domingo, 14 de fevereiro de 2021

MAIS CITAÇÕES (119)

 
Que o mercado funciona, não haja disso dúvidas. O problema é como funciona e se resolve o problema da produção e distribuição de bens essenciais. 

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Logo dois meses depois do festejo do sucesso que foi a conceção de vacinas em tempo fulgurante, os alertas sobem de tom: segundo a UNICEF, a este ritmo de produção o mundo só estará vacinado dentro de sete anos.

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Os planos de produção das vacinas aprovadas nos EUA e na União Europeia (UE), as da Pfizer, AstraZeneca e Moderna, só protegerão em 2021 um terço do mundo. 

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Este bloqueio à produção tem uma origem clara. Em primeiro lugar, as empresas detentoras das patentes (por 20 anos) não querem envolver outras. 

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O resultado é que só 43% da capacidade produtiva mundial estão a ser usados.

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Das 108 milhões de pessoas já vacinadas, só 4% são de países em desenvolvimento, quase todas da Índia.

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Dos países mais pobres do planeta, só a República da Guiné encomendou vacinas, 55 doses.

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O mercado só reconhece quem tem dinheiro.

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[Na África Subsaariana há] mais 32 milhões de pessoas em pobreza extrema.

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Um ano depois de declarada a pandemia, apesar do sucesso científico sem precedentes, chegamos à realidade do mercado. 

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[Ursula van der Leyen] foi colocada nesse lugar [de presidente da Comissão] para seguir a luz de Merkel e de Macron, e não para lhes fazer sombra.

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O resultado é que a vacinação europeia é menor do que a do Reino Unido ou dos EUA.

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Navegando entre subsídios e facilidades, as três farmacêuticas já anunciaram aos seus acionistas que esperam ter 30 mil milhões de dólares de lucro em 2021.

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Sim, o mercado funciona mesmo, só que não é para garantir a vacinação universal.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Passaram, em dezembro, cinco anos sobre a assinatura do Acordo de Paris para o clima, que sofreu entretanto vicissitudes políticas várias.

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A ciência estava certa: depois dessa conferência, tivemos nos cinco anos seguintes os máximos históricos de temperatura média do planeta.

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segundo a revista [Lancet], tivemos em 20 anos um aumento de 55,7% da mortalidade das pessoas com mais de 65 anos em consequência do calor, para além da frequência crescente dos fenómenos extremos.

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Em duas legislaturas portuguesas, ou num ápice, temos que dar o nosso contributo para reestruturar o sistema de transportes, a vida nas cidades, a alimentação, a produção industrial e a organização dos serviços.

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Uma mudança civilizacional desta ordem nunca foi feita em tão pouco tempo e contra interesses tão poderosos.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Os jornalistas foram das poucas classes a recusar uma Ordem, em 1992.

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Sabiam que ela permitiria que o poder político definisse o funcionamento interno de uma profissão que se quer livre.

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Com a crise do sindicalismo, as Ordens estão a ocupar um espaço que não pode ser seu.

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A lei proíbe-as de qualquer atividade sindical.

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Quando as Ordens se transformam em Sindicatos, estão a impor a unicidade sindical, com inscrição obrigatória e poderes disciplinares.

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Se querem ter atividade sindical e política, a inscrição tem de ser facultativa, e devem prescindir dos poderes delegados pelo Estado.

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Passaram pelas lideranças das duas Ordens [enfermeiros e médicos] dois antigos sindicalistas que, percebendo os riscos da promiscuidade, souberam separar as águas.

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Não sou favorável à delegação de poderes do Estado, que depende democraticamente de todos nós, em associações corporativas, que apenas respondem aos seus associados.

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Em alguns países europeus, nem a inscrição nas Ordens é obrigatória. 

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Aquilo a que estamos a assistir é a uma substituição do Estado democrático, sujeito ao escrutínio de todos, pelo Estado corporativo, em que grupos profissionais capturam as funções públicas.

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[O reforço do poder das Ordens] é o confisco do interesse público por interesses corporativos. 

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Se num ano de recessão brutal os salários médios subiram, hoje é tarde de São Nunca e haverá galinhas com dentes ao colo de porcos de bicicleta amarrados a vacas a voar enquanto tossem.

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É extraordinário que o desemprego tenha fechado o ano danado de 2020 abaixo dos 7%. Sem os apoios do Estado, estaríamos provavelmente no dobro.

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Dois em cada três os mais de cem mil que desapareceram eram de empregados com baixas qualificações e baixos salários.

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Ao desaparecerem empregos menos bem pagos, a média dos que restam sobe.

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Depois, claro, há grande rendimento disponível que foi pago diretamente pelo Estado, através do lay-off, ou melhorado por medidas como as moratórias.

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Além disso, o salário mínimo subiu 5,8% em 2020, (…), há quase 800 mil pessoas a recebê-lo. 

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Finalmente, houve aumentos da função pública, sobretudo por via das progressões nas carreiras.

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[A questão] é não cairmos no engano de pensarmos que estamos melhor e que “os portugueses” até ganharam mais dinheiro com a crise.

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Esta subida dos salários médios é [portanto] um efeito em grande parte ilusório.

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

Governar pelos números pode funcionar por agora. Mas não tenhamos ilusões, o prazo de validade desta opção revelar-se-á, também, limitado.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 

As bases ecológicas de suporte ao sistema alimentar estão em degradação acelerada e a situação tende a agravar-se com a crise climática.

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crise climática exige a descarbonização de todas as atividades económicas, mas alguns dos seus efeitos já são impossíveis de evitar, o que obriga a medidas de adaptação ao novo clima que aí vem.

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Ao nível da produção agrícola, além da melhoria da eficiência do uso de fatores de produção (pesticidas, adubos, etc.), é fundamental a redução de consumos e a sua substituição por processos ecológicos.

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É essencial garantir que uma grande parte da área [do país] não acaba abandonada por insustentabilidade social e económica, o que só agravaria as já grandes assimetrias territoriais.

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Muitas explorações agrícolas e florestais estão hoje a atravessar dificuldades imensas, devido à total ausência de regulamentação do mercado de bens alimentares e agroflorestais.

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As grandes cadeias de distribuição montaram um cartel onde estabelecem os preços que entendem e colocam os produtores a vender frequentemente abaixo dos custos de produção. 

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Este é um problema transversal a toda a agricultura portuguesa e que os consecutivos Governos nunca tiveram a coragem de resolver.

Ricardo Vicente, “Público” (sem link)


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