domingo, 9 de maio de 2021

MAIS CITAÇÕES (129)

 
Foi em nome das causas mais generosas que se cometeram os maiores crimes do século XX.

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Estamos, em nome de uma ideia distorcida de justiça, a destruir a justiça que demorámos séculos a erguer? 

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Olhando longe, há sempre inocentes entre as vítimas de revoluções extraordinárias. 

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[O assédio] resulta da banalidade de relações de poder e de submissão.

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É um exercício quotidiano, generalizado e violento de poder que as mulheres aprenderam a suportar.

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E isto não muda sem um abalo que instale algum medo da censura social.

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O assédio continua a ser banal. Foram as vítimas que mudaram. Não apenas individualmente, mas enquanto sujeito coletivo. As mulheres ganharam autonomia profissional, económica, social, cultural. 

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[No passado os valores eram determinados por quem detinha o poder], não eram os das vítimas desse poder.

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É o poder de quem impunha esses valores que se perde.

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A história está a ser reescrita por quem antes não tinha voz, revelando o que se escondia.

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Ouvimos histórias de quem tem acesso ao espaço público e armas para se defender. É sempre uma questão de poder. O assédio quotidiano é o sintoma. A doença é a desigualdade.

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E a denúncia, com todos os seus perigos, resulta de uma mudança nas relações de poder.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O glifosato é um herbicida tóxico para humanos e animais e o seu uso tem sido banido ou combatido em muitos lugares apesar dos enormes interesses que movem a sua promoção.

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Por toda a parte na Europa a questão dos efeitos danosos dos herbicidas tanto na saúde humana como na saú­de animal e nos ecossistemas levou a um vasto movimento de recusa da sua utilização que culminará, mais tarde ou mais cedo, no banimento destes produtos.

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Estamos em ano de autárquicas e não são poucos os movimentos que já promoveram abaixo-assinados contra a utilização de herbicidas nos seus bairros.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

[Em Odemira] a pandemia veio expor uma situação de enorme fragilidade, na qual a dimensão sanitária está longe de ser a mais relevante.

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O essencial do problema laboral está, por um lado, nos caminhos recentes do trabalho na agricultura (para o qual não há mão de obra europeia disponível) e, por outro, na forma como esses trabalhadores chegam à Europa.

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Interesses contraditórios coexistem com um contexto que torna o modelo de desenvolvimento de Odemira insustentável. E é aí que está a singularidade do problema.

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Mesmo que não existisse rigorosamente nenhuma questão laboral (…), o caminho percorrido seria em qualquer caso insustentável.

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Os serviços públicos do concelho não estão dimensionados para acolher uma população migrante com esta dimensão.

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Os recursos hídricos escasseiam e o avanço da agricultura esgotará as reservas da barragem de Santa Clara.

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Acima de tudo, as estufas não podem continuar a galgar terreno como projetado, ameaçando a integridade ambiental e o potencial económico do turismo.

Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)

 


A avidez com que a direita portuguesa olhou para a vitória de Isabel Díaz Ayuso em Madrid é mais sinal de desespero do que de esperança.

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Quem não sabe o que é não se explica, e quem não sabe para onde vai não dirige multidões. 

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Rio revela-se nas escolhas políticas uma caixa de plasticina colorida que trai mais do que atrai.

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A vitória de Díaz Ayuso em Madrid pouco pode inspirar Rui Rio, por ela ser tudo o que ele não é. O PP de Madrid não é o PSD, é muito mais à direita.

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Rodrigues dos Santos devia aprender a lição básica: se não queres ser visto como miúdo não te portes como miúdo.

Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)

 

O modelo agrícola industrial hiper-intensivo tende à exploração máxima simultânea da mão-de-obra, do território e dos recursos naturais. 

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O capitalismo procura incessantemente derrubar e ampliar as fronteiras de exploração, e este caso [de Odemira] revela exactamente isso.

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Podemos perguntar-nos como é possível uma Autoridade para as Condições do Trabalho ou um Serviço Estrangeiros e Fronteiras que sabem do que se está a passar ali há vários anos e permitem que a situação continue.

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Há uma relação directa entre o que se passa ali e o modelo agrícola hiper-intensivo.

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Os modelos de produção agrícola que incluem mão-de-obra migrante ilegal e até escravizada não são, de maneira alguma, exclusivo de Portugal. 

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O sistema é montado para uma exploração hiper-intensiva de pessoas, químicos e água. 

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O bairro de lata ou os amontoados de contentores são o espelho da miséria humana que se instalam ao lado das estufas que são em boa medida espelhos de miséria ambiental. 

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[Muitos aspetos] são organizados por intermediários que trabalham para empresas agrícolas nacionais e internacionais.

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A responsabilidade não é só dos capatazes de circunstância e dos oportunistas da miséria (…), mas também, e decisivamente, de quem montou o negócio.

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No Alqueva, os mega-olivais e os mega-amendoais padecem de problemas similares.

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A lógica da produção hiper-intensiva implica olhar para tudo como factores de produção sem componente humana ou social.

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Os sucessivos governos portugueses montaram o que está a acontecer.

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[Os Governos], por omissão, ao focarem toda a atenção em habitação, condições de salubridade e intermediários mafiosos, ajudam a garantir a manutenção [da escravatura].

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Toda a gente sabe que o objectivo da maior parte destas colheitas é a exportação. 

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Se [a agricultura moderna] é essencial, não pode estar exposta à volatilidade dos mercados. Os custos com trabalho e ambiente não são opcionais.

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O modelo de exploração de agricultura hiper-intensiva destrói o meio rural, fragiliza o ambiente, baixa os salários de toda a gente e recorre sem problemas à escravatura, para produzir maioritariamente colheitas para exportação. 

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Ao depender de trabalhadores migrantes em regime de baixo custo, a escravatura faz parte do modelo de produção agrícola hiper-intensivo em todo o mundo.

João Camargo, “Expresso” Diário


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