperança de vida que um
jovem do Bangladesh.
- [Nestes dois Estados, Alabama e
Mississippi] a percentagem da população negra sem qualquer proteção de saúde é
o dobro da branca.
- No conjunto do país [EUA] uma mulher
negra tem uma probabilidade duas vezes e meia maior de morrer no parto do que
uma mulher branca.
- Na atual pandemia, a taxa de
mortalidade das pessoas afrodescendentes é 2,6 vezes maior do que a do resto da
população.
- No emprego, mais um problema: nem
metade da população negra tem trabalho.
- Em Minneapolis, onde foi assassinado
George Floyd, o rendimento das famílias negras é metade do das brancas. E são
as pessoas negras que asseguram alguns dos serviços essenciais.
De
qualquer maneira, há dados que demonstram alterações com algum significado como
a que se refere à percentagem dos afrodescendentes pobres que passou de 47% em
1970 para 27% na atualidade. Uma descida de 20% em 50 anos… “Ainda assim
trata-se do triplo da média da população branca”.
Sem comentários:
Enviar um comentário