(…)
Foi ela quem marcou a política destrutiva dos países da periferia
com a crise das dívidas de 2011 das troikas, sacrificando Portugal.
(…)
O que é facto é que os governos europeus se sentem órfãos.
(…)
No seu país, no entanto, o cansaço-Merkel dominava. Não é para
menos. A sua herança é pesada.
(…)
Ainda hoje [a Alemanha] é um dos maiores emissores de dióxido de
carbono per capita, acima da média europeia.
(…)
A Alemanha não aproveitou os juros negativos para remodelar a sua
infraestrutura.
(…)
O investimento público baixou dos 4% (…), uma média historicamente
inédita na Alemanha, com efeitos trágicos.
(…)
[A transição demográfica] significa um custo para os sistemas de
pensões, agravado pelos juros negativos, e mobiliza a necessidade de imigração,
que tem um preço político explorado pela extrema-direita.
(…)
A herança de Merkel é, sobretudo, a fuga ao problema.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Um dos mistérios da campanha eleitoral foi a bravata de António
Costa contra a Galp, prometendo-lhe uma “lição exemplar” pelo despedimento
coletivo que está em curso.
(…)
Tratou-se unicamente de uma mensagem nacional para abrir
telejornais.
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O Governo é acionista da Galp (7%) e não moveu uma palha em
qualquer momento do processo.
(…)
A ministra do Trabalho poderia ter impedido o despedimento
coletivo e ficou impávida.
(…)
A “lição exemplar” é que a Galp fica a saber que pode fazer o
despedimento coletivo.
(…)
Sendo desagradável o despedimento, siga a parada.
(…)
Não vejo como se possa conceber um sketch mais curioso sobre o
“segura-me, se não eu bato” de um Governo em relação a um gigante económico.
(…)
Era não só possível como necessário gerir a redução de emissões e,
ao mesmo tempo, garantir o emprego destes técnicos qualificados.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O quadro institucional pelo
qual a União se rege foi moldado tendo a estratégia e os interesses da Alemanha
no centro.
(…)
Se se concretizar uma
guerra comercial dura entre o "Ocidente" e a China, as suas [da
Alemanha] fragilidades vão aumentar face à sua dependência energética da Rússia
e de mercados perante a China.
(…)
Nos comentários políticos
surgem análises carregadas de elogios à figura e obra da quase ex-chanceler
alemã.
(…)
[Merkel] termina o mandato
parecendo não saber (será?) o que fazer com o Pacto de Estabilidade perante o
esforço feito para responder aos impactos da pandemia.
(…)
O que sobrará para nós,
portugueses?
(…)
Os que pregam que a
"bazuca" tudo resolverá estão a enganar-nos.
(…)
No PRR estão identificados
meios financeiros para reforçar capacidades do Estado em áreas fundamentais
para as pessoas.
À
medida que a retoma económica se instala mundialmente, a procura por matérias-primas
disparou e o mesmo aconteceu nos preços do combustível e do gás.
(…)
E, alerta à navegação, não há qualquer teto à
vista.
(…)
Os mais pessimistas não se arriscam a fazer
prognósticos tal é a volatilidade.
(…)
A energia elétrica seria a nossa salvação num
mercado de energia que está a ficar louco.
(…)
Só que
o esperado nem sempre se torna realidade, particularmente quando do outro lado
da balança do interesse público se encontram os interesses das grandes empresas
de produção de eletricidade.
(…)
Para
garantir lucros avultados às grandes empresas elétricas o Governo decidiu
desviar do Fundo Ambiental centenas de milhões de euros.
(…)
Isto não é política climática, é um saque.
(…)
O
mercado de eletricidade está baseado em regras absurdas em que o Governo não
quer mexer, para não tocar nos interesses dessa elite económica.
(…)
Na
prática, estamos a pagar a água que passa nas barragens para a produção de
eletricidade ao preço de gás natural - o tal que já quadruplicou de preço desde
abril.
(…)
O problema tem derivações internacionais.
(…)
A situação é catastrófica e começará a
sentir-se em Portugal de forma cada vez mais visível.
(…)
São
novas rendas para beneficiar os mesmos de sempre, desta feita à custa de
dinheiro público que devia ser usado para combater as alterações climáticas ou
criar mais eficiência energética.
Pedro Filipe Soares, “Público” (sem link)
O presente confirma-o. Apesar de socialmente
desequilibrada, ocorreu uma democratização dos meios eletrónicos.
(…)
Todavia, esta explosão trouxe também consigo a
possibilidade de tudo poder ser dito, transmitido e publicamente exposto, sem
que instrumentos capazes de impedir a mentira e a manipulação.
(…)
Em sociedades hipercomunicantes, onde
«online» e «offline» se confundem, são indispensáveis regras que protejam uma
comunicação capaz de aproximar, mas combatam a que instala a violência e o
caos.
Rui Bebiano, “Diário as beiras”
Este
modelo de cidadania [democracia] assenta no pluralismo, no respeito pela
diferença expressa pela multiplicidade de vozes e na valorização da divergência
de opinião como ponto de partida para o progresso social.
(…)
A Carta do Porto Santo, como ficou designada,
por ter sido nesta ilha portuguesa que se juntaram vários decisores políticos
da União Europeia, é um guia de ativismo que exorta a uma nova democracia
cultural na Europa.
(…)
A cultura é tanto a tradição que herdamos como
a criação contemporânea.
(…)
A Carta do Porto Santo propõe aos decisores
políticos o desenvolvimento de planos de ação que liguem a educação à cultura,
respeitando os desafios da diversidade, da inclusão e da democracia.
(…)
É preciso, através da cultura, conceder a
oportunidade de participar, de estar mais informado e instruído, de permitir
criar e fruir experiências culturais.
(…)
O ativismo pela cultura e pela arte converte-se
num grito de liberdade da sociedade.
Bruno Paixão, “Diário as beiras”
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