(…)
Já Lisboa, em que a vitória é, pela surpresa, um feito
extraordinário, levanta questões difíceis ao PSD.
(…)
Com as regras das eleições autárquicas, em que ganha o primeiro,
foi suficiente para Moedas.
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Na capital, a direita mobilizou-se e concentrou voto.
(…)
Como mostra o aumento da abstenção nas freguesias mais de esquerda
e a sua diminuição nas de direita, a esquerda desmobilizou.
(…)
Para aplicar todo o seu programa [Moedas] teria de ter maioria.
(…)
[Em Lisboa a oposição tem de preparar-se] para concorrer coligada,
com um rosto mobilizador, daqui a quatro anos.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
[A proibição de venda de um conjunto de produtos nas escolas
públicas] desencadeou lamentáveis reações.
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Trata-se de uma medida que vem de encontro aos anseios de grande
parte da sociedade portuguesa.
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O despacho (nº 8127/2021) só peca por tardio e reúne um vasto
consenso no país.
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82% dos portugueses apoiam a intervenção do Estado no domínio
específico dos alimentos nas escolas.
(…)
Com um bom senso e um nível de informação que reflete melhorias na
literacia dos portugueses, a opinião pública veio reconhecer o óbvio.
(…)
Num país em que 31,6% das crianças têm excesso de peso e 14% são
obesas e onde os erros alimentares têm um efeito devastador na saúde pública.
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A lista de doenças resultantes de uma alimentação pouco saudável é
infelizmente longa.
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Felizmente os conselhos diretivos das escolas anteciparam-se
muitas vezes.
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[Muitas crianças são] expostas à vasta operação mediática e
comercial de uma indústria alimentar cujos propósitos estão longe de querer
promover a saúde pública.
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A pseudoliberdade para comer errado, [leva a que sejam] as
famílias mais pobres e educacionalmente menos capacitadas que mais vulneráveis
estão às propostas da junk food.
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A escola afirma e dá o exemplo.
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É preciso melhorar a qualidade das cantinas tornando a refeição
uma prática educativa em si mesma e não um serviço barato.
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Tal como é preciso ligar a educação para a alimentação à educação
para a saúde.
Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)
Esta vitória [do PS nas autárquicas] convive com tendências que
devem fazer soar várias campainhas.
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Todos os dados dão conta de que o PS é um partido crescentemente
ancorado no voto dos mais velhos, dos menos qualificados e daqueles que vivem
com dificuldades económicas.
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Ao mesmo tempo, há indícios de que o PS está em perda junto dos
mais jovens, dos mais qualificados .
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As campanhas eleitorais do PS têm sido um fator de desmobilização
eleitoral.
Pedro Adão e Silva, “Expresso” (sem link)
Os
resultados eleitorais de uma grande cidade, Lisboa em primeiro lugar, Porto e
Coimbra a seguir, têm sempre uma interpretação nacional.
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Duas
razões para a desmobilização que afectou o PS: a convicção da vitória,
alimentada pelas sondagens, e o cansaço (nacional, em particular) com uma
governação exausta e cada vez pior.
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O que
se passa hoje é que durante uma campanha eleitoral é muito difícil saber como
as coisas estão a correr.
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Há uma
contradição de fundo entre o programa da coligação Novos Tempos e o programa
“real” das forças motoras internas ao grupo à volta de Moedas e à miríade de
pequenos partidos que o apoiaram.
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Os
programas eleitorais têm um papel irrelevante nesta escolha, pelo que os Novos
Tempos podiam lá pôr o que quisessem que a “direita” não deixaria de ir lá
votar como votou.
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O programa dos Novos Tempos estava cheio de
“almoços grátis”.
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Rio ganhou tempo e alguma folga comunicacional.
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[Os adversários de RIO] por
sua vez, continuarão amanhã a fazer o mesmo que faziam antes, até o PSD ser
capturado pela direita mais radical.
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[A
vitória de Moedas] é uma estratégia mobilizadora para a direita, pode ser
eficaz contra o PS isolado, mas é perdedora contra uma aliança de esquerda
pós-eleitoral.
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Em
ambos os casos [a pandemia e as suas repercussões económicas] a oposição não
conseguiu ir mais longe do que críticas pontuais, seja de Rio, seja dos
partidários dos decibéis.
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Costa
conseguiu muita coisa, mas nunca conseguiu contrariar a fragilidade de um
governo minoritário do PS que precisa de aliados orçamentais.
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A perda de soberania em matérias fundamentais
como o Orçamento é mais grave do que se pensa.
Pacheco Pereira, “Público”
(sem link)
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