(…)
O
projeto inclui 21 mil pessoas por 12 anos e é o mais extenso realizado até
hoje, estando ainda em processamento.
(…)
Essas
pessoas, que vivem em duas regiões empobrecidas, receberam o tal RBU.
(…)
O
pagamento, no entanto, não é universal nem naquelas regiões (só abrange maiores
de 18 anos, num país em que metade da população tem menos de 20 anos).
(…)
Houve
menos interação humana durante a pandemia e, assim, estas pessoas teriam tido
menos casos de contaminação covid.
(…)
Não se
comprovou que houvesse maior consumo de álcool ou outros.
(…)
No
entanto, apresentam uma conclusão problemática: quem recebeu este dinheiro
ficou com menores rendimentos.
(…)
Numa
economia com pouco emprego formal, as verbas foram utilizadas para estratégias
comerciais ou outras, e muitas dessas pessoas fracassaram.
(…)
O
empreendedorismo criou as suas vítimas e é surpreendente a condescendência com
que este facto é tratado pelas autoras.
(…)
As
pessoas empobreceram, dizem-nos Suri e Parekl, por terem usado o dinheiro no
que está ao seu alcance, comprar e vender mercadorias.
(…)
Nunca
houve experiências suficientemente amplas para se poderem tirar conclusões
sobre comportamentos sociais diferenciados.
(…)
O que,
em qualquer caso, fica aqui evidente é que a medida não procura criar emprego
e, portanto, rendimentos garantidos, mas antes oferece um donativo.
(…)
Que
defensoras desta filosofia apresentem este empobrecimento como um sucesso só demonstra
do que é capaz a ideologia que nega os factos.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
O
frenesim de viagens oficiais e oficiosas a Taiwan tem mais leitura pelas
eleições intercalares norte-americanas do outono do que por uma putativa
mudança de estratégia da Casa Branca em relação à China.
(…)
[Trump]
foi escalando o conflito com Pequim em termos comerciais e não é dele o início
deste xadrez com Taipé.
(…)
A
novidade histórica é que esta disputa de hegemonia no Pacífico e global ocorre
ao mesmo tempo que a integração entre as duas economias gera dependências
mútuas irreparáveis.
(…)
A
China criou uma grande rede de alianças (concede mais créditos do que o FMI,
emprestando a 100 países), realizando investimentos expressivos.
(…)
O
domínio norte-americano é militar (um orçamento de 750 mil milhões de dólares,
o triplo do da China), com 800 bases no mundo.
(…)
Os EUA
fracassaram em todas as guerras em que se envolveram diretamente nas últimas
décadas.
(…)
Se
alguém pensa que uma guerra resolverá a atual disputa pela hegemonia, é melhor
perceber que o seu resultado é incerto.
Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)
O pedido de demissão de Marta Temido
comprova que é mais difícil gerir o SNS do que lidar com uma pandemia.
(…)
O Governo continua a lidar com a saúde
pública recorrendo a paliativos.
(…)
Por força dessa abordagem, o SNS já deu
entrada nos cuidados intensivos.
(…)
Nos momentos derradeiros, já não se
percebia se as forças de bloqueio estavam dentro do governo ou se era a
ministra que bloqueava o diálogo com o sector.
(…)
Boa parte dos ataques que lhe são
dirigidos [à ministra] vêm daqueles que sempre foram um obstáculo ao
investimento no SNS.
(…)
Quando se olha para o SNS, vemos o
produto do sucessivo desinvestimento que se arrasta desde a "troika".
(…)
Verificam-se agora boa parte das razões
que levaram o BE e, depois, o PCP, a romper com a aprovação de sucessivos
orçamentos do Estado.
(…)
A saída de Marta Temido abre portas a um
amplo ataque de sectores, interesses económicos e políticos, nada interessados
numa visão pública e inclusiva do SNS.
O
Governo de Jair Bolsonaro enviou para as Nações Unidas, esta semana, a sua
versão sobre a situação dos direitos humanos no Brasil.
(…)
O
relatório enviado pelo Estado brasileiro apresenta, no entanto, uma série de
supressões e distorções da realidade em que o país se encontra.
(…)
[Há uma] falta de compromisso no
combate à letalidade policial e ao encarceramento em massa que atingem
maioritariamente a população negra, pobre e periférica do país.
(…)
O
Governo parece ignorar um dos marcadores mais graves da violação de direitos
humanos no país: o racismo sistémico e estrutural.
(…)
Quase
80% das pessoas mortas pela polícia em 2020 eram negras, ao passo que 66,3% da
população privada de liberdade, no mesmo ano, também era composta por negros.
(…)
Não
constam quaisquer iniciativas do Executivo ou do Legislativo objectivando, por
exemplo, a redução da taxa de encarceramento, como recomendado no último
período da RPU.
(…)
No combate à tortura no Brasil, é possível afirmar que houve
um grande retrocesso.
(…)
Sem o
mínimo para se discutir a protecção e a promoção dos direitos humanos, é
impossível garantir políticas públicas que, de facto, atendam a toda população
brasileira.
Camila Asano e Gabriel Sampaio, “Público” (sem link)
Quem vive do seu trabalho, neste país, enfrenta sérias
dificuldades no acesso a habitação condigna.
(…)
Os salários portugueses são baixos, comparativamente aos
salários europeus, e essa diferença reflete-se no salário mínimo e no salário
médio.
(…)
Já o mercado imobiliário português está ao rubro e com
tendência para aquecer mais.
(…)
Os senhorios usufruem da possibilidade de mercantilizar a sua
propriedade, reproduzindo o capital.
(…)
É legal e são rendimentos legítimos e tributados que, dessa
forma, também contribuem para a redistribuição da riqueza.
(…)
Não
devemos é comparar o recebimento de rendas, que integram a categoria dos
rendimentos de capital, aos rendimentos que provêm do trabalho.
(…)
E
claro que estes são também rendimentos tributados e que, muito mais do que as
rendas, garantem a redistribuição da riqueza.
(…)
Saber, de entre a riqueza gerada, qual fica nas mãos dos
trabalhadores e qual vai remunerar o próprio capital.
(…)
O desequilíbrio da balança tem vindo a acentuar-se e
sobretudo no que tem a ver com salários e rendas.
(…)
Ainda antes da recente subida da inflação, o aumento dos
primeiros não acompanhou o aumento das segundas.
(…)
Uma vez mais, parece estar a caminhar-se no sentido inverso
ao da luta contra as desigualdades sociais.
(…)
Não
estamos a caminhar para uma sociedade mais justa, mas sim para uma sociedade
liberal na qual a mais ínfima intervenção do Estado, na correção do mercado, é
lida como esquerdismo radical.
(…)
São
eles [os inquilinos], e todos os que cá residem e que têm baixos rendimentos,
que o Estado Português deve privilegiar quando legisla.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Sem comentários:
Enviar um comentário