(…)
Porque
é que sacrificaram sem remorso a sua ideia, tão convidativa, de baixar os
impostos dos mais ricos?
(…)
Quando
Truss apresentou o seu programa fiscal, a conta era choruda: 45 mil milhões de
libras para as empresas e 60 para custos energéticos, em grande medida também
para empresas distribuidoras e consumidoras.
(…)
Não
havia nisto nenhuma surpresa, pois há dez anos os mais thatcheristas do Partido
Conservador (…) [acreditavam no] impulso económico criado pela baixa de
impostos e pela inundação de apoios ao capital.
(…)
Não há
especuladores dispostos a apostar neste agigantamento do défice público.
(…)
O
Banco de Inglaterra despediu Truss.
(…)
Baixar
os impostos esperando mais investimento e que assim se compense o défice, isso
já foi experimentado sob outra forma, a de um longo período de juros nulos — e
o investimento reduziu-se.
(…)
Quando,
há poucas décadas, [os liberais] transformaram os bancos centrais em unidades
políticas inexpugnáveis à vida democrática, retiraram aos países a capacidade
de gerir as economias.
(…)
[Na
zona euro a evolução foi diferente] foi porque o BCE violou as suas regras
desde 2012 e financiou as dívidas públicas, na prática, sem limitação.
(…)
Submetendo
a Europa e, em particular, reduzindo a Alemanha a uma nova forma de dependência
energética, os EUA usam o poder imenso do banco central que financia a sua
dívida gigantesca.
(…)
[Na Europa] limitarem a inflação
controlando os preços da energia é que nunca poderia ser, Zeus [mercado]
lançaria a sua fúria contra nós.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A sua [de
Henrique Raposo] ideia de que uma misteriosa “neurobiologia” e a “doença
mental” explicariam os pobres é tão grotesca que dispensa argumentação.
(…)
Não há
mais ninguém na extrema-direita que se rebaixe ao ponto de apresentar este
racismo social com vestes de pseudociência.
(…)
Discutir
com ele não exige mais do que apresentar a sua própria linha de defesa.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
A identidade portuguesa ilumina-se numa décima ligação energética
adicional, através do Minho e da Galiza.
(…)
O PSD, à falta de possibilidade de
intervenção decisiva no debate orçamental, resolveu inflamar o gasoduto
ibérico, agora também franco.
(…)
A França de Macron adere ao plano ibérico
com tão aparente ligeireza que dá ideia de ter notas de autor e de interesse.
(…)
Se a questão do custo é importante,
fundamental será saber o preço a pagar pelo que parece ser uma inversão de
estratégia a todo o custo.
(…)
Aparentemente, sabe-se agora, o
"MidCat" não está em causa.
(…)
O que seria um ganho indesmentível, à
partida, gera muita contestação. Desde logo, porque a própria utilização de
hidrogénio verde está muito pouco estudada e ainda não tem aplicação real na
indústria.
(…)
Nenhuma opção resiste à opacidade.
Uma mulher tem os mesmos direitos que um homem e, nesse
elenco, está certamente o direito a defender posições antifeministas.
(…)
A extrema-direita normalmente inclui o antifeminismo
declarado.
(…)
Por cá, temos o exemplo da deputada do Chega Rita Matias.
(…)
[As mulheres devem] essa oportunidade [de
assumir cargos de responsabilidade política] à luta de milhares de mulheres que
começaram por lutar pelo direito ao voto, mas que nunca pararam de se bater
pela igualdade entre homens e mulheres.
(…)
Acontece
que outra pergunta tem de ser feita: deve o feminismo celebrar a chegada ao
poder de mulheres antifeministas? E aqui a resposta é não.
(…)
Trata-se [o feminismo] de uma luta coletiva.
(…)
Não se trata de zelar pelo interesse próprio, mas sim de
zelar pelo de todas as mulheres.
(…)
Este tema surge ainda na sequência de Giorgia Meloni ter
alcançado a posição de primeira-ministra de Itália.
(…)
Alegam [as feministas liberais e os liberais] que uma mulher
não deve passar pelo crivo da pureza ideológica para chegar ao poder.
(…)
Pretende-se
que o feminismo celebre um evento político que, não obstante ser protagonizado por uma mulher,
marca um retrocesso para todas as outras e, já agora, para a comunidade no seu
todo.
(…)
E se
for uma mulher a liderar um governo que pratica genocídios ou limpezas étnicas?
Continuam a aplaudir? Qual é o limite?
(…)
Este
feminismo [liberal] vive bem com o infortúnio das mulheres enquanto grupo, e
enquanto sujeito político, e sobretudo com o infortúnio das mulheres mais
vulneráveis às consequências de governações como são as de extrema-direita
(…)
[O antifeminismo de extrema-direita] anuncia com clareza ao
que vem e obriga a que a maioria das mulheres levante a guarda.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Se o ex-chefe de Estado brasileiro voltar a ganhar a eleição no domingo,
impedindo um segundo mandato de Jair Bolsonaro, na segunda-feira a América
Latina emergirá com as suas quatro maiores economias nas mãos de governos de
esquerda.
(…)
As quatro maiores economias da América Latina podem vir a
estar nas mãos da esquerda pela primeira vez na história.
(…)
Preciso é que a esquerda se entenda nas prioridades, quais as
lutas importantes a travar agora.
(…)
Sem esquecer que há aqui adversários políticos, por um lado,
e inimigos perigosos por outro lado.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
Por
várias vezes se falou que havia começado uma terceira Intifada na Palestina.
Parece que desta vez é mesmo a sério.
(…)
Uma
luta diferente, porque os palestinianos que lutam contra os israelitas também
não podem ver nem pintada a Autoridade Palestiniana, cuja falta de poder parece
equivalente à endémica corrupção que a mina.
(…)
A
morte de Mahsa Amini às mãos da polícia de costumes e os mais de 40 dias de
marchas, protestos e agora até ataques armados dão a entender que uma Primavera
persa poderá estar em marcha.
(…)
A
lição tunisina que os iranianos podiam retirar era muito simples e
“importante”, explica o ex-Presidente tunisino]: “Eles viam que quando as
pessoas vão para as ruas defender os seus direitos, podem ganhar.”
António Rodrigues, “Público” (sem link)
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