domingo, 13 de dezembro de 2020

MAIS CITAÇÕES (110)

 
Em 2015 foi a desastrosa privatização [da TAP], com a entrada de Neeleman.

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Dadas as condições económicas, que se prolongarão arrasando os planos da empresa, este é, sem dúvida, um dos dossiês mais difíceis do Governo.

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A opinião pública desconfia do financiamento da TAP e os salários de alguns dos seus comandantes criarão espanto.

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À medida que se conhecem alguns detalhes do plano, (…), vai-se percebendo que estas conversações (com os sindicatos) falharam.

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Das 12 companhias aéreas que passaram por este programa europeu [determinado por Bruxelas] só uma sobreviveu.

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Primeiro cenário: encantado com o exemplo de três mil despedimentos e rescisões, mais cortes de salários, o PSD apoia a solução, que apresenta como a norma desempregatícia que garante o deslumbrante futuro de Portugal.

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No fim do jogo, como no futebol, é sempre a Lufthansa que ganha. 

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Segundo cenário: o Governo não consegue o apoio de nenhum partido e recorre ao argumento do tudo ou nada. 

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Se, uma semana depois, o caminho aberto para que “muitos outros (problemas) não fiquem sem resposta” é um despedimento massivo, corte de salários e o princípio do fim da TAP, tratar-se-ia de uma armadilha [para o PCP].

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

A TAP estava mal antes, a pandemia foi o golpe fatal.

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Com a falência (…) perder-se-ia o hub, o que afetaria o tráfego que passa por Portugal e teria efeitos duradouros na nossa principal atividade exportadora. 

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Mas salvar a TAP tem custos. Um custo financeiro que durará nos próximos anos, até a atividade aeroportuária normalizar e a companhia ser reestruturada. 

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E o seu emagrecimento para se adaptar à crise, mas mantendo uma dimensão que segure o hub, tem um custo social.

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Um emagrecimento que mantém a empresa, com a redução de 108 para 88 aeronaves, acima das 75 que existiam em 2015, antes da privatização.

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Um primeiro-ministro empenhar-se em humilhar ministros, num assunto que envolve tantos milhões, não é muito saudável para o país.

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Salvar a TAP tem custos financeiros, sociais e políticos que não era absurdo que fossem assumidos por quem o defendeu.

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Não deixa de ser estranho que os mesmos que exigiram responsabilidade quando se falou do sistema financeiro desprezem os efeitos sistémicos da falência de empresas estratégicas para as nossas exportações. 

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A esquerda não quer ficar ligada a um dos maiores despedimentos coletivos da última década, sabendo que um futuro Governo pode acabar a vender a TAP a uma Lufthansa. 

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[O problema] É o primeiro-ministro ter decidido, há um ano, não negociar uma maioria estável, preferindo alianças de geometria variável. 

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Uma coisa é quem não está no Governo tomar decisões difíceis num rumo em que participa. Outra, é ser responsabilizado pelas dificuldades mas ignorado quando se discutem formas de as evitar ou compensar.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Só é preciso responder a uma pergunta: sem a TAP, Portugal terá o mesmo turismo do que com ela?

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Na política, o fácil é reconhecer a ruína e o rápido é mandar a TAP às urtigas.

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Pois, só que sem hub de Lisboa ficamos sujeitos às modas turísticas e aos voos de escala.

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E já agora: quem vai gerir a TAP, que tem um presidente executivo transitório e um Conselho de Administração em fim de mandato?

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Politicamente, estes cortes de pessoal e de salários seriam impossíveis numa empresa pública. 

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Irá a Comissão Europeia aprovar? Terá coragem de liquidar a TAP precisamente quando a presidência da UE estará em Lisboa?

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O que salvou milhares de portugueses da crise foi o turismo, o mesmo que, agora diminuto, os deixa em aflição. 

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

A pandemia provocou uma tempestade perfeita, em que se combina crise sanitária com devastação económica e social, que acabará por se traduzir em instabilidade política. 

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Ninguém sabe como e quando é que as companhias aéreas vão recuperar.

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Só entre março e outubro, a TAP teve uma quebra de 84% no número de passageiros.

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Uma coisa é o plano de reestruturação, outra é uma discussão sobre que companhia teremos após a pandemia.

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Os custos diretos e indiretos de uma falência da TAP seriam difíceis de gerir.

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O efeito de arrastamento junto de todas as empresas que fornecem serviços à TAP seria significativo.

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Uma TAP mais pequena e com uma operação limitada pode bem tornar-se, a médio prazo, mais cara para o contribuinte.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

Escrevi que o Partido Republicano de Trump se tinha tornado num estendal repugnante de sicofantas pelas benesses do poder e de covardes.

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Escrevi que Trump não era democrata, era autocrático e autoritário, desprezava a lei e a Constituição, era capaz de tudo para se servir a si próprio, tendo cometido ilegalidades a seguir a ilegalidades.

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Houve quem achasse que era apenas “política” de novo tipo e uma excepcional demonstração de inteligência de um génio da economia e da negociação. 

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Na verdade, por muito que dissesse, estava bastante abaixo do que aconteceu e do que acontece.

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Trump tentou sabotar os correios colocando lá um servo que começou a desmantelar as máquinas de distribuição e a dificultar a chegada a tempo dos votos.

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E depois fez aquilo que durante toda a vida fez como empreiteiro: litigar, litigar, litigar.

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E depois continuar a radicalizar com insultos e ameaças a todos, mesmo republicanos, que não aceitavam que ele tinha “ganho as eleições e por muitos”.

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Trump quer uma guerra civil e faz tudo para a ter.

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Se o que se passa hoje nos EUA fosse no Burkina Faso, já a ONU, as organizações de defesa da democracia e dos direitos humanos, o Conselho da Europa estariam a aprovar resoluções denunciando a tentativa de golpe de Estado do candidato perdedor.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

 

Aquilo em que vou insistir, a partir deste exemplo [do que escreve José Rodrigues dos Santos], é no perigo que representa a manifestação da ignorância, em regra acompanhada pela manipulação da ignorância dos outros, por parte de pessoas que detêm um lugar de reconhecimento público.

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[Assiste-se a] uma dimensão de destaque social conferida a determinados protagonistas, sejam estes escritores, políticos, pregadores, atores, cantores ou desportistas, que ultrapassa em muito as suas reais capacidades e facilmente, como diz a conhecida frase, «lhes sobe à cabeça».

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O provérbio «a ignorância é atrevida» tem em parte esta origem: a capacidade de, por desconhecimento dos terrenos que pisa, mas um ego desproporcionado, alguém fazer afirmações que estão muito para além do razoável.

Rui Bebiano, “Diário as beiras”


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