(…)
É por isso que a pausa letiva nos colégios fez correr rios de
tinta e milhares de alunos pobres afastados da escola por um ensino à distância
que os exclui é tema secundário.
(…)
Que as notícias que nos chegam de detenções são em bairros
carenciados.
(…)
E também não será por acaso que a única freguesia que vive um
cerco sanitários há mês e meio é a mais pobre do país.
(…)
A polícia fiscaliza, nas ruas onde há infetados, se eles saem de
casa.
(…)
Basta ler comentários nas redes açorianas para perceber que os
infetados de Rabo de Peixe são vistos como culpados, não como vítimas.
(…)
Quando são infetados, os “portugueses de bem” ficam doentes. Os de
Rabo de Peixe ficam criminosos.
(…)
A pandemia revelou a nossa desigualdade, a começar pela mais
primária de todas: a que garante direitos constitucionais diferentes conforme a
condição social de cada um.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A situação da TAP agrava-se todos os dias.
(…)
Os primeiros meses do plano sugerem o receio maior: o de que três
ou quatro mil milhões depois a empresa não se salve.
(…)
O resgate da TAP serve para manter o hub num país dependente do
turismo.
(…)
A terceira vaga já estragou o ano.
(…)
A empresa estará a perder uns três milhões por dia e os cofres estão
secos.
(…)
Teremos mais turistas do que em 2020, mas podemos falhar a
recuperação prevista, até porque há uma guerra de preços nas viagens.
(…)
A paz social esconde conflitos.
(…)
A Comissão Europeia está a demorar na análise do plano e pode
exigir mais cortes (definitivos) no pessoal e menos slots.
(…)
Gerir uma empresa em reestruturação é impopular.
(…)
A TAP não terá outra oportunidade, Bruxelas não permitirá ir duas
vezes com o cântaro à fonte.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Se se foi tornando claro que há variáveis cruciais para a gestão
do confinamento, qual o motivo para que as decisões não se baseiem na variação
desses indicadores?
(…)
Afinal, este povo não só se deixa governar como até ajuda a que a
governação obtenha melhor desempenho.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Na sequência da “grande reforma da floresta” do
dr. Capoulas Santos, Portugal foi o país que maior área ardida registou na
União Europeia em 2016, em 2017 e em 2018.
(…)
A demonstração de incapacidade em gerir o nosso
território torna-se assustadora.
(…)
[O problema] vem de trás, até de governos onde
o dr. Capoulas Santos e o dr. António Costa foram ministros, da Agricultura e
da Administração Interna.
(…)
O curioso é que, na passagem da “grande
reforma” do dr. Capoulas Santos para o “programa
de gestão da paisagem” do eng. Matos Fernandes, não
se vislumbra alteração de paradigma.
(…)
Na verdade, o que define os dois ministros é
uma mesma estratégia do anúncio de milhões de euros a atirar à fogueira.
(…)
De então [governo Guterres] para cá basta
observar o gráfico da área ardida em Portugal. Nada mais fácil de fazer para
avaliar resultados da política florestal de Portugal.
(…)
Mais de 20 anos de contínua degradação dos
ecossistemas, de perda de coberto arbóreo, de exposição crescente a pragas e a
doenças, à expansão de espécies exóticas e invasoras.
(…)
No plano de recuperação e resiliência agora
apresentado pelo Governo, ainda em versão preliminar, no que toca às florestas
a história repete-se.
(…)
Entre o anunciado [sobre milhões] e o que se
traduz em realização física (e muito dela acaba por arder) vai um abismo.
Paulo Pimenta de
Castro, “Público” (sem link)
Esta semana tivemos um prenúncio que poderá
resultar na responsabilização do príncipe herdeiro [saudita], quando a
Administração Biden divulgou um relatório da
CIA não confidencial sobre o assassinato de Khashoggi.
(…)
A divulgação do relatório é o primeiro passo
para estabelecer a responsabilidade e impedir que o príncipe herdeiro saia totalmente impune do assassínio.
(…)
Acabar com todas as exportações de armas para a
Arábia Saudita enviaria uma mensagem clara de que as violações dos direitos humanos
deixariam de ser ignoradas no interesse de contratos de armamento
multibilionários.
(…)
As sanções financeiras e de viagem específicas
tornam as consequências pessoais e não apenas abstractas.
(…)
Embora possam continuar a sair dos EUA
documentos mais recentes, nenhuma acção será eficaz a menos que apoiada pela
comunidade internacional.
Amrit Singh, “Público”
(sem link)
Um tema que tem sido alvo de continuado debate
na actualidade é a questão da liberdade de expressão.
(…)
A consagração da liberdade de expressão como um
direito fundamental parte de uma ideia, liberal e democrática, de que as
pessoas têm direito à sua opinião, e a expressá-la privada e publicamente.
(…)
Ao mesmo tempo, como qualquer direito, há um
pressuposto de responsabilidade e de limites.
(…)
Os defensores mais acérrimos da liberdade de
expressão declaram o direito a ofender como única forma de tornar o direito à
liberdade de expressão real.
(…)
Ao mesmo tempo, não perceber a perigosidade de
certos pronunciamentos e discursos pode conduzir-nos a situações complexas.
(…)
Essa tem sido a estratégia de muitos
populistas, neofascistas, negacionistas e delirantes conspiracionistas,
reivindicando o direito de tudo poder dizer na praça pública.
(…)
O caso mais paradigmático foi mesmo o de Trump,
enquanto presidente dos Estados Unidos da América, que sempre que se
manifestava publicamente mentia e/ou incentivava à violência, ao ódio e à
destruição.
(…)
Por cá, temos os “movimentos pela verdade”,
André Ventura e demais ramificações do Chega, que utilizam essas tácticas de
guerrilha comunicacional.
(…)
A liberdade de expressão tem que ser calibrada
em função da posição de quem se expressa.
(…)
Isto significa que um artista, humorista, ou os
referidos opinadores devem gozar da mais plena liberdade de expressão.
(…)
Já um juiz, um professor na sala de aula, um
médico a falar em público, um governante ou um jornalista nas suas funções, têm
que moderar o seu discurso pela responsabilidade dos cargos que ocupam.
(…)
No caso dos jornalistas, note-se que aqueles
que aparecem como opinadores profissionais perdem a investidura
jornalística.
(…)
A função nobre dos jornalistas é encontrar a
informação, processá-la e transmiti-la.
(…)
Opinar é uma actividade para qualquer um.
(…)
Relativamente ao balanço entre o politicamente
correcto e a liberdade de expressão, penso que o equilíbrio está em darmos mais
liberdade a quem é menos responsável, e darmos menos liberdade a quem é mais
responsável.
Gabriel Leite Mota, “Público” (sem link)
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