(…)
A "bazuca
europeia", concebida no impacto inicial da crise é insuficiente e tem ano
e meio de atraso.
(…)
Para haver emprego é
preciso investimento, público e privado, e que se promova o crescimento
económico fazendo chegar recursos às pessoas, às empresas e ao Estado para a
missão de nos garantir direitos fundamentais.
(…)
É indispensável apostar na
educação e na formação, mas acabar com a mentira - que volta a esta Cimeira -
de que basta as pessoas terem formação (…) para se colmatarem défices de
desenvolvimento.
(…)
Se não houver oferta de
emprego, melhoria de salários, proteção social digna e serviços de saúde,
habitação acessível e condições de mobilidade, o que temos é emigração e
envelhecimento da sociedade.
(…)
Uma grande parte da pobreza
são trabalhadores (e suas famílias) que auferem baixíssimos salários.
(…)
Mais de 25% do total de
trabalhadores recebem apenas o SMN (665 euros ilíquidos).
(…)
É esta relação entre trabalho, emprego e proteção
social que deve estar presente na definição das políticas de investimento,
privado e público, e no desenho e implementação das políticas públicas.
Joe Biden dá um passo
monumental para a credibilização de uma liderança moral que só parecia estar ao
alcance da Europa, mesmo com todas as suas contradições e actuais perigos.
(…)
A União Europeia (UE) está
a gerir este dossiê como geriu a questão dos contratos com as farmacêuticas: a
formular um desastre.
(…)
O levantamento das patentes
é a única forma de acelerar a produção e distribuição global de vacinas,
rentabilizando o investimento público que foi feito em larga escala para o bem
comum global.
(…)
Dentro da UE, a Espanha já
declarou publicamente ser favorável à suspensão das patentes em nome do bem
público internacional da saúde.
A recomendação [debatida na A.R. sobre o
levantamento das patentes das vacinas contra a covid-19] pretendia que
Portugal defendesse, na União Europeia e nas várias instâncias internacionais,
as vacinas como um bem público e universal.
(…)
Essa coisa do levantamento de patentes das
vacinas, diziam [PS, direita e extrema-direita], era coisa de radicais.
(…)
[Nem um mês depois, Katherine Tai, a
representante do Comércio Externo dos EUA] anunciou que o país defenderá
na Organização Mundial do Comércio (OMC) a suspensão
temporária das patentes das vacinas.
(…)
A motivação é óbvia: a situação pandémica à
escala global está a piorar e é uma ameaça mundial.
(…)
É preciso que a União Europeia também mude de
posição e não seja um entrave a esta suspensão.
(…)
Os urros das grandes farmacêuticas seguiram-se
rapidamente ao anúncio dos EUA.
(…)
É a visão de quem não enxerga para lá do seu
umbigo, colocando a indústria à frente das necessidades da humanidade.
(…)
A evolução da pandemia e a proliferação de
novas variantes mostrou que ninguém está protegido enquanto todos não
estivermos protegidos.
(…)
A vacinação global é uma urgência,
interessa a todos os países e povos.
(…)
O levantamento das patentes e a transferência
do conhecimento podem garantir a massificação da produção de vacinas e a sua
distribuição célere à escala mundial.
Pedro Filipe Soares,
“Público” (sem
link)
O Fundo de Resolução tem usado dinheiro público para financiar
esta operação [Novo Banco] e há um abuso contratual que não tem sido escrutinado.
(…)
O custo gigantesco da operação, no entanto, foi apresentado ao
país como a garantia de que os contribuintes estariam blindados contra novas
despesas.
(…)
Berardo, que em 2014 devia 282 milhões ao NB, herança do passado,
não era o único exemplo destas facilidades. [vários outros exemplos
se seguem]
(…)
Ora, se estas operações eram o custo do passado do BES, o Novo
Banco prolongou esses créditos, em alguns casos reforçou-os, não exigiu novas
garantias e aceitou as perdas.
(…)
Este tem sido o modelo Berardo: viver com créditos vultuosos a
procurar margens milagrosas em negócios espantosos.
(…)
Mark Carney, que foi até 2020 governador do Banco de Inglaterra,
depois de uma carreira no Goldman Sachs e em bancos centrais (…) escreve que
Milton Friedman estava errado e que a ganância não constrói uma sociedade
próspera.
(…)
O mercado pode destroçar normas sociais fundamentais, como aliás
tinha sido percebido por Adam Smith, o fundador do liberalismo moderno, que,
na sua “Teoria dos Sentimentos Morais”, um livro menos conhecido, explicava que
é a confiança a virtude fundamental na sociedade.
(…)
Os nossos milionários devedores levam uma vida a comprovar a falta
que faz uma economia baseada na confiança.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
[O Tribunal Constitucional alemão] considera que, não havendo
metas definidas para os anos seguintes, o plano de transição climática está
incompleto e não protege o horizonte de vida de quem é agora mais jovem.
(…)
Pode ser que esta decisão alemã pressione as autoridades europeias.
(…)
Assim, se até agora se tem tratado a transição climática como uma
questão de responsabilidade, este tribunal acrescenta que é também uma questão
de liberdade para as próximas gerações.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A mudança de comportamento da União Europeia e o aparente
abandono da retórica austeritária não são alheios às altas taxas de
popularidade do investimento público e da taxação de quem enriqueceu com a
crise.
(…)
[Aquelas
vidas dos trabalhadores migrantes de Odemira] são restos da humanidade, mão de
obra para a nossa prosperidade. Para eles, os direitos humanos não existem e a
democracia não conta.
Daniel Oliveira, “Expresso” Diário (sem link)
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