(…)
Se já conseguimos vislumbrar o fim da pandemia,
bem mais duradoura será a luta contra a crise económica e social.
(…)
A “bazuca” europeia demorará meses a chegar aos
países.
(…)
Nas medidas de resposta à crise, o Governo tem
chegado tarde e com pouco músculo.
(…)
Nas próximas semanas ficará demonstrado que,
mesmo com uma profundíssima crise económica, o Governo tem apertado os cordões
à bolsa.
(…)
Os dados da execução orçamental assim o estão a
demonstrar e, fechadas as contas de 2020, veremos que o défice ficará abaixo
das previsões.
(…)
O Governo subestima os efeitos económicos e
sociais da crise e, por isso, não apoiou as pessoas e a economia como devia,
nem investiu o necessário nos serviços públicos.
(…)
É fundamental recuperar o emprego e garantir
uma economia digna, o que só será possível com um investimento público forte e
decidido.
(…)
Vejamos o exemplo do Serviço Nacional de Saúde
e as fragilidades que enfrenta por o Governo regatear investimentos.
(…)
A instabilidade laboral é uma ferida aberta na
nossa economia.
(…)
O investimento público, seja nacional ou
comunitário, deve garantir estabilidade e combater desigualdades.
(…)
A emergência
climática já fez disparar todos os alarmes,
não podemos protelar as respostas.
(…)
A recuperação económica também deve ser uma
resposta à crise climática, não podemos deixar as preocupações ambientais para
trás.
(…)
A reação da União Europeia a estas emergências
tem sido parca, ou mesmo má.
(…)
Apesar de propagandear preocupações ambientais,
quando chega a hora da verdade não consegue virar a página das energias fósseis.
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Aproveitar a presidência da União Europeia para
fazer diferente, exigir mais responsabilidade e colocar na agenda os valores que
nos garantam a prosperidade desejada.
Pedro Filipe Soares,
“Público” (sem
link)
A deflação tornou-se o
fantasma que ameaça as economias mais ricas do planeta e nenhuma sabe como deve
ser enfrentada ou, menos ainda, como pode ser vencida.
(…)
O Japão não soube o que
fazer: nem injeções de liquidez, nem reduções de impostos, nem discursos
inflamados conseguiram mudar a tendência [da deflação].
(…)
A deflação pode ser uma
armadilha prolongada.
(…)
Alguns economistas otimistas
apontam que a deflação é o efeito da queda duradoura dos preços do petróleo.
(…)
Em todo o caso, nem o preço
do petróleo é hoje determinante da média da inflação nem este fator se alterará
a curto prazo.
(…)
A deflação parece estar mais
diretamente relacionada com a queda estrutural da procura agregada e com o mar
de liquidez que abunda nas economias desenvolvidas.
(…)
A deflação alimenta-se de
quatro processos perigosos. O primeiro é o adiamento de decisões de consumo
(…) o segundo é o aumento do peso das dívidas (…) O terceiro é que, (…)
as empresas reduzem o investimento e o emprego.
(…)
É a quarta consequência que
é a mais perigosa. A redução duradoura dos juros distorce a aplicação das
poupanças, ao promover a busca do risco (…), deslocando os capitais para o
mercado financeiro.
(…)
Assim, o preço das ações e
de outros títulos dispara, como se verifica neste paradoxo de termos a maior
recessão de 80 anos e os recordes históricos das bolsas de valores.
(…)
Os beneficiários desta economia
vudu são os detentores de títulos financeiros, que enriquecem como Midas.
(…)
A deflação e o delírio
financeiro estão para durar. Não são boas notícias.
Francisco
Louçã, “Expresso” Economia (sem
link)
Ao longo deste ano perdemos
médicos no SNS, além de faltarem milhares de enfermeiros e outros técnicos de
saúde.
(…)
A idade média dos médicos de
saúde familiar é de 59 anos e nos próximos três anos devem reformar-se cerca de
1300, além de outros 1500 especialistas hospitalares.
(…)
Os concursos deste ano para
novos lugares de especialista sublinharam o défice.
(…)
O corporativismo da Ordem
bloqueia a criação de quadros alargados para as especialidades e o sector
privado vai buscar muitos especialistas ao SNS.
(…)
Ora, a falta de resposta a
este problema foi o principal erro do Governo em 2020.
(…)
Assim, a misteriosa razão
pela qual defensores do SNS se recusam terminantemente a salvar essa prioridade
democrática é o mais ameaçador túnel que atravessamos.
Francisco
Louçã, “Expresso” Economia (sem
link)
As causas dos graves problemas do país [que
vieram à tona no tempo do Governo PSD/CDS] não tinham afinal resultado de
gastos excessivos do povo, mas sim de negócios ruinosos e roubos feitos por
banqueiros e grandes senhores "investidores".
(…)
Resultaram ainda da perda de instrumentos
de política vitais para o desenvolvimento.
(…)
As políticas adotadas após 2015 atenuaram
sacrifícios e produziram pequenas reparações, mas não mudaram estruturalmente o
rumo.
(…)
A banca revelou-se como o grande sorvedouro
da riqueza nacional que, sem controlo público, continua por estancar.
(…)
Está em marcha a tentativa de um
"retorno à normalidade" que dê por adquirido, quer as desigualdades e
injustiças que esta crise aprofundou e tende a agravar, quer a inevitabilidade
de os portugueses aceitarem o modelo e práticas que nos conduziram aqui.
(…)
[Os portugueses estão a ser levados a acreditar
que] a invocação das incertezas, a ideia de que a pandemia, ao "atingir
todos", é a causa da redução de salários e do desemprego que se perspetiva
(muito dele oportunista), para servir os negócios que aí vêm.
(…)
Neste quadro, precisamos de políticas que
estanquem os sorvedouros, de mais economia e menos negócios de oportunidade, de
políticas que priorizem o objetivo de servir os seres humanos.
[O campo da cultura] é um campo
totalmente minado pela desprotecção ao sabor da incúria dos diversos poderes
políticos que, durante a pandemia, atirou milhares de pessoas e famílias para
os limites da sobrevivência e da caridade.
(…)
Se olharmos para este dia 1 como uma
espécie de início de um ano zero que nos permita apenas respirar, acabaremos
rapidamente sufocados em arrependimento no próximo e inevitável sufoco.
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