Os
dados mostram que nunca houve nenhum problema logístico no plano de vacinação.
(…)
Quando
há vacinas, a administração é feita rapidamente, a uma velocidade superior à de
muitos países europeus.
(…)
Agora
parece consensual entre as autoridades nacionais, o que temos entre mãos é um
problema de produção das farmacêuticas e não um problema logístico do nosso
Estado.
(…)
Mas
quem nos pôs, enquanto comunidade, na mão das farmacêuticas?
(…)
Foi a
própria Organização Mundial de Saúde, não esqueçamos, quem há um ano fez o
apelo para que tornassem públicas as patentes.
(…)
Ora, o
que pensa disto o atual Presidente do Conselho de Ministros da União Europeia,
que por acaso é António Costa? Aparentemente, nada.
(…)
Mas
não estará ao nosso alcance intervir na questão da produção? Restar-nos-ia,
então, cruzar os braços e deixar o problema às farmacêuticas?
(…)
A
Comissão Europeia fez declarações indignadas, mas o aceno de litigância não
comoveu as empresas.
(…)
Apesar
de o desenvolvimento das vacinas só ter sido possível com uma quantidade
colossal de financiamento público (…), estamos agora nas mãos das farmacêuticas
e da sua produção a conta-gotas.
(…)
Em
Portugal, estávamos a contar com 4,4 milhões de doses até ao final do primeiro
trimestre, e vamos receber menos de metade, ou seja, 1.980 mil doses.
(…)
O
impacto no plano de imunização é brutal, com os custos em termos de infetados e
de vidas que poderiam, certamente, ser poupadas.
(…)
Mas o
que dizer desta situação em que a capacidade produtiva instalada no mundo não
está a ser utilizada, pela simples razão de que permitimos submeter-nos ao
despotismo do mercado?
José Soeiro, “Expresso” Diário
O
sidonismo regenerador, o governo dos homens probos, o desdém para com a
centralidade dos partidos na democracia, tudo são melodias de sempre.
(…)
O
fascínio pela superioridade da tecnocracia como modo de governação é antigo nas
elites portuguesas.
(…)
Governar
sem condicionalismos ideológicos quer dizer não ter de governar à esquerda o
conteúdo de políticas.
(…)
O coro
da salvação nacional tem saudades do arco da governação.
(…)
O
afundamento de Portugal são as suas desigualdades.
(…)
O
afundamento de Portugal é o chico-espertismo de colarinho branco no BPN ou no
Novo Banco.
(…)
O
afundamento de Portugal é a precarização sem fim à vista de sucessivas gerações
sem outro sentido de futuro que não seja a da incerteza e o da instabilidade
permanentes.
(…)
O
afundamento de Portugal são dois milhões de pobres depois de prestações sociais
(sem elas seria mais do dobro).
(…)
A
salvação do país passa por pensar estrategicamente e sem condicionalismos
ideológicos liberais a qualificação dos trabalhadores, a começar pelo seu
salário.
(…)
A
salvação do país passa por um programa de transição energética.
José Manuel Pureza, “Visão” (sem link)
Centeno saiu do Governo, ficou João Leão no turno das restrições orçamentais, mas a caixinha mágica no Ministério das Finanças
continuou igual.
(…)
A pandemia trouxe a mais súbita recessão económica que alguma
vez enfrentamos.
(…)
À medida que os meses iam passando, a velha política
continuava a mandar no Ministério das Finanças: as promessas eram muitas,
as medidas apresentadas em catadupa, mas depois tudo ficava empatado no
ministério.
(…)
Nada conseguia escapar a tempo e horas, chegava tarde e em
poucochinho.
(…)
Havia sinais claros que o Governo não estava a cumprir o que
tinha acordado anteriormente devido à contenção na despesa, atrasando
concretizações, prometendo várias vezes a mesma coisa sem nunca cumprir o
prometido.
(…)
Agora, sabemos a dimensão entre o que tinha sido acordado
cumprir em 2020 e o que, realmente, foi cumprido: 6866 milhões de euros.
(…)
Não há estratégia económica que resista a esta política de
cativações e garrotes na execução orçamental.
(…)
Passado um ano desta destruição económica e das provações que
enfrentam as famílias, a economia e os serviços públicos, ninguém compreende
como nem sequer tenha sido gasta a despesa inicialmente prevista no Orçamento
do Estado, quanto mais o que estava previsto no [Orçamento] suplementar.
(…)
Com as escolhas de João Leão, ficamos no grupo dos países da
OCDE que menos despesas adicionais fizeram para reforçar os serviços de saúde.
(…)
Quem não combate a crise, agrava-a, dá-lhe espaço para
crescer.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem
link)
Irresponsáveis, contrários ao uso da
máscara, adversários do confinamento, contestatários da gravidade da pandemia e
dos testes PCR, [os autodenominados “médicos pela verdade” são] opositores do
isolamento de infectados assintomáticos, burlões capazes de ensinar como forjar
resultados dos testes à covid.
(…)
Não se encontra pior momento para que os
enfermeiros, profissionais a cuja abnegação e coragem tanto devemos, sejam
representados pela malcriadez de uma bastonária em simulação que, embora
eleita, envergonha qualquer processo de escolha.
Miguel Guedes,
JN
A necessidade de medidas excecionais evidenciou
a insustentabilidade do modelo económico e financeiro dominante (…).
(…)
O drama é que se teima em não mudar muito
o desastroso rumo que vinha de trás.
(…)
Entretanto, no fundamental, a UE está a
responder à crise prosseguindo políticas assentes na insultuosa dicotomia
"frugais"/"não frugais", deixando países como Portugal numa
situação delicada.
(…)
O nosso país necessita de um Governo mais
capaz em várias áreas e com muito mais fôlego.
(…)
Contudo, esse fôlego jamais será
conquistado se a direita do Partido Socialista for, como está a ser cada vez
mais, a representante da Direita.
(…)
Esta semana disse-se que o salário médio
dos portugueses subiu durante a pandemia. Puro engano.
(…)
Na economia e no trabalho os problemas a
resolver são grandes.
(…)
[Há que] impedir a regulação unilateral
do trabalho, para se defender emprego e termos sistemas de segurança social que
garantam vidas dignas.
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