(…)
Mesmo
que estes 5,1% chegassem para o objetivo, são indicativos, usando a
possibilidade de reduzir o IRC, que só metade das empresas paga, como cenoura.
(…)
Valem
nada em comparação com tudo o que de concreto foi conseguido pelas associações
patronais.
(…)
Os
patrões não negociaram bem porque não tiveram de negociar.
(…)
A UGT
assina os [acordos] todos.
(…)
A UGT
acha que a negociação não exige luta e cada acordo é uma prova de vida.
(…)
Um
acordo sobre rendimentos assinado à pressa [com os patrões] tem mais de apoio
às empresas do que de reforço de rendimentos.
(…)
Na
realidade, a queda da dívida pública não teve qualquer mérito do Governo.
Resulta do crescimento real da economia, depois da pandemia, e da inflação,
depois do começo da guerra, o que levou a um crescimento nominal das receitas
do Estado.
(…)
[O
Governo] não permitiu que os salários dos funcionários públicos acompanhassem a
inflação e o crescimento da receita.
(…)
Transferiu
para eles a dívida do Estado.
(…)
Como
Passos, o discurso de Fernando Medina foi centrado na fantasia de que as taxas
de juro dependem do nível da nossa dívida.
(…)
Tudo
depende de decisões do BCE.
(…)
Perante
a recessão na Alemanha e na Europa, não sei para onde irão [as nossas
exportações].
(…)
Prever
inflações improváveis é a forma de vender cortes (reais) como se fossem aumentos
(nominais).
(…)
Os
escalões próximos do salário mínimo são protegidos, porque não aguentariam
perder mais.
(…)
Mas o
resto dos trabalhadores já foi abandonado à sua sorte.
(…)
No
presente a produtividade sobe e os salários reais caem a pique, numa
transferência de rendimentos do trabalho para o capital maior do que no tempo
de Passos.
(…)
Até
junho tivemos um aumento médio dos salários de 3,6% para uma inflação que, na
versão otimista, andará pelos 7,4%.
(…)
No
Estado, depois de aumentos na Função Pública de 0,9% em 2022, o Governo propõe
para 2023 um aumento médio de 3,6%.
(…)
A
estabilidade das contas públicas consegue-se à custa da instabilidade das
contas das famílias.
(…)
Não é
por vir com um laçarote socialista que esta prenda merece menor revolta.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
O objetivo [de "aumentar o peso dos salários no PIB de 45% para 48%
até 2026"] exige o esforço de uma maratona.
(…)
Este ano, muitas centenas de milhares de
trabalhadores, desde logo da AP, vão perder o salário de um mês. Os outros têm
perdas significativas, com exceção dos que auferem o SMN.
(…)
O Governo sabe que não há melhoria geral
de salários sem contratação coletiva e esta continuará bloqueada.
(…)
O primeiro-ministro, a ministra do Trabalho
e todos os que andaram a justificar a não atualização das pensões de acordo com
a lei não têm vergonha de terem martelado contas e criado suspeição sobre a
Segurança Social?
(…)
As suas [do ministro da Economia] peias
ideológicas é que o impedem de ver que nos processos de privatizações, alguns
reivindicavam proteção ao capital nacional e à primeira oportunidade venderam
as empresas a estrangeiros.
(…)
[O ministro] identifique o rol de
benefícios fiscais e outros que estão inscritos no recente Acordo de
Concertação e descubra os riscos que os empresários assumiram como
contrapartida.
(…)
Os portugueses não são contra as empresas
e os empresários, mas têm direito a melhor distribuição da riqueza.
(…)
Se o austeritarismo não resolveu as
crises anteriores, não é agora, quando os problemas não resultam nada dos
salários e do consumo, que vai resolver.
(…)
Há que ir para a rua exigir rigor e
soluções.
Ocupar altos cargos, políticos ou não, normalmente requer a
oportunidade de acesso a uma boa educação.
(…)
Não
chegar a uma universidade faz com que o indivíduo tenha uma restrição em
relação aos inseridos na comunidade académica, das possíveis oportunidades de
carreira que poderão seguir.
(…)
Ter
representantes de todas as camadas sociais nas mais diversas áreas revela-se
importante, visto que só o oprimido é suficientemente capaz de relatar e fazer
serem debatidos os graus da sua opressão.
(…)
[Enquadrar
alguém como “traiçoeiro”] parece ser uma forma de simplificar o processo para
os juízes, ou seja, se o réu é cigano não haverá muito mais a apreciar.
(…)
Não
haver presença de uma
determinada camada da sociedade em instituições de poder cria uma noção de “nós
contra eles”, em que “eles” são inimigos dos bons costumes.
(…)
É
preciso reconhecer quem são “eles” em nome de prosseguir uma ideia verdadeira
de “nós”, para que as leis e as sentenças sejam feitas por nós e sirvam para
nós — a comunidade residente em Portugal, não só a comunidade portuguesa.
(…)
Não
parece ser concebível estudar de forma suficiente a ciência jurídica sem tocar
de forma mais profunda a ciência que se versa sobre as relações sociais.
(…)
Sejamos
nós a ajudar a tirar a “capa da invisibilidade” dos que a portam de forma
indesejada, para que eles possam passar a viver entre nós e não apenas sobreviver.
Stefanie Santos, “Público” (sem link)
Sei
que parte da estratégia de Trump é repetir tantas vezes uma mentira, e com
tanta convicção, que ela acaba por tornar-se verdade.
(…)
A
quantidade de vídeos de líderes da extrema-direita um pouco por todo o mundo a
apoiarem Bolsonaro, uma espécie de “vamos dar as mãos e cantar uma canção”,
fez-me sonhar com a união de todos eles. Mas longe daqui.
(…)
Pus-me
a pensar se não seria mais fácil, em vez de tentarem tão activamente destruir a
terra, irem inaugurar outra e fazerem por lá o que bem entenderem.
(…)
Já
existe, na cabeça deles, um outro mundo, um mundo muito próprio, onde coabitam.
Resta mudarem-se para lá. Por outras palavras: Fascistas, vão para a vossa
Terra! Ela espera por vocês.
(…)
Para quê tentar fazer desta terra “grande outra vez” se podem
fazer uma que seja grande desde o começo?
(…)
Convenhamos
que a pátria de que falam não é tanto o próprio território, como querem alegar,
quanto os ideais que partilham. E esses podem ser implantados em qualquer outro
sítio.
(…)
Talvez
se apercebessem logo na viagem de que não têm um plano concreto além de odiar,
e que isso se torna mais complicado se não tiverem o que odiar.
(…)
Talvez começassem a entrar em pânico ao perceber que não são
nada sem os objectos do seu ódio.
Madalena Sá Fernandes, “Público” (sem link)
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