quarta-feira, 26 de outubro de 2022

CITAÇÕES À QUARTA (25)

 
Que a maioria absoluta do Partido Socialista significa uma reorientação política, desde que António Costa conseguiu acabar com a geringonça, é evidente.

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Contração dos rendimentos, desvalorização do Parlamento, substituição do diálogo com os partidos de esquerda pelos “acordos de regime” com o PSD, os patrões e a UGT.

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No acordo de rendimentos para o setor privado, assinado no início deste mês, o que coube aos trabalhadores? Uma promessa.

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Uma promessa cujo cumprimento está dependente da negociação coletiva e que, na melhor das hipóteses (…) equivalente a um salário por ano (de entre os 14 que quem tem contrato recebe).

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No imediato, o acordo apenas traz a certeza do empobrecimento.

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Em troca da aceitação desta perda real em 2023, com a meta dos 5,1%, a UGT renegou o essencial do seu programa, aprovado por unanimidade há apenas um mês.

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Aos patrões, pelo contrário, foi garantido um conjunto de volumosas borlas fiscais.

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O Governo não se atreve a estimar quanto perderá o Estado nesta oferenda.

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Na Administração Pública, o acordo, recusado pela Frente Comum, da CGTP, aponta para atualizações de salário numa média de 3,9%. De novo, perda de rendimento real face à inflação.

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Para a maioria dos salários da administração pública, 2023 será um ano de corte real, que se soma a uma perda acumulada de vários anos.

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De facto, para além de todas as limitações, ele [o acordo para o setor público] tem um gigantesco buraco: ficam de fora as carreiras especiais.

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Tudo somado, para lá do fervor dos anúncios e das cerimónias destinadas a mostrar que está tudo a “remar para o mesmo lado” (o do Governo, claro), o que fica é muito pouco. 

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[Sabe-se que] em Espanha, se acordou por exemplo um aumento retroativo a janeiro deste ano para compensar a inflação de 2022, que será pago aos funcionários públicos numa única prestação até dezembro.

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[Mas em Espanha] o PSOE não tem maioria absoluta. E isso faz muita diferença.

José Soeiro, “Expresso”

 

A ideia [do liberalismo] era maravilhosamente simples: os mercados serão umas amibas translúcidas em que todos prosperam, desde que cada pessoa prossiga implacavelmente a sua vantagem pessoal contra todas as outras.

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Milton Friedman, que não tinha medo das palavras, chamou-lhe o triunfo da “ganância”.

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A ideia deu origem a uns percalços políticos, como o apoio a ditaduras. (…) e nos Estados Unidos os liberais mais destacados opuseram-se às leis dos direitos civis e ao ensino não-discriminatório.

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A ganância é a tua vantagem e, ao mesmo tempo, é o que garante o progresso da sociedade, deve por isso ser a lei da Terra.

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É de ter pena do coitado do liberal que se meteu nos assados da teoria e da sua prática que, como sempre, é posta à prova quando a vida impõe escolhas.

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Ao escolher-se a si próprio, o nosso liberal trai o mercado em que tanto confiava nas suas palavras e ações.

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O dramalhão liberal é que a teoria fracassa se a prática fizer a escolha racional.

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Enquanto era só conversa e promessa de baixar os impostos para que toda a gente pensasse que assim compraria um Tesla ou um cabaz de criptoativos, era fácil. 

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E quando o mercado se zangou com a baixa dos impostos por Liz Truss, a culpa foi obviamente do José Sócrates de 2009.

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Mas, senhor, quando lhe bate à própria porta a conta da energia, vai o nosso liberal defender-se e trair o mercado, ou vai-se sacrificar no altar da teoria protegendo o mercado e, portanto, desmentindo a teoria que lhe assegurava que essa harmonia celestial era inabalável?

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

Com este orçamento, é indesmentível que: os professores perderão poder de compra; os professores do continente continuarão à espera de serem ressarcidos do tempo de serviço sonegado (enquanto os colegas da Madeira e dos Açores já o recuperaram); os professores dos quadros continuarão à espera da abolição das iníquas quotas para progressão na carreira; os professores contratados continuarão vítimas da precariedade; o país continuará a ver crescer o número de alunos sem todos os professores.

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Este OE é vazio de incentivos à colocação de docentes nas zonas críticas e à atracção dos jovens para a profissão.

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A portaria n.º 723/2022 autoriza que se torrem 408.906,80€ na contratação de 7496 juntas médicas, para fiscalizar os professores que pediram mobilidade por doença.

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Trata-se de uma tarefa impossível, segundo o vice-presidente da Federação Nacional dos Médicos, que tem por único objectivo lançar lama sobre médicos e professores.

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Ainda a propósito deste processo grotesco, relembro que João Costa disse haver, por semana, mil baixas por doença, apresentadas por professores. Manhosamente, não as reduziu a termos percentuais.

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Será que o ministro da Educação vai sugerir à colega da Justiça que contrate juntas médicas para fiscalizar os magistrados?

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Igualmente exemplo duma gestão desumanizada de pessoas é a situação dos técnicos superiores do Ministério da Educação (psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, entre outros)

Santana Castilho, “Público” (sem link)

 

O que todos esperam é que Sunak governe para os mais ricos e que defenda políticas que servem os interesses do poder económico.

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Sunak não servirá de exemplo como defensor das comunidades [hindus] que integram as suas origens, mas há uma lição muito importante que já conhecíamos e que confirmamos no seu percurso: nada molda mais uma pessoa do que as suas condições socioeconómicas.

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Qual a relevância de estarmos perante um primeiro-ministro com uma cor de pele diferente da de todos os anteriores? Nenhuma.

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O destaque que poderia merecer a ascendência de Sunak cai perante o facto de o mesmo representar o paradigma do último nível do capitalismo, aquele onde está uma percentagem ínfima da humanidade.

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Cada avanço isolado na luta pelos direitos das mulheres ou das minorias sem um correspondente avanço nas condições socioeconómicas das mulheres mais pobres ou das minorias mais desprotegidas é uma pausa nas próprias lutas.

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A chegada ao poder de uma mulher que não defenda e não represente as mulheres trabalhadoras que ganham os salários mais baixos é puramente ilusória para o feminismo.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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