quarta-feira, 17 de setembro de 2025

CITAÇÕES À QUARTA (172)

 
Nos Estados Unidos, a Florida tornou-se o epicentro de uma decisão controversa: o fim da obrigatoriedade de várias vacinas para a matrícula escolar.

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Nenhum outro estado norte-americano tinha até agora eliminado mandatos de vacinação de forma tão ampla e abrupta.

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Pode parecer uma questão distante em Portugal. Contudo, num mundo globalizado, decisões locais têm consequências globais. 

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A Florida é um destino turístico, com milhões de visitantes anuais. Ao reduzir a cobertura vacinal, aumenta-se o risco de reintrodução de doenças controladas ou erradicadas, como o sarampo e a poliomielite.

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Do ponto de vista político, esta decisão insere-se numa estratégia do governador Ron DeSantis e do cirurgião-geral Joseph Ladapo de suposta “liberdade médica”.

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A retórica é clara: menos intervenção do Estado e mais escolha individual.

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Esta visão ignora um princípio básico da saúde pública: as vacinas não protegem apenas quem as recebe, mas toda a comunidade.

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Nos Estados Unidos, a vacinação tem sido uma área consensual, com divergências pontuais por motivos religiosos ou culturais.

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A Florida rompe com esse equilíbrio, podendo abrir caminho para um mosaico de políticas estaduais drasticamente diferentes entre si.

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A ala moderada [do Partido Republicano] alerta para os riscos de saúde pública e para a perda de confiança nas vacinas.

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Este debate mostra como a saúde pública se tornou um campo de batalha ideológico, com implicações eleitorais.

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Estimativas da autoridade de saúde norte-americana indicam que as vacinas em crianças nascidas entre 1994 e 2023 pouparam 2,7 biliões de dólares (…) prevenindo milhões de hospitalizações e mortes.

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A Florida não só expõe a população a riscos evitáveis como cria custos acrescidos para o sistema de saúde, para as famílias e para a economia.

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[Esta decisão] demonstra como questões científicas são instrumentalizadas, transformando uma medida técnica num campo de batalha ideológico. 

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Robert F. Kennedy Jr.,atual secretário de Saúde dos EUA, têm repetidamente difundido números incorretos sobre vacinas, alimentando a desconfiança.

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A importância do Programa Nacional de Vacinação português, que é uma referência internacional.

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O caso da Florida não é apenas uma curiosidade distante.

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O que está em jogo não é a liberdade individual, mas a responsabilidade política de salvar vidas.

Tiago Correia, “Público” (sem link)

 

A 27 de agosto, o secretário da Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS, na sigla em inglês), Robert F. Kennedy (R.F.K.) Jr. despediu sumariamente Susan Monarez, diretora dos Centros de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC), a principal autoridade de saúde pública dos EUA.

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A importância dos CDC estende-se para além das fronteiras dos EUA.

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É, pois, fulcral, que as suas decisões e recomendações estejam ancoradas na mais sólida evidência científica disponível e sejam totalmente imunes a preconceitos ideológicos ou políticos.

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Pouco antes da nomeação de Susan Monarez, Kennedy tinha despedido todos os membros do Comité Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP), um grupo independente de aconselhamento sobre vacinas.

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Ao mesmo tempo, nomeou um conhecido antivaxxer para liderar um estudo sobre segurança vacinal.

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Susan Monarez pagou com o seu emprego o preço de defender a ciência e proteger a integridade dos CDC.

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O despedimento de Monarez teve como consequência imediata o pedido de demissão de diversos altos responsáveis veteranos da agência.

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No fundo, algo que provavelmente agrada a R.F.K. Jr. e que encaixa na sua atitude de desprezo pela ciência.

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R.F.K. Jr. prometeu reformar o sistema de saúde. No entanto, concluiu Monarez, o que está a acontecer “não é reforma, é sabotagem.”

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O que [R.F.K. Jr.] está a fazer é a delapidar o HHS, eliminando múltiplas divisões desta agência, promovendo alterações radicais nas suas prioridades, e despedindo 10.000 funcionários de uma assentada.

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As suas posições sobre a vacinação contra o sarampo ajudaram a confundir a comunicação sobre um surto desta doença que já matou duas crianças.

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A instrumentalização e politização da saúde pública por parte do secretário de Saúde Kennedy coloca não só em risco as vidas de muitos cidadãos americanos, mas enfraquece também todo o edifício médico-científico global.

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A partilha de conhecimentos, cada vez mais um elemento vital dos avanços da ciência e da medicina, requer uma comunicação fluida entre instituições robustas

Miguel Prudêncio, “Público” (sem link)

 

O problema do Chega é, à partida, o problema de qualquer partido de perfil autoritário: o culto do líder.

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É uma pescadinha de rabo na boca, em que a dependência do líder alimenta a dependência do líder.

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Agora, mesmo com 23% e 60 deputados, Ventura  tem Ventura.

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O que não deixa de ser espantoso é que a esquerda (…) não seja capaz de arranjar um candidato abrangente e mobilizador para chegar à segunda volta.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

[No mesmo dia em que tanques de Israel avançam sobre a cidade de Gaza, para] Navi Pillay, ex-Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, trata-se de uma "campanha genocida" orquestrada pelo mais alto escalão do governo israelense.

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A gravidade do momento se estende ao campo diplomático.

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Mesmo abrigando lideranças do Hamas, o Catar se consolidou como mediador indispensável.

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O Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) pediu que os Estados Unidos usem sua influência para conter Israel.

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Assinados em setembro de 2020 na Casa Branca, os Acordos de Abraão romperam com décadas de consenso árabe, que condicionava a normalização com Israel à criação de um Estado palestino.

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Hoje, porém, o custo de aderir ou manter esses acordos aumentou exponencialmente.

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O otimismo em torno das negociações mediadas pelo Catar, compartilhado por Trump e outros líderes, está se esgotando rapidamente. 

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A incapacidade de atores multilaterais de frear a escalada revela uma crise maior.

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O desespero [de milhares de palestinos e, possivelmente, reféns israelenses] é compartilhado, mas as respostas internacionais continuam paralisadas entre condenações retóricas e interesses estratégicos.

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[O que está em jogo é] a própria credibilidade da ideia de que existe uma ordem global capaz de conter a violência de Estados armados.

Mariana Pereira Guimarães, “Público” (sem link)


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