(…)
Agora, com a nova fórmula, que supõe que passa a haver uma
simetria na resposta aos desvios em relação aos 2% (incluindo da habitação), a
margem de manobra do BCE é ampliada.
(…)
Mesmo reconhecendo que o controlo das taxas de juro é
insuficiente, no que Draghi, Lagarde e outras figuras de topo do BCE têm
insistido, a referência à política orçamental é omissa.
(…)
O Banco da Nova Zelândia acrescentou há três anos o pleno emprego
ao seu menu de objetivos, uma expressão que provoca arrepios aos dirigentes da
zona euro, e este ano somou-lhe a meta da estabilidade dos preços da habitação.
(…)
O modelo da gestão monetarista das políticas monetárias faleceu na
última década.
(…)
O BCE prometeu ainda considerar os efeitos das alterações
climáticas.
(…)
O Banco de Inglaterra passou a definir a transição climática como
um dos seus critérios de atuação.
(…)
Aberta esta porta, ninguém sabe o que vem a seguir, até porque as
empresas mais responsáveis por emissões continuam a ser financiadas pelos
programas europeus.
(…)
A jaula dogmática da inflação a 2% é um risco para as economias do
velho continente, que se arriscam a ficar com o pior de dois mundos: economia
deprimida com inflação baixa e juros altos.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Salvo melhor opinião, parece-me que ter profissionais de saúde e
cuidadores vacinados é como ter trabalhadores com coletes refletores e
capacetes nas obras.
(…)
Outro debate é a obrigatoriedade geral da vacina. O corpo é a
última fronteira da nossa liberdade.
(…)
Por isso ninguém pode ser vacinado à força.
(…)
Todas as escolhas livres têm consequências.
(…)
Não as impedindo, a vacina reduz as infeções (…) e os internamentos.
(…)
A liberdade de quem não se quer vacinar não pode retirar a todos a
liberdade de regressarem à vida normal. Nem pode rebentar com o
SNS, causando vítimas de outras doenças.
(…)
A realidade muda quando estamos perante uma emergência pandémica.
(…)
Entre os maiores opositores da vacinação estão os que defendem
discursos securitários.
(…)
Ao contrário do que se pensa, a liberdade perdeu valor político.
(…)
O egoísmo, que é coisa diferente, é que está fortemente
inflacionado.
(…)
O que não tem de ser obrigatório não deve ser obrigatório. Mas
este é um debate muito difícil e em aberto se todos os outros se esgotarem.
(…)
Não é fácil dizer a quem recusa a vacina que a sua liberdade
individual não está acima de tudo quando o lucro e o mercado continuam a estar.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Alguns dos momentos em que o Governo enfrentou maiores
dificuldades estão relacionados com a relação com o mundo do futebol.
(…)
Foi assim no ano passado, aquando da realização da fase final da
Champions em Lisboa.
(…)
Depois disso, com o laxismo nas celebrações do título do Sporting
e, de novo, com a autorização à última hora da final da Champions, desta feita
com público, no Porto.
(…)
Foi com justificada estupefação que se assistiu ao apoio de vários
responsáveis políticos a Luís Filipe Vieira nas eleições do Benfica.
(…)
A pairar sobre tudo persiste uma reverência para lá do razoável do
poder político face a tudo o que envolve a Seleção.
(…)
Em lugar de alguma proatividade para a mudança, os políticos
escolheram fazer vénias contínuas aos dirigentes do futebol.
(…)
Agora que a procissão judicial ainda vai no adro, é oportuno
refletir sobre o caráter instrumental do mundo do futebol para a articulação de
várias esferas de poder.
(…)
Tudo devidamente oleado por uma cultura de escrutínio débil e por
clubes com práticas institucionais frágeis.
(…)
Após o colapso do universo BES este mundo ficou mais exposto e a
única forma de ser resgatado era a fuga para a frente.
(…)
Que os políticos não se tenham
apercebido disto em tempo útil é um erro de perceção preocupante.
Pedro Adão e
Silva, “Expresso” (sem link)
Desce-se nos processos e lá
aparecem os mesmos bancos, os mesmos agentes, os mesmos suspeitos do costume.
(…)
Se o Apito Dourado foi
escandalosamente arquivado, o Football Leaks ao princípio quase ignorado e
personagens como Paulo Gonçalves estranhamente isolados das mãos que lhe davam
de comer, agora está a ir tudo a eito.
(…)
O comissionista amigo de
Vieira que é também amigo da família Pinto da Costa, sendo ambos amigos do
agente Jorge Mendes.
(…)
Aqui os amigos são Bruno
Macedo, que tanto transaciona jogadores com Luís Filipe Vieira como cobra
comissões de 20 milhões à MEO nos negócios com Pinto da Costa.
(…)
Se [José António dos Santos]
é testa de ferro de Vieira, é um César feito bruto.
(…)
Vieira vive da reforma, está
cheio dele fora do país ou atolado em dívidas pós-Salgado em Portugal?
(…)
O futebol é um desporto de
clubes falidos com jogadores, agentes e dirigentes ricos.
Pedro
Santos Guerreiro, “Expresso” (sem
link)
Na semana passada, os deputados do
Parlamento Europeu votaram um relatório de iniciativa que expressa a sua
posição sobre esta revisão [do Pacto de Estabilidade e Crescimento]
(…)
O relatório começa por aplaudir a
ativação da cláusula de escape do PEC, que suspendeu a sua aplicação e permitiu
aos países da União Europeia gastar
o que fosse necessário na resposta à crise provocada pela pandemia.
(…)
O relatório conclui que “a política
orçamental tem de desempenhar um papel mais forte”, sobretudo tendo em conta
que a maioria dos países se encontrará em incumprimento do PEC quando a
cláusula for desativada em 2023.
(…)
Por esta altura, já não há desculpa para
não saber que apertar o cinto é a pior forma de responder a uma crise
económica. Essa receita foi
tentada na periferia europeia e os resultados foram desastrosos
(…)
Ao estimular a economia por via do
investimento ou das políticas de rendimentos, o Estado pode impulsionar o
crescimento e permitir que o rácio da dívida diminua de forma mais sustentável.
José Gusmão, “Público” (sem link)
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