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Dadas as condições económicas, que se prolongarão arrasando os
planos da empresa, este é, sem dúvida, um dos dossiês mais difíceis do Governo.
(…)
A opinião pública desconfia do financiamento da TAP e os salários
de alguns dos seus comandantes criarão espanto.
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À medida que se conhecem alguns detalhes do plano, (…), vai-se
percebendo que estas conversações (com os sindicatos) falharam.
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Das 12 companhias aéreas que passaram por este programa europeu [determinado
por Bruxelas] só uma sobreviveu.
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Primeiro cenário: encantado com o exemplo de três mil
despedimentos e rescisões, mais cortes de salários, o PSD apoia a solução, que
apresenta como a norma desempregatícia que garante o deslumbrante futuro de
Portugal.
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No fim do jogo, como no futebol, é sempre a Lufthansa que ganha.
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Segundo cenário: o Governo não consegue o apoio de nenhum partido
e recorre ao argumento do tudo ou nada.
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Se, uma semana depois, o caminho aberto para que “muitos outros
(problemas) não fiquem sem resposta” é um despedimento massivo, corte de
salários e o princípio do fim da TAP, tratar-se-ia de uma armadilha [para o
PCP].
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A TAP estava mal antes, a pandemia foi o golpe fatal.
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Com a falência (…) perder-se-ia o hub, o que afetaria o tráfego
que passa por Portugal e teria efeitos duradouros na nossa principal atividade
exportadora.
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Mas salvar a TAP tem custos. Um custo financeiro que durará nos
próximos anos, até a atividade aeroportuária normalizar e a companhia ser
reestruturada.
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E o seu emagrecimento para se adaptar à crise, mas mantendo uma
dimensão que segure o hub, tem um custo social.
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Um emagrecimento que mantém a empresa, com a redução de 108 para
88 aeronaves, acima das 75 que existiam em 2015, antes da privatização.
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Um primeiro-ministro empenhar-se em humilhar ministros, num
assunto que envolve tantos milhões, não é muito saudável para o país.
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Salvar a TAP tem custos financeiros, sociais e políticos que não
era absurdo que fossem assumidos por quem o defendeu.
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Não deixa de ser estranho que os mesmos que exigiram
responsabilidade quando se falou do sistema financeiro desprezem os efeitos
sistémicos da falência de empresas estratégicas para as nossas exportações.
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A esquerda não quer ficar ligada a um dos maiores despedimentos
coletivos da última década, sabendo que um futuro Governo pode acabar a vender
a TAP a uma Lufthansa.
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[O
problema] É o primeiro-ministro ter decidido, há um
ano, não negociar uma maioria estável, preferindo alianças de geometria
variável.
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Uma coisa é quem não está no Governo tomar decisões difíceis num
rumo em que participa. Outra, é ser responsabilizado pelas dificuldades mas ignorado
quando se discutem formas de as evitar ou compensar.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Só é preciso responder a uma pergunta: sem a TAP, Portugal terá o
mesmo turismo do que com ela?
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Na política, o fácil é reconhecer a ruína e o rápido é mandar a
TAP às urtigas.
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Pois, só que sem hub de Lisboa ficamos sujeitos às modas
turísticas e aos voos de escala.
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E já agora: quem vai gerir a TAP, que tem um presidente executivo
transitório e um Conselho de Administração em fim de mandato?
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Politicamente, estes cortes de pessoal e de salários seriam
impossíveis numa empresa pública.
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Irá a Comissão Europeia aprovar? Terá coragem de liquidar a TAP
precisamente quando a presidência da UE estará em Lisboa?
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O que salvou milhares de portugueses da crise foi o turismo, o
mesmo que, agora diminuto, os deixa em aflição.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
A pandemia provocou uma tempestade perfeita, em que se combina
crise sanitária com devastação económica e social, que acabará por se traduzir
em instabilidade política.
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Ninguém sabe como e quando é que as companhias aéreas vão
recuperar.
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Só entre março e outubro, a TAP teve uma quebra de 84% no número
de passageiros.
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Uma coisa é o plano de reestruturação, outra é uma discussão sobre
que companhia teremos após a pandemia.
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Os custos diretos e indiretos de uma falência da TAP seriam
difíceis de gerir.
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O efeito de arrastamento junto de todas as empresas que fornecem
serviços à TAP seria significativo.
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Uma TAP mais pequena e com uma operação limitada pode bem
tornar-se, a médio prazo, mais cara para o contribuinte.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Escrevi que o Partido Republicano de Trump se
tinha tornado num estendal repugnante de sicofantas pelas benesses do poder e
de covardes.
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Escrevi que Trump não era democrata, era
autocrático e autoritário, desprezava a lei e a Constituição, era capaz de tudo
para se servir a si próprio, tendo cometido ilegalidades a seguir a ilegalidades.
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Houve quem achasse que era apenas “política”
de novo tipo e uma excepcional demonstração de inteligência de um génio da
economia e da negociação.
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Na verdade, por muito que dissesse, estava
bastante abaixo do que aconteceu e do que acontece.
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Trump tentou sabotar os correios colocando lá
um servo que começou a desmantelar as máquinas de distribuição e a dificultar a
chegada a tempo dos votos.
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E depois fez aquilo que durante toda a vida
fez como empreiteiro: litigar,
litigar, litigar.
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E depois continuar a radicalizar com
insultos e ameaças a todos, mesmo republicanos, que não aceitavam que ele tinha
“ganho as eleições e por muitos”.
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Trump quer uma guerra civil e faz tudo para a
ter.
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Se o que se passa hoje nos EUA fosse no
Burkina Faso, já a ONU, as organizações de defesa da democracia e dos direitos
humanos, o Conselho da Europa estariam a aprovar resoluções denunciando a
tentativa de golpe de Estado do candidato perdedor.
Pacheco Pereira, “Público”
(sem link)
Aquilo em que vou insistir, a partir deste
exemplo [do que escreve José Rodrigues dos Santos], é no perigo que representa
a manifestação da ignorância, em regra acompanhada pela manipulação da
ignorância dos outros, por parte de pessoas que detêm um lugar de
reconhecimento público.
(…)
[Assiste-se a] uma dimensão de destaque social
conferida a determinados protagonistas, sejam estes escritores, políticos,
pregadores, atores, cantores ou desportistas, que ultrapassa em muito as suas
reais capacidades e facilmente, como diz a conhecida frase, «lhes sobe à
cabeça».
(…)
O provérbio «a ignorância é atrevida» tem em
parte esta origem: a capacidade de, por desconhecimento dos terrenos que pisa,
mas um ego desproporcionado, alguém fazer afirmações que estão muito para além
do razoável.
Rui Bebiano, “Diário as beiras”
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