(…)
A
origem do Pegasus, que foi objeto de uma grande investigação do jornal
britânico The Guardian, está em Israel.
(…)
Informações
recolhidas de conversas, nomeadamente de cariz sexual, eram utilizadas para
chantagem, para ameaçar com a divulgação de determinados segredos.
(…)
Segundo
foi apurado [pelo The Guardion], terão sido alvo de infeção informática e de
espionagem (…), quase duas centenas de jornalistas dos principais órgãos de
comunicação de todo o mundo, membros de organizações da sociedade civil e mesmo
governantes.
(…)
Toda
esta história é grotesca e gravíssima, mas serve de alerta sobre a existência
de um mercado de ciberespionagem que não pára de crescer.
(…)
De facto,
trata-se de uma máquina de violações grosseiras de direitos humanos e de
controlo político. Seria aceitável que estas revelações não tivessem consequências?
José Soeiro, “Expresso” Diário
Em
muitos países da Ásia, na Europa, nas Américas, o direito de voto é um
parêntesis.
(…)
Mas
talvez seja nos Estados Unidos que se concentram agora algumas das ameaças aos
direitos democráticos que podem ter mais consequências, pois procuram viciar o
processo eleitoral no país mais poderoso do mundo.
(…)
Derrotado
por cerca de dez milhões de votos populares, Trump mantém a máxima pressão
sobre o seu partido, aspirando a uma candidatura em 2024.
(…)
Continua
assim uma pressão que divide o país de alto a baixo e ainda justifica o ataque
ao Capitólio como uma operação patriótica.
(…)
Segundo
a Gallup, há duas décadas 47% dos republicanos acreditavam nos media
tradicionais, agora esse número reduziu-se para 10%.
(…)
Esta
intoxicação [da desinformação das redes sociais] condiciona as primárias
republicanas para a escolha de candidatos e assegura o controlo do partido por
Trump.
(…)
Brad
Raffensperger, o republicano que era responsável pelas eleições no estado [da
Georgia] e que recusou as instruções de Trump para lhe “arranjar” uns milhares
de votos que falsificassem o resultado, foi afastado da sua função.
(…)
O
primeiro objetivo desta campanha é assegurar o controlo partidário das
instituições que organizam as mesas de votos e verificam os resultados.
(…
Mas
há ainda um segundo objetivo: reduzir a votação das comunidades que são
tradicionalmente os pontos de apoio de outros partidos, em particular da
minoria negra.
(…)
Para a nova direita, as eleições são
simplesmente um truque para ser manipulado. Será que nos vamos habituar?
Francisco Louçã,
“Expresso” Economia (sem link)
Angela Merkel, na sua última grande conferência de imprensa enquanto chanceler
alemã, assumiu que não fez o suficiente para cumprir as metas climáticas do
acordo de Paris.
(…)
É a confissão da culpa, feita pela
principal voz da elite política europeia, no falhanço face ao futuro do planeta
e das jovens gerações.
(…)
É quando o planeta se
queixa que percebemos a real dimensão do problema.
(…)
Não é só na Europa que
assistimos aos efeitos das mudanças climáticas.
(…)
Mas, enquanto milhões
lutam contra as alterações climáticas, há uns quantos, uma mão cheia
deles, que querem sair daqui rapidamente.
(…)
Numa sociedade distópica,
a elite que beneficiou da hiper exploração prepara a sua fuga de um planeta em
agonia.
(…)
A disputa entre os
milionários astronautas é, além de disparatada, um hino ao egoísmo, a
ilustração da completa ausência de empatia com o resto da humanidade.
(…)
O novo negócio das
viagens espaciais é mais um ataque ao futuro do planeta, a emissão de
mais gases com efeitos de estufa e uma nova machadada na camada de ozono.
(…)
Num momento em que as
desigualdades são crescentes e a pandemia fez disparar a pobreza, o capricho
destes milionários é um insulto a todos nós .
Pedro
Filipe Soares, “Público” (sem
link)
[Sobre
a greve dos trabalhadores da Groundforce] Francisco Calheiros
[Presidente da Confederação do Turismo] passou a responsabilizar em pé de
igualdade os sindicatos a empresa e o Governo.
(…)
Ora,
o presidente da CTP sabe que na Groundforce se vive uma instabilidade salarial
insustentável, que o salário é um direito humano fundamental, e que é
inqualificável exortar um governo a fazer uma requisição civil de trabalhadores
a quem não se paga salários.
(…)
E
sabe ainda, que o acionista maioritário - Alfredo Casimiro (…) só lhe
interessa, sem qualquer merecimento, ter ganhos pessoais.
(…)
Como
é possível o Estado oferecer empresas a um qualquer potencial bandalho e, como
é que um governo não tem armas para enfrentar vigarices empresariais?
(…)
Esta
semana, no Fórum para a Competitividade [uma das coisas que se ouviu]
foi a velha culpabilização e pedinchice ao Estado.
(…)
Na
realidade, um problema do país é continuarmos a ter bastantes patrões e
gestores que fingem desconhecer o trabalho digno e se atrevem a,
unilateralmente, considerarem-se bons juízes da competência alheia.
O
sucessor de Trump é mesmo um homem e as suas circunstâncias.
(…)
Os
equilíbrios internos do Partido Democrata obrigavam Biden a dar passos à
esquerda, mas não ao ponto de impedir críticas da ala mais progressista do
partido.
(…)
A
densificação política de Joe Biden tem sido assertiva e bem comunicada.
(…)
Biden
fala para a fractura exposta da sociedade americana quando salienta que 90% dos
programas de criação de emprego se dirigem a não licenciados.
(…)
Bernie
Sanders perguntava porque se considera radical que finalmente se invista nas
necessidades da classe trabalhadora do país, ignorada durante décadas para
apaziguar as vontades de 1% da população?
A
extrema-direita sempre foi um atalho que a elite económica encontrou para impor
o que já não consegue em democracia.
Daniel Oliveira, “Expresso” Diário (sem link)
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