(…)
A
grande prioridade do Governo é lidar com a inflação contendo o aumento de
rendimentos. Símbolo desta demanda é a trafulhice com as pensões.
(…)
Os
aumentos seriam de 7% ou 8%, em janeiro e passarão, sem contar com o
adiantamento, a 4,5%.
(…)
Menos
cerca de 250 euros no conjunto do ano de 2024 e em cada ano seguinte, em média.
(…)
A
obsessão do Governo é impedir que os rendimentos acompanhem a inflação.
(…)
Se o
temor é a espiral inflacionista, querem travar uma inundação com um pequeno
dique.
(…)
A
inflação chega a níveis que a história recente desconhecia por causa da guerra,
de problemas na oferta e do preço da energia.
(…)
[A
Alemanha com] oito vezes mais população e a um PIB 16 vezes maior não devia
corresponder um pacote 27 vezes superior ao português.
(…)
[Tal
como outros países já o fizeram há que criar] um imposto sobre os lucros
inesperados de empresas de energia ou outras que, à boleia da inflação, estão a
encher os seus cofres, retirando dinheiro ao conjunto da economia.
(…)
Só
que, em Portugal, lucros e rendas são sagrados, salários e pensões nem por
isso.
(…)
O que
define um governo de esquerda não é quem cobra mais ou menos impostos (…).
É como se divide o bolo.
(…)
Nos
últimos 20 anos, em que o PS governou a maior parte do tempo, os salários
cresceram sempre abaixo da produtividade. O bolo foi cumulativamente mal
dividido.
(…)
As crises
inflacionárias são muitas vezes aproveitadas para uma divisão ainda mais
injusta, retirando rendimento a quem trabalha.
(…)
Por
isso, os salários e pensões serão sacrificados.
(…)
No
caso dos pensionistas, vai à boleia da inflação para rever a lei e tirar-lhes
dinheiro a que teriam direito.
(…)
Habituado
a driblar cativações e baixo investimento com reversões de medidas da troika,
Costa viciou-se na arte do engano.
(…)
As
pessoas não gostam de empobrecer, mas detestam empobrecer e serem tomadas por
parvas.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
A
introdução da AIA (Avaliação de Impacto Ambiental) como procedimento
obrigatório no processo de licenciamento das atividades económicas foi um
avanço da mais elementar importância.
(…)
Diz-nos
o Governo que a AIA vai passar agora de obrigatória para talvez-depende-do-caso
ou até completamente-dispensável-e-desnecessária.
(…)
Outro
balde de areia que esta proposta nos atira para os olhos é o de que a
“simplificação” da AIA será feita apenas fora das áreas sensíveis — como se
fora das áreas protegidas não existissem rios, espécies, florestas ou pessoas que
possam ser contaminadas.
(…)
Este
“quem cala, consente” faz com que o Governo assuma o risco de possíveis danos,
que são, na verdade, responsabilidade do investidor.
(…)
Falemos
ainda da eliminação da necessidade de renovação da licença ambiental (prazos
que já eram longos agora passam a ser eternos).
(…)
O
objetivo desta norma é só um: facilitar a vida do investidor.
(…)
Retirar
a obrigatoriedade da AIA é um enorme retrocesso do ponto de vista ambiental e
de desenvolvimento tecnológico e económico.
(…)
O
Governo apresenta-nos uma lei que não cumpre os mínimos olímpicos ambientais,
pelo contrário.
Bianca Mattos, “Expresso” (sem link)
À luz da sua génese e dos seus compromissos eleitorais e programáticos, o
primeiro-ministro e o seu Governo estão a destruir o seu capital de confiança.
(…)
[A democracia] não sobrevive sem verdade, rigor nas propostas do Governo
e de todas as instituições que contribuem para a governação do país.
(…)
Não é tolerável que o Governo manipule,
por exemplo, os significados das medidas adotadas sobre as pensões ou sobre o
IVA da eletricidade. Os portugueses merecem respeito, todos!
(…)
O Governo sabe bem que as desigualdades
se estão a acentuar, que a pobreza alastra num país demasiado condescendente
com ela e sabe que não se vence a pobreza sem melhoria dos salários.
(…)
No fim da linha, onde estão os
trabalhadores que vivem dos seus salários, tal [transferir custos] já não é
possível.
(…)
E para acionistas de empresas que
aumentam preços à vontade, é oportunidade para brutal apropriação de riqueza.
(…)
Segundo o INE, a remuneração bruta mensal
média entre junho de 2021 e junho de 2022 cresceu 3%, enquanto a taxa homóloga
de inflação se situava em 8,73% e continuou a crescer.
(…)
Aproveita-se a situação de crise em que
estamos para desencadear uma "reforma estrutural" da Direita?
(…)
A governação com a agenda do PSD já
começou. Ficará mais espaço para a extrema-direita.
De
acordo com a consultora de aviação to70, o
Aeroporto Humberto Delgado é, a nível europeu, de longe o aeroporto com o maior
número de pessoas expostas por movimento aéreo, tanto num raio de 5km como de
10km.
(…)
Já o
relatório “Ruído ambiental na Europa 2020”
da Agência Europeia do Ambiente refere que Lisboa é a segunda pior capital
europeia em termos de exposição ao ruído do tráfego aéreo, logo a seguir ao
Luxemburgo.
(…)
Integra assim o grupo dos grandes aeroportos com o maior
número de pessoas expostas.
(…)
Em
julho de 2019, a associação Zero fez
medições de ruído no Campo Grande que revelaram valores muito acima dos limites
definidos no Regulamento Geral do Ruído.
(…)
Com o
regresso do turismo, as medições realizadas pela Zero em julho de 2022 em Camarate, no concelho de Loures, voltaram a
registar violações grosseiras dos limites estabelecidos.
(…)
No
entanto, é do conhecimento das autoridades, nomeadamente da Agência Portuguesa
do Ambiente, pelo menos desde 2017, que existe incumprimento da legislação em
vigor por parte da ANA – Aeroportos de Portugal.
(…)
Estudos científicos demonstram de forma inequivocada que o
ruído proveniente do tráfego aéreo provoca [entre outros malefícios para
a saúde, a redução e degradação da qualidade do sono, o aparecimento de lesões
vasculares, um aumento
do risco de admissão hospitalar por doença
cardiovascular, mortalidade mais elevada por doença cérebro – e cardiovascular…]
(…)
Os
grandes aeroportos europeus localizados próximos ou dentro de zonas urbanas já
instituíram interrupções de operação noturna
para proteger o bem-estar e a saúde da população.
(…)
Enquanto
a atuação do Governo continua subjugada aos interesses económicos de
multinacionais como a Vinci, concessionária da ANA – Aeroportos de Portugal, resta à sociedade civil
mobilizar-se.
Hans Eickoff, “Público” (sem link)
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