(…)
Dijsselbloem, e tratava-se de um social-democrata da família dos
PS, foi bastante mais frescote com os “copos e mulheres” que seriam consumidos
neste canto à beira-mar, mas o princípio é o mesmo.
(…)
A bem dizer, este complexo está entranhado em governantes que
nunca estranharam que assim fosse.
(…)
De seis em seis meses, a Comissão fará o exame, logo veremos se a
matéria foi toda estudada e se temos boa nota.
(…)
Afinal, o segredo é mais prosaico, basta estudar para os exames e
depois “já se pode ir ao banco”, como agora se diz.
(…)
É a isto que está reduzido o belo discurso sobre a Europa como
solidariedade.
Francisco Louçã, “Expresso” economia (sem link)
A condenação da Shell em tribunal, forçando a empresa (e as suas
fornecedoras) a alcançar uma redução das suas emissões em 45% até 2030, gerou
um susto na empresa e, como seria de esperar, um vigoroso recurso para uma
instância superior.
(…)
A Shell é das maiores responsáveis mundiais pelo problema [da
emissão de gases com efeito de estufa], dado que emite mais de nove vezes o
total da Holanda e é uma das 10 maiores emissoras do planeta.
(…)
[Segundo um relatório da ONU, espera-se que essas emissões] em
2030 ainda sejam superiores aos valores dessa primeira década do século, apesar
dos compromissos que têm sido aceites por diversos países da redução de
emissões em 7% em 2020.
(…)
O relatório acrescenta que para limitar o aumento da temperatura
média a 2ºC, uma meta que, aliás, é insuficiente, seria imperativa uma redução
de emissões de 25% em 2030.
(…)
Em 37 países os movimentos ambientalistas decidiram levar a
tribunal as metas de Governos e empresas, em vez de ficarem à espera de
ajustamentos na política dos Governos.
(…)
Têm tido ganho de causa nas mais importantes destas querelas.
(…)
O efeito desta nova forma de intervenção é poderoso, ao deslocar
para os tribunais o esforço de defender os interesses coletivos das populações,
forçando os Governos a tomarem decisões que preferem adiar.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O preço da eletricidade tem batido recordes no mercado ibérico,
refletindo o aumento do custo para os produtores das emissões de CO2 (150% no
último ano).
(…)
A urgência da recuperação económica e do alívio
das pessoas empobrecidas na pandemia levou o governo espanhol a reduzir o IVA (…)
e a cortar a remuneração de algumas centrais elétricas, com vista a reduzir a
fatura doméstica em quase 5%.
(…)
Esta semana, o Bloco propôs que Portugal adote um corte
equivalente, visando, além do mais, evitar a desvantagem da nossa
economia face à espanhola.
(…)
[As acusações do ministro do Ambiente] replicam
a propaganda das grandes companhias elétricas contra a decisão do governo
espanhol – esse perigoso inimigo da descarbonização que o Bloco vem “copiar” (sic).
(…)
Em vez de mentir para manter os lucros injustificáveis da EDP, o
governo devia tratar de conter a escalada dos preços para defender as pessoas e
a economia.
Jorge Costa, “Público” (sem link)
Proibir a “promoção” da homossexualidade [na Hungria] quer dizer,
em linguagem homofóbica, impor a invisibilidade dos homossexuais.
(…)
Porque o amor entre dois homens ou duas mulheres equivale a
pornografia.
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Várias federações de futebol e clubes espalharam, e bem, o arco-íris
pelas redes sociais.
(…)
Quando [o arco-íris] passa de um braço para um estádio, incomoda
um governo e tem mais conteúdo do que um anúncio da Benetton, a defesa da
diversidade deixa de ser “uma boa causa”.
(…)
A UEFA impôs à Alemanha a censura de Orbán. Mas não está sozinha.
(…)
Muito mais grave é a secretária de Estado dos Assuntos Europeus
ter explicado que Portugal não subscreveu uma carta assinada por 13
Estados-membros sobre a violação dos direitos LGBT na Hungria por “dever de
neutralidade” da presidência da UE.
(…)
Orbán conseguiu que a UE passasse a ser neutral na defesa de
direitos humanos.
(…)
Numa coisa têm todos razão: a defesa dos direitos LGBT não é
apenas uma “boa causa”, é uma causa política.
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A UEFA representa mais do que a UEFA. São muitos os que se incomodam
e reagem à luta pelos direitos LGBT.
(…)
A luta pelos direitos humanos sempre encontrou a resistência de
quem, tendo garantido o privilégio de decidir o que é “normal” ou aceitável,
não quer perder esse poder.
(…)
[A resposta ao crescimento da extrema-direita] é ser
igualmente intransigente na luta contra a desigualdade que afeta a maioria: a
social e económica.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Ser político não é cadastro, pelo contrário, mas é uma escolha que
limita escolhas, as que impliquem conflitos de interesses.
(…)
O caso de António Oliveira mostra que também no PSD não se joga
grande xadrez, joga-se damas em que os jogadores ou alinham ou são peças
comidas.
(…)
Uma alcateia é uma família e nesta alcateia PS em que o macho-alfa
é António Costa, [Ana Paula] Vitorino foi nomeada pelo macho-beta, Pedro Nuno
Santos.
(…)
Como em todas as alcateias, há depois uma infinidade de ómegas,
que pouco mandam mas muito obedecem, que são protegidos desde que não desafiem,
que são os últimos a comer mas comem sempre.
(…)
É uma cultura de favores, de interesses, de cunhas, de cartões de
partido como cartões de visita, uma cultura que desrespeita as instituições e a
separação de poderes.
Pedro Santos Guerreiro, “Expresso” (sem link)
Com picos de intensidade, há um ano que assistimos a um coro
coletivo que dá conta do falhanço do(s) Governo(s) na resposta à covid.
(…)
Se pensarmos em Portugal, não faltam exemplos recentes: da forma
entusiástica como recebemos uma final da Champions à permissibilidade nos
festejos do título do Sporting.
(…)
Qualquer coisa está de novo por explicar no comportamento da covid
entre nós.
(…)
Se o problema estava nos turistas na final da Champions no Porto
ou na pausa escolar dos britânicos no Algarve, qual o motivo para ser na região
de Lisboa que a variante Delta se propaga?
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
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