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Com 916 mil euros de salário
médio anual, os CEO das empresas do PSI-20 ganham cerca de 30 vezes mais, em
média, do que os trabalhadores da sua empresa.
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Num ano, os salários do topo
cresceram 20%, os dos trabalhadores 1,5%.
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Pedro Soares dos Santos, dono do
Pingo Doce, ganha 167 vezes o salário médio de um trabalhador do grupo.
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A agitação do RSI como
instrumento de campanha, baseada em equívocos e mentiras, não vem de hoje, mas
voltou a estar na moda nestas presidenciais.
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A despesa com o RSI no Orçamento
da Segurança Social é totalmente residual: apenas 1,27%.
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As 210.490 pessoas que, em
novembro de 2020, eram beneficiárias do RSI recebiam um valor médio muitíssimo
baixo: 119€ por mês.
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Quem recebe o RSI vê a severidade
da pobreza ligeiramente atenuada, mas permanece na pobreza.
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O PSD aceitou caucionar a absurda
exigência do Chega de “diminuir para metade os beneficiários do RSI”,
inscrevendo esse compromisso no acordo de governo nos Açores, sem que se
perceba como seria isso possível, ou com que critério.
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Esta frase, [não podem viver à custa dos outros] atirada muitas
vezes contra os pobres, cairia que nem uma luva numa empresa como a Jerónimo
Martins: o que dizer de uma realidade em que um gestor ganha 160 vezes o
salário médio de um trabalhador?
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Não basta dizer que as pessoas devem ter um emprego, é preciso
que esses postos de trabalho existam e que estejam disponíveis.
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A lei do RSI, de resto, já prevê, nos contratos de inserção, que
sempre que haja uma oferta de emprego conveniente o beneficiário tem de aceitar.
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As batalhas políticas travam-se também nas lutas simbólicas e
nas disputas pelo entendimento da realidade.
José Soeiro, “Expresso” Diário
[André Ventura ganhou peso político] por ser tão telegénico como um reality show grotesco.
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Só há uma arma contra Ventura: a democracia.
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Ventura não pode estar dispensado das normas de civilidade, do
escrutínio mediático e do cumprimento de regras.
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Parem de relativizar: esta gente [fanáticos de extrema-direita] é
mesmo perigosa.
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Na história da democracia, não faltaram políticos desprovidos de
convicções, dispostos a libertar todos os ódios — incluindo os que não sentem —
com o exclusivo propósito de alimentar a sua ambição ou vaidade.
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Não podemos ignorar [Ventura], mas podemos travá-lo. Enfrentando-o
sem medo.
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Só se vence Ventura não deixando que seja alguém que não acredita
em coisa alguma a impor à direita aquilo em que ela deve acreditar.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Sem campanha de rua, os debates televisivos ganharam importância e
audiência.
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O líder do Chega, surpreendentemente, está a perder debates, o que
não dissuade os seus fanáticos mas pode não persuadir novos votantes.
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Ter medo dele [Chega] é ceder e ser condicionado.
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A colheita da extrema-direita é feita entre os desiludidos do
sistema, pelo que o corpo que ele parasita é o próprio sistema adoecido.
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André Ventura, que é mais de oportunismos do que de convicções, é
o populista competente que grita.
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O que tem faltado na campanha é a mudança dentro do sistema.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
O episódio do procurador europeu dá conta de que chegámos à fase
em que a governação começa a ser afetada por casos, trapalhadas e
aproveitamentos.
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Quando se entrelaça com as sombrias dinâmicas intestinas das
corporações da Justiça, a política sai invariavelmente fragilizada.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
O que o Chega pode ter conseguido é a mutação deste apego à
portugalidade em xenofobia pura e simples — algo de paradoxal num país
consistentemente no topo da tabela nas avaliações internacionais em matéria de
integração de imigrantes.
Eugénia Galvão Teles, “Expresso” (sem link)
Portugal assume a presidência da União Europeia num
momento de definições fundamentais que afectam as rotinas políticas e sociais
dos tempos ditos normais.
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A UE sai da crise pandémica com cerca de
9% de quebra do PIB. O risco da pobreza aumentou, mas é muito desigual entre os
países da União.
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A pandemia veio mostrar a falência do
neoliberalismo e da prioridade dada à mercantilização da vida social.
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O Estado democrático social é, por agora, a
única alternativa à barbárie da economia de morte que pretende transformar a
letalidade da pandemia numa forma de darwinismo social que resolva os problemas
da segurança social.
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Os serviços nacionais de saúde precisam de recuperar a sua centralidade, o
que não se consegue com o mero reforço emergencial.
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Apesar de ter financiado em quase mil milhões
de euros a investigação para a produção das vacinas, a UE está a comprá-las a
um alto preço, talvez o negócio do século para as empresas privadas que as
produzem.
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E não podemos esquecer que entre os dez países
com mais milionários três são da UE (Alemanha, França, Itália) e que na
Alemanha 12% do aumento da sua riqueza dos super-ricos deu-se na área da saúde.
Boaventura Sousa Santos, “Público” (sem link)
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