sábado, 17 de julho de 2021

CITAÇÕES

 Na Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde já se ultrapassou há vários dias os 300 casos por 100 mil habitantes, havia há poucos dias mais de 1000 inquéritos por realizar. 

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Portugal está com a menor capacidade de rastrear e isolar contactos de pessoas infetadas com a covid-19 desde que estas contas começaram a ser divulgadas, em abril.

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A explicação dos especialistas é esta: cansaço e, sobretudo, falta de pessoal. 

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Contrata-se temporariamente, como se fez no início do ano, dispensa-se quando a pandemia decresce.

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Mais eficaz do que, por exemplo, a panóplia de controversas medidas anunciadas para restaurantes e cafés, seria investir a sério, e de imediato, na identificação e no isolamento das cadeias de contágio. 

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É fundamental e faz toda a diferença ter um dispositivo de saúde pública reforçado, com equipas em número suficiente para responder a esta nova vaga. 

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É preciso muito mais capacidade na testagem, no rastreamento, no investimento na saúde pública.

José Soeiro, “Expresso” Diário

 

Em conversa com o PÚBLICO e a Renascença, ia explicando que não estava ressentido com o voto contra do Bloco de Esquerda no último Orçamento do Estado (OE 2021).

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É sabido que, em diversas questões, o Governo se recusa até hoje a aproximar-se das propostas do Bloco. É esse o caso nas carreiras do SNS, bem como no combate à precariedade e na proteção legal dos trabalhadores.
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Duarte Cordeiro acaba por reconhecer que o Governo rejeitou algumas propostas do Bloco de Esquerda para depois as aplicar.

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[Duarte Cordeiro] foi o primeiro governante a assumir que a manta do OE 2021​ era muitíssimo curta para as necessidades do país face à crise e que deixava sem resposta dezenas de milhares de pessoas, particularmente trabalhadores independentes.

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Aliás, a realidade já tinha desconstruído outro argumento: afinal, não faltava o dinheiro! 

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O dinheiro existia, a vida demonstrou-o e Duarte Cordeiro também o reconheceu na entrevista.

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Parte da intransigência do Governo com o Bloco, percebe-se agora, foi porque não quis abdicar de uma enorme almofada financeira para gastar como bem entender, um gigante cheque em branco ao executivo.

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Dito de outra forma, permite uma execução orçamental completamente opaca e marginaliza o Parlamento.

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O Governo faz o que quer com este dinheiro, sem qualquer controle democrático. 

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O Governo continua a fazer uma gestão orçamental que corre atrás dos problemas, só age no limite e, com isso, deixa a crise crescer e bater à porta de milhares de pessoas.

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Pela minha parte, julgo que nenhuma negociação séria pode assentar no princípio do cheque em branco.

Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)

 

O setor a que pertence a Altice é um dos que beneficiaram com o novo contexto [criado pela pandemia]. O seu êxito tem pouco a ver com as altas competências de que os seus gestores se gabam.

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No final do mês passado [a Altice] anunciou o primeiro despedimento coletivo na história da "PT".

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Na passada semana, o secretário de Estado da Segurança Social afirmou que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) fez, nos últimos seis anos, 269 visitas inspetivas à empresa, das quais resultaram 101 contraordenações e coimas de mais de 422 mil euros.

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A Altice está, sem dúvida, no pelotão da frente do assédio moral.

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A Altice é herdeira da PT, empresa que, desde os anos noventa até ao início da segunda década deste século (com o processo de privatização pelo meio), esteve no centro de um lamaçal de compadrios e promiscuidades.

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O país não pode condescender com despedimentos decididos por unilateralismo patronal.

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O caminho seguido tem sido o de reduzir o emprego com vínculo à empresa, substituir os trabalhadores mais velhos por jovens com salários baixos e sem direitos, externalizar atividades.

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Os que têm vínculo direto à empresa são menos de um terço dos que existiam com esse vínculo, nessa altura [da PT].

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Merecem solidariedade as lutas dos trabalhadores da Altice, designadamente a sua greve do próximo dia 21.

Carvalho da Silva, JN


[A direita radical achar] que existe em Portugal, em 2021, uma ditadura da “extrema-esquerda” conduzida pelo PS, em conluio com o PCP e o BE, e ocultada por uma manipulação brutal da comunicação social, comprada com “almoços grátis”, devia ser considerado do domínio da paranóia política.

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Não há meio-termo, ou se é militante contra a “ditadura” ou idiota útil.

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O ataque ao “politicamente correcto”, que realmente existe, passa para uma amálgama e uma demonização de tudo o que não seja a direita radical que defende.

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As ciências sociais, como a sociologia, eram proibidas antes do 25 de Abril como disciplinas académicas de pleno direito.

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[Atualmente], por exemplo, no direito e na economia há um peso significativo da direita, o que não lhes suscita preocupação.

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A composição das redacções e os produtos finais têm hoje uma presença considerável desta direita radical.

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[Na direita radical] são ultra-sensíveis àquilo que chamam “liberdade económica” e bastante indiferentes à liberdade política.

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Vai-se normalizando o cerco. O que é que significa quererem perseguir um deputado por “ofensa aos símbolos nacionais”? O que é que significa haver um “problema” com os professores “esquerdistas”, identificados nome a nome, por um participante na Academia do Chega? (…) Ou quererem fazer um expurgo ideológico dos programas escolares à moda da Polónia ou da Hungria?

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A grande diferença actual é que discursos que estavam acantonados na extrema-direita passaram para o mainstream da direita.

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Há um efeito de permeabilidade crescente a posições, teorias e falsidades que estavam até agora circunscritas a certos sectores da extrema-direita, mas estão a migrar para a direita radical.

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Houve sempre quem tivesse saudades da Mocidade Portuguesa e dos seus “valores” (…) ou quem louvasse a ditadura e as suas virtudes económicas em contraste com a democracia, quem (…)

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A questão hoje é que alguém anda a educar muitos ouvidos para esta canção. E não são inocentes úteis. É gente que sabe muito bem o que quer.

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O problema deles é que também há gente que sabe muito bem o que não quer.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)

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