sábado, 27 de setembro de 2025

MAIS CITAÇÕES (352)

 
Os discursos de líderes políticos de um enorme número de países e debates realizados esta semana na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), (…) evidenciam que podemos estar às portas de uma perigosa desordem internacional.

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O multilateralismo respeitador dos direitos dos povos e dos países foi reclamado em muitos discursos, mas é evidente a sua crise. 

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A realidade cognitiva do presidente dos EUA é complexa e ele usa-a na produção de imprevisibilidades e "gafes". Num curto espaço temporal diz tudo e o seu contrário sobre qualquer tema. 

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Muitos líderes reclamaram reformas na estruturação e nas missões da ONU, mas o ator que mais beneficiou da sua existência, os EUA (juntamente com alguns dos seus aliados), fez ataques negacionistas à sua missão e ação.

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Houve reclamação de soluções para as mudanças climáticas e ambientais, para o combate à fome, para uma mais justa distribuição da riqueza e para o trabalho digno, para o respeito pela igualdade entre os seres humanos, para que a ciência e a tecnologia estejam ao serviço de todos, mas Trump e seus seguidores esconjuraram tais objetivos.

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Trump e seus seguidores tomaram a presunção da impunidade.

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Líderes de "países emergentes" (Lula é um exemplo) rechaçaram a subserviência e afirmaram-se protagonistas para um mundo novo.

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[Lideres europeus] evidenciaram um enorme medo em sair debaixo da asa protetora [dos EUA].

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O neoliberalismo vai deixando claro que não é portador de alternativa para a governação das sociedades e que para prosseguir os seus objetivos precisa das forças ultraconservadoras e fascistas nos governos.

Carvalho da Silva, JN

 

A iminente entrada em vigor do Tratado do Alto-Mar (…) marca uma transformação histórica na governação global dos oceanos.

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Durante décadas, o alto-mar foi uma mancha cinzenta no direito internacional no qual o princípio da "liberdade do alto-mar" frequentemente se traduzia em exploração descontrolada.

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O futuro do oceano deixa de ser uma aspiração e torna-se um compromisso jurídico vinculativo para todos os países que dele queiram fazer parte.

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A capacidade de estabelecer AMP [áreas marinhas protegidas] no alto-mar está no cerne desta nova era.

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Estas áreas, interligadas por correntes que conectam ecossistemas distantes, funcionam como santuários que impulsionam a saúde dos ecossistemas.

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Contribuem ainda para a recuperação de espécies migratórias e populações sobrexploradas.

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Isto é uma mudança radical para a biodiversidade do nosso planeta.

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[O alto mar] é o coração do oceano global, com as suas correntes a atuarem como autoestradas para a vida marinha, ligando ecossistemas distantes.

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Contudo, o sucesso do tratado depende de ser verdadeiramente global e equitativo.

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As disposições sobre Capacitação e Transferência de Tecnologia Marinha são cruciais.

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Isto é uma questão tanto de justiça como de eficácia deste regime; sem o seu [de todas as nações] envolvimento pleno, não haverá proteção eficaz e global do oceano.

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Alinhada com a sua missão, a Fundação Oceano Azul está empenhada em transformar este tratado em ações concretas.

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Em paralelo, contribuirá para a criação da primeira geração de AMP no alto-mar, procurando salvaguardar a sua implementação de acordo com os mais exigentes critérios de governação.

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Apesar das 60 ratificações serem uma conquista, a universalização é essencial: quanto mais partes, maior a eficácia e abrangência.

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Quando o mundo se une, é possível forjar uma nova era de ação coletiva pelo futuro do nosso planeta.

Sérgio Carvalho, “Público” (sem link)

 

Hoje [26 de setembro] assinala-se a Noite Europeia dos Investigadores (NEI).

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Nos últimos anos, a efeméride tem sido pautada, (…) por protestos da comunidade científica.

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A situação atual confere qualquer coisa próxima de uma verdadeira crise institucional, em grande medida porque o Governo é o primeiro ator a menosprezar a própria carreira científica.

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[O ministro Fernando Alexandre] extinguiu a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), aumentou o valor das propinas e ainda se deu ao luxo de participar numa lamentável troca de galhardetes com o reitor da Universidade do Porto.

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[O Governo trata] a comunidade académica não enquanto tal, mas como um mero instrumento para responder a outros interesses que não os do bem comum.

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O caso particular da extinção da FCT é uma boa fotografia da crise institucional a que assistimos.

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Aproveitando o descontentamento generalizado da classe profissional de investigadores com o funcionamento do sistema, toma-se uma medida que cria ainda mais alarme.

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Após as críticas, que tiveram origem nas mais diversas esferas políticas e sociais, o Governo entendeu apresentar um número teatral onde se mostrava inteiramente disponível para um debate aberto e inclusivo sobre o futuro da investigação científica no país.

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[Soubemos] através dos órgãos de comunicação social que a futura agência será uma sociedade anónima, à imagem da Agência Nacional de Inovação (ANI), também envolvida no processo de criação desta nova entidade.

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Não sei se o que o país precisa é de uma sociedade anónima a gerir os dinheiros públicos da ciência.

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Continuamos na cauda da OCDE no que toca à percentagem de investimento do produto interno bruto (PIB) em investigação científica, muito longe de alcançar o valor de 3%, tantas vezes prometido pelos sucessivos governos.

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Gerações e gerações de investigadores que, desde o seu doutoramento, não conhecem outra realidade laboral que não sejam bolsas precárias, contratos a prazo e intervalos sem trabalhar sem sequer terem acesso a subsídio de desemprego.

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Parece que no país da precariedade perde a aura quem luta pelos seus direitos. 

Luís Monteiro, “Público” (sem link)


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