sábado, 20 de fevereiro de 2021

CITAÇÕES

 
Provocou uma comoção inesperada a proposta de vários economistas, entre os quais me incluo, para a perpetuação a juro zero dos atuais stocks de dívida soberana no balanço do BCE.

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Os eurodeputados do PS e do PSD esclareceram doutoralmente a ilegalidade de tal coisa face aos Tratados. 

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Os dirigentes do BCE que tomaram estas decisões, [de compra de títulos, ilegais à luz dos Tratados] inacessíveis à Comissão ou ao Conselho Europeu, foram aplaudidos como salvadores precisamente por terem quebrado as regras numa aflição.

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Em 2020, quando já estava prevista a redução das compras, a pandemia levou o BCE a reforçar o programa.

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A violência das respostas à proposta que foi apresentada pode sugerir que preferem ignorar as consequências da sua alternativa, que é punir as economias periféricas.

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No caso da proposta em apreço, o efeito da perpetuação dos títulos a juro zero seria mais simples, na prática reduziria a nossa dívida a 100% do PIB, o que permitiria direcionar o valor de mais de cinco “bazucas” para uma década de investimentos.

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Da sua legalidade, aliás, não restam dúvidas: é a mesma que a dos programas de monetarização da dívida que o BCE tem vindo a prosseguir.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Itália teve 65 governos desde o fim da Segunda Guerra Mundial (quatro nos últimos três anos). 

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Não há engano possível, Draghi imagina ter a oportunidade de voltar a colocar Itália no centro das negociações europeias.

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O primeiro e principal risco é que, simplesmente, um governo deste tipo [grande coligação] nunca pode ser estável. 

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Não tem um projeto coeso e é um apeadeiro para ambições contraditórias. 

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O sistema italiano é mesmo um exemplo da transumância política, só nesta legislatura houve 147 parlamentares que mudaram de trincheira.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Na luta contra as discriminações, o novo milénio trouxe novos direitos e, acima de tudo, uma maior plenitude da palavra igualdade.

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Mudamos a lei, acabamos com o fim da discriminação no casamento e na adoção, colocamos identidade e igualdade a caminhar juntas: avançamos muito em matéria de direitos. 

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Esta semana conhecemos como há mundos ainda por mudar. Ideias e cabeças que continuam agarradas ao passado do qual já viramos a página.

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Em 2011, quando o país festejava o fim da discriminação no casamento, Caupers construía um muro para conter estes avanços civilizacionais.

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O que estava em causa [em 2011] não era saber se a heterossexualidade era maioritária ou se o era a homossexualidade, o que tinha mudado no país é que a homofobia tinha deixado de ser maioritária.

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Passados estes [dez] anos, desconstruídos os mitos e derrubados os muros, seria de esperar que João Caupers tivesse evoluído. Mas, parece que não.

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Se não se retratar, Caupers afirma a manutenção de uma visão homofóbica da sociedade.

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Não há juízes acima da crítica, seja ela política ou cidadã, em particular quando colocam em causa um dos princípios fundamentais que devem defender: a Igualdade.

Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

 

As políticas de anúncio, de repetição de promessas que tardam em se concretizar ou se esvaziam pelo caminho, esgotam-se sempre em pouco tempo.

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São múltiplos os casos, no plano nacional e na União Europeia, em que entre o anúncio e a concretização se verifica um desfasamento abissal.

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A "bazuca" europeia, tão festejada pelo volume e rapidez com que foi anunciada, afinal não começou a chegar em 2020 e já se diz que talvez venham uns "pacotes de vitaminas" lá para o outono.

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A receita milagrosa pode, assim, reduzir-se a mezinhas.

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Quanto à exaltação do poder da "bazuca, as posições da Direita até ultrapassam as do Governo.

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Os problemas também não se resolvem com fugas para a frente ou excesso de expectativa na ciência, como fez, esta semana, a presidente da Comissão Europeia ao transferir a esperança para as vacinas de segunda geração.

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O [processo de vacinação] da União está a ser um relativo fiasco.

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O Governo não pode anunciar apoios que depois não aparecem ou se estreitam; não pode anunciar disponibilização de computadores que, entretanto, não compra.

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Umas palavras de anúncio e a desmemória cultivada por certa Comunicação Social e pelo ciclo (e circo) noticioso, não substituem uma governação com ética e rigor, geradora de confiança.

Carvalho da Silva, JN

 

Representar Marcelino da Mata como herói é um vexame nacional e diz bem da nossa (não) relação com a História.

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Portugal tem uma não relação com a sua História mais antiga e com a sua História mais recente.

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Quase toda a Direita portuguesa não poupou elogios ao homem que massacrou e torturou centenas de combatentes na Guiné, criminoso de guerra à luz de qualquer Convenção Internacional.

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Decerto que as 15 000 pessoas que se reúnem numa petição para deportar o activista Mamadou Ba (sim, a palavra é "deportar") são as mesmas que nos asseguram que não há racismo em Portugal.

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Milhares de enfermeiros assistem impávidos - mas não serenos - ao desfile contínuo de Ana Rita Cavaco a aprisionar uma Ordem profissional às suas ambições políticas.

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A bastonária não perde uma oportunidade para, a cada semana, ser uma "chega" aberta no trabalho a todos os títulos heróico que os enfermeiros nos dedicam, dia após dia.

Miguel Guedes, JN

 

É de temer que o uso ultra-ampliado das tecnologias da comunicação e a atuação das autoridades no campo do controlo e das tomadas de decisão por via telemática, nomeadamente no que respeita às condições de trabalho e de circulação, bem como à redução dos espaços de liberdade, possam levar à instalação alargada de regimes até há pouco apenas imagináveis nos territórios ficcionados das distopias.

Rui Bebiano, “Diário as beiras”

 

A Roménia, na verdade, não cumpria as condições para ser membro da União Europeia a que aderiu em 2007, mas, como se passou com outros Estados da Europa Central e do Leste, por razões geopolíticas os olhos fecharam-se.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


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