sábado, 6 de agosto de 2022

MAIS CITAÇÕES (193)

 
[Berlim] prepara-se para um inverno em que, ainda assim, dificilmente os seus cidadãos passarão o frio que os portugueses mais pobres passam todos os anos.

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E exigem a solidariedade de todos para lidar com o momento em que a Rússia cortará a torneira do gás.

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Esta é uma boa altura para recordar os termos das relações europeias.

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Na última crise financeira, alguns países foram castigados por estarem mais expostos ao aumento das taxas de juro.

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Mas a nossa alta dívida externa, a que uma moeda desadequada à nossa economia não é estranha, deixou-nos vulneráveis.

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Temendo o incumprimento, que deixaria a banca alemã exposta a uma renegociação das dívidas grega e portuguesa, Comissão Europeia, BCE e FMI foram os cobradores de fraque.

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[Tudo isto] resultou da natureza de uma moeda estruturalmente contrária ao processo de coesão e convergência que existia antes do euro. 

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Uma moeda que permite a alemães e holandeses manterem excedentes comerciais inéditos até terem aderido ao euro.

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Tínhamos vivido acima das nossas possibilidades, foi o mantra de uma UE incompetente para responder à crise bancária internacional.

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Nas últimas décadas, Alemanha e vários países europeus basearam parte do seu crescimento económico em energia barata russa. 

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Era tão compensador que nem valia a pena investir em renováveis.

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Ao contrário do que aconteceu em 2011, todos somos chamados a pagar a fatura. 

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Todos têm de cortar no gás para que ele não falte a quem se colocou nas mãos da Rússia [a Alemanha].

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Porque a Alemanha é o motor económico da Europa, demasiado grande para cair.

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Andámos a pagar para ser energeticamente autónomos e quem não o quis fazer, tendo mais recursos para isso, exige que paguemos a fatura da sua ganância.

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Aceitamos uma subalternidade que nos transforma em pedintes perante a Alemanha, em 2011, e em passivos contribuintes da Alemanha, em 2022. 

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O que faz do projeto europeu o oposto de uma união entre pares e o aproxima de uma relação colonial.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

O modo brutal como este verão as alterações climáticas atingiram quase todos os países europeus promete tornar-se um ponto de viragem histórica e moral. 

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Há perto de 30 anos que avisos sistemáticos alertaram, com fundamentos científicos cada vez mais seguros e consensuais, para as alterações climáticas. 

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Não quiseram declarar a emergência climática? Pois agora ela autodeclara-se, e aqui está.

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E fazemos o quê, quando durante anos deixámos as nossas cidades crescer às mãos do imobiliário e da finança especulativa, perante a complacência e até cumplicidade dos governantes?

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[Em Lisboa] o imobiliário continua a construir massas excessivas com materiais climaticamente inadequados, exigindo enorme esforço de climatização interior, agravando reflexamente a situação exterior. 

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Não admira, assim, que Lisboa, apesar do Tejo e do mar, seja considerada uma das cidades europeias mais expostas às ondas de calor.

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Se a situação era má desde o boom imobiliário dos anos 90, atualmente é muito mais grave.

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A diferença entre saúde e sobrevivência vai passar entre aqueles que se refrescam nos seus apartamentos e os que torram nas suas casas.

Luísa Schmidt, “Expresso” (sem link)

 

55% do total dos trabalhadores que estão nas administrações públicas têm, no mínimo, licenciatura. No setor privado são apenas cerca de 20%.

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É preciso fixar e aumentar o número de trabalhadores altamente qualificados.

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E a produtividade do emprego público devia medir-se pelos benefícios assegurados aos cidadãos, pois a sua atividade não é sobre produtos mercantilizáveis, com o objetivo do lucro.

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No conjunto das administrações públicas há muitas funções de alto risco, como é o caso dos profissionais da Polícia ou dos militares, que devem ser compensados, o mesmo acontecendo com os que têm forte responsabilidade social.

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Alguns críticos dos trabalhadores da AP alcunham-nos de privilegiados por terem emprego certo.

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A precariedade é velha, sendo retrógrada a ideia do emprego precário como modelo do futuro.

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A valorização do emprego público puxou pela melhoria dos direitos de todos os trabalhadores e contribuiu para uma sociedade mais inclusiva.

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As políticas de fundamentalismo orçamental impedem a sua [da Administração Pública] modernização e o reforço das capacidades humanas.

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A necessidade de rejuvenescimento [da AP] até baixará a média salarial nos próximos anos, dado que os jovens são mais mal pagos.

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Uma das áreas em que Portugal mais divergiu da União Europeia foi na política salarial para a AP.

Carvalho da Silva, JN

 

A condescendência com que vejo brancos a tratar negros por “tu” é diária.

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[A expressão “na tua terra”] não é dita a estrangeiros brancos, mas sim a pessoas que, curiosamente, têm em comum serem negras.

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Em regra, quando se diz que mandar um negro “para a tua terra” é racismo, o autor do insulto faz um ar espantado, diz que não disse ou, se há um vídeo a provar, diz que foi um ímpeto no calor do jogo.

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Sabemos como é. Os jogadores estrangeiros brancos estão a jogar e ninguém grita “vai para a tua terra”.

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Se o jogador é negro, a sua “terra” não é aqui, deve ser algures em África.

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A reacção aos casos de Marega e de Ivan Almeida é reveladora deste triste padrão. Ficámos a saber várias coisas. Que foram eles os insultados, mas que a culpa é deles.

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Mais curioso ainda é o castigo dado esta semana a Ivan Almeida. Um amigo chamou-me a atenção: a Federação Portuguesa de Basquetebol suspendeu-o por duas partidas. Não sei a razão formal.

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A mensagem parece clara: aos que lhe gritaram “macaco, volta para a tua terra”, Ivan Almeida respondeu mostrando a sua origem africana com orgulho.

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Anormal é a federação não ter dito nada sobre os insultos ao jogador e agora ter encontrado tempo para o castigar.

Bárbara Reis, “Público” (sem link)


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