(…)
[No PSD] é mesmo Rui Rio, que vai dando indicações de estar farto
de si próprio.
(…)
Ao colocar objetivos inalcançáveis [para as autárquicas], Rio
alimenta a convicção de que preferiu a sua própria Lei de Murphy.
(…)
Todo o confronto que escolhe candidatos a candidatos no PSD tem o
subtexto das alianças futuras e da trumpização do estilo político.
(…)
[No PS] por cada dia que passa, subirão de tom as perguntas sobre
as eleições de 2023, que, aliás, foi o próprio primeiro-ministro a sugerir.
(…)
[Pretende-se que Costa] revele se é de novo candidato ou se delega
e espera uns meses pelo putativo cargo de presidente do Conselho Europeu.
(…)
Disputar uma eleição em tabu provoca uma campanha infernal, em que
não se perguntará outra coisa.
(…)
Também internamente a escolha é complicada, pois não se vê como o
Presidente aceitaria uma substituição de primeiro-ministro sem ser sufragada
em eleições.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O futuro da guerra pode ser este, o de máquinas que tomam decisões
bélicas sem ação humana direta. As consequências são gigantescas.
(…)
Não há, nem haverá, inteligência sem coração.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Apesar do mar de divergências que os separava
[Eanes e Otelo], há um sentido de Estado a gratidão de quem conhece a
importância do indivíduo na história e do seu papel insuperável.
(…)
Porque há momentos que são maiores do que a
própria vida.
(…)
E é esse dia, inteiro e limpo, o primeiro de
uma nova vida, que devemos a Otelo Saraiva de Carvalho, o estratega da
revolução de abril.
(…)
Otelo
merecia o luto nacional. Não que isso saldasse a dívida que o país lhe tem,
mas porque um país com memória não podia fazer de outra forma.
(…)
Para que serve o luto nacional se não é usado
quando morre a pessoa a quem devemos a liberdade e a democracia?
(…)
O principal crime pelo qual alguma direita quer
condenar [Otelo] é o de ter feito o 25 de abril.
(…)
É o revanchismo histórico que tem ganho força,
a tribalização em curso da política e a construção de enormes
trincheiras pela direita portuguesa.
(…)
Conscientemente ou não, quando António Costa
decidiu não sugerir ao Presidente da República a realização de um
período de luto nacional fez uma escolha nesta luta sobre a memória
do 25 de Abril e pela normalização do extremismo de direita.
(…)
Felizmente, a opinião deles não é a do país.
(…)
À medida que se aproximam as comemorações
dos 50 anos do 25 de Abril, que essa data se agiganta no horizonte,
são cada vez mais audíveis as vozes dos derrotados da revolução que
procuram novo ajuste de contas.
(…)
A vozearia contra Otelo é apenas uma batalha
dessa guerra [cultural em curso].
(…)
Legitimar os serviços à ditadura com honras de
Estado e apoucar os serviços à revolução – Salgueiro Maia viu Cavaco
Silva dar pensões póstumas a agentes da PIDE enquanto lhe negava a ele
esse direito.
(…)
Quase 50 anos depois do 25 de Abril, há uma
direita que pretende levar a memória da revolução para uma luta na lama,
usar na vida real a tática das redes sociais e tornar tudo num enorme
pântano.
(…)
Manchar a memória da revolução é o caminho para
atacar a democracia e a liberdade.
Pedro Filipe Soares,
“Público” (sem
link)
Sabemos, desde o início, que a pandemia não
atingiria, como não atingiu, todos os cidadãos em pé de igualdade.
(…)
Foi o primeiro passo de um
caminho de agravamento de desigualdades e injustiças. Daqui resultou um
enfraquecimento progressivo da democracia.
(…)
As medidas de emergência e
exceção chocaram, em muitos casos, com direitos e liberdades individuais e
coletivas.
(…)
Há setores da economia que
multiplicaram lucros, enquanto toda a reparação de prejuízos aos que foram
afetados é entregue à responsabilidade do Estado.
(…)
A expectativa de uma
recuperação económica "imediata" depois da pandemia - por efeito de
bazucas milagrosas - que faça tudo voltar ao normal precisa de ser questionada.
(…)
Voltar a produzir e vender
não é necessariamente o mesmo que distribuir de forma equilibrada os proveitos
da produção e das vendas.
(…)
As repercussões sociais do
recuo da economia ainda não se manifestaram em toda a sua gravidade.
(…)
Alguns governantes, o
presidente da República e líderes patronais continuam a impingir-nos aquela
ilusão [de uma recuperação económica "imediata" depois da
pandemia].
(…)
Não se admite que
continuemos com um profundo desequilíbrio de poderes entre trabalhadores e
patrões.
Ao Estado, exige-se um
pingo de coerência, um denominador comum que nos faça acreditar que as decisões
não são tomadas de forma arbitrária.
(…)
Perante a morte do
estratega e herói operacional do 25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho, o
Estado português ficou de cócoras.
(…)
Perante a partida de Otelo,
Rebelo de Sousa e António Costa usaram a estratégia de meias-tintas-bolor de
Marcelo, esse mesmo, o outro, o do passado.
(…)
Ficamos democraticamente
sobressaltados sabendo que nada obstou a que se decretasse luto nacional na
morte de Spínola, responsável pelo MDLP e pelos seus múltiplos atentados
terroristas.
(…)
Para um país que condecorou
PIDES, nada a acrescentar.
Que é óbvio, o reconhecimento da mulher negra é
de tal forma uma miragem que é impossível afirmar que somos estrutura de
um qualquer sistema ou sociedade.
(…)
Mantemo-nos a séculos luz de ser parte da
estrutura e prova-o toda uma academia que enquanto casa do saber e
pensamento é distópica no que ao estudo da mulher negra diz
respeito.
(…)
Assim sendo, da soma das partes é razoável
concluir que o lugar que não ocupamos na sociedade é prova de que serão
precisos séculos (…) para que as mulheres negras sejam reconhecidas
(…) pela sociedade onde se integram, mas que objectivamente não nos/as integra.
Ulika da Paixão
Franco, “Público” (sem link)
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