sábado, 13 de novembro de 2021

CITAÇÕES

 
O “Jogo da Lula” tem uma força universal por ser a representação mais cruenta do reverso do sucesso do capitalismo: a série retrata o inferno e fá-lo sem disfarces nem condescendência. 

(…)

Este salto económico [da Coreia do Sul] teve esse preço de submissão e destruição social. 

(…)

Desde 2015, generalizou-se entre os jovens sul-coreanos uma designação para tal êxito económico: isto é o “inferno Jaseon”, dizem.

(…)

Este “inferno Jaseon” é também o capitalismo e a sua fantasia meritocrática, que promete que se pode subir condenando os adversários, toda a gente joga contra todos e o egoísmo é a virtude.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

De tão habituados que estamos, em resultado de anos e anos de garrote nos salários e quase estagnação económica, temos dificuldade em conceber uma outra economia em que seja difícil comprar.

(…)

Em linguagem da economia [até há bem pouco tempo] foram tempos de escassez da procura.

(…)

Muitas empresas sentem dificuldade em comprar matérias-primas e outros materiais e em contratar trabalhadores dispostos a aceitar o salário e as condições de trabalho por elas oferecidos.

(…)

trabalhadores portugueses, em particular jovens, procuram salários decentes no estrangeiro, logo escasseiam em Portugal em diversos setores.

(…)

[Há empresas que] deslocam os seus trabalhadores para o estrangeiro em vaivém semanal, semelhante ao anteriormente praticado em território nacional.

(…)

Os trabalhadores que se deslocam contam estatisticamente para o emprego em Portugal. Todavia, não é em Portugal que trabalham e não é aqui que criam riqueza.

(…)

Só à luz destas novas tendências é possível compreender que, numa economia que se mantém abaixo do nível de 2019, exista menos desemprego.

(…)

A desvalorização salarial praticada ao longo de décadas é uma grande causa do bloqueio da economia portuguesa.

(…)

Empresários que se queixam da falta de trabalhadores persistem nos baixos salários e na defesa de um perfil da economia condenado.

(…)

Uma economia de pernas para o ar custa-lhe a produzir e a crescer, mesmo quando existe procura e recursos disponíveis para o investimento e para o consumo.

Carvalho da Silva, JN

 

Fugir ao confronto pode não ser uma especialidade, mas é, neste momento, a forma mais hábil de passar entre os pingos da chuva, aquela que se abaterá sobre tudo aquilo em que Costa mexa até 31 de Janeiro.

(…)

Recentes estudos de opinião revelam que boa parte dos portugueses distribuem a responsabilidade do chumbo orçamental pelo espectro político, apontando o papel do Governo e do PS como principal motor da crise.

(…)

Percebe-se que será o voto útil à Esquerda do PS o único que poderá destruir este namoro político [de Costa] pelo Bloco Central.

(…)

Uma guinada à Direita de um futuro Governo do PS é o fantasma ou diabo político que a Esquerda terá de saber agitar.

(…)

Desde 2015, tivemos um conjunto extraordinário de "cinco primeiras vezes" que fizeram migrar a política portuguesa para longe do marasmo das soluções de sempre.

(…)

A maturidade e compreensão da democracia parlamentar permitiu um Governo resultado de maiorias sem o partido mais votado.

(…)

Os entendimentos à Esquerda foram e poderão ser, uma vez mais, a solução popular para mais um período de governabilidade. 

Miguel Guedes, JN

 

Nos últimos dias, Portugal foi notícia na imprensa internacional. Por boas razões: a lei que proíbe os patrões de contactarem os trabalhadores durante o tempo de descanso.

(…)

Em junho desse ano (2017), o Bloco apresentou, pela primeira vez, um projeto para consagrar no Código do Trabalho o dever de desconexão por parte das empresas.

(…)

Além de significar uma invasão do tempo de descanso e uma colonização do tempo livre, esta hiperconetividade profissional agrava os fenómenos de esgotamento e perturba a vida privada e familiar.

(…)

A [proposta] do Bloco também foi chumbada com os votos contra do PS, PSD e CDS-PP.

(…)

[Em 2017] ficou tudo na mesma. Mas a ideia do “dever de desconexão” foi fazendo o seu caminho.

(…)

O simples facto de os trabalhadores receberem reiteradamente, fora do seu horário, contactos por parte da empresa é já um gesto de constrangimento e uma pressão.

(…)

Foi isso que aconteceu agora [o dever de não conexão por parte dos empregadores], à boleia da legislação sobre o teletrabalho.

(…)

A nova norma sobre desconexão, que será inscrita no Código do Trabalho, consagra o dever dos patrões se absterem de contactar os trabalhadores. 

(…)

Há muito a fazer para garantir mais respeito pelos tempos de trabalho e para ganharmos mais tempo para nós. 

(…)

[A nova lei com forte intervenção do Bloco] faz com que os trabalhadores tenham do seu lado uma arma mais para esgrimirem na luta pelo direito a viver para além do trabalho.

José Soeiro, “Expresso” Diário

 

O que está em causa no PSD não é apenas uma questão de liderança, nem sequer de táctica política, mas uma questão de identidade do partido e de fidelidade à intenção dos seus fundadores.

(…)

Os fundadores do PPD criaram um partido sui generis que combinava três tradições: a tradição do liberalismo político, a da doutrina social da Igreja e do personalismo cristão e a da social-democracia.

(…)

[A doutrina social da igreja] sabe, claramente, que entre patrões e operários não há igualdade – é uma relação cuja desigualdade é devastadora para a liberdade e que só diminui com direitos.

(…)

O PSD tem alguma responsabilidade no acentuar dessa desigualdade, em particular nos anos do Governo Passos-Portas-troika.

(…)

[O personalismo cristão] pode ser resumido a uma afirmação simples: o homem e a mulher são “pessoas” e não podem ser reduzidos à qualidade de cidadão.

(…)

Ser liberal significava amar e defender a liberdade, mas os fundadores do PSD sabiam a diferença entre a liberdade política e a liberdade económica no sentido restrito, ou, na sua versão moderna e mais perversa, a redução da “liberdade” ao estado mínimo e ao que hoje se classifica de “neo-liberalismo”.

Pacheco Pereira, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário