sexta-feira, 19 de setembro de 2025

CITAÇÕES

 
A coligação de direita PSD/CDS apresentou o anteprojeto de lei da reforma da legislação laboral, intitulado Trabalho XXI.

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O anteprojeto (…) não traz nada de realmente inovador e muito menos de progressista.

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Retoma inegavelmente a agenda concretizada pelo Governo PSD-PP, liderado por Durão Barroso, logo no princípio do século XXI, com o Código de Trabalho de 2003 Trabalho XXI – relações laborais e agenda que subverteu radicalmente o quadro de regulação das relações coletivas institucionalizado na sequência da Revolução do 25 de Abril de 1974.

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Esta subversão consistiu na introdução da caducidade unilateral das convenções coletiva.

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Essas mudanças contranatura minaram as bases mínimas de algum equilíbrio nas relações de poder em sede de negociação coletiva, em desfavor dos sindicatos.

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Por outro lado, as condições de mobilização coletiva – suporte crucial do poder de negociação sindical – foram sofrendo uma erosão crescente.

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O ímpeto dinamizador visionário da direita política ressurgiu à sombra da troika e “para além da troika”, como o Governo PSD/CDS liderado por Passos Coelho perto de uma década mais tarde.

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O anteprojeto procura (…) servir receitas requentadas, enquanto as novidades conjugam o liberalismo selvagem do sec. XIX com a economia digital.

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Com efeito, o anteprojeto visa alterar substancialmente para muito pior o regime de negociação coletiva do Código do Trabalho de 2009.

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[Abrem-se] as portas para aumentar a pressão patronal no sentido de baixar o pagamento do trabalho suplementar e para reduzir as proteções do regime legal de teletrabalho em sede de negociação coletiva.

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O anteprojeto estabelece também que vários aspetos do regime de trabalho intermitente (não abrangido pelo tratamento mais favorável) podem ser alterados por convenção coletiva.

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Reintroduz o banco de horas individual, revogado pela legislação de 2019, contornando assim as convenções coletivas que não admitem bancos de horas.

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Por outro lado, as prerrogativas patronais são reforçadas.

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Um caminho que leva tudo à frente, limitando a ação sindical nas empresas sem trabalhadores sindicalizados. 

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Introduz novas limitações ao direito à greve – limitando por isso também os recursos de poder sindical em sede de negociação coletiva.

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Finalmente, o anteprojeto acentua a precariedade dos vínculos laborais e facilita os despedimentos com e sem justa causa, reduzindo a proteção dos trabalhadores.

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O anteprojeto reduzirá drasticamente o universo de trabalhadores das plataformas potencialmente abrangidos por um contrato de trabalho.

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Estas medidas reduzirão a cobertura potencial das convenções coletivas.

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Dinamização e renovação? Não. Implosão, pura e simples.

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A ser aprovado, este projeto representará um retrocesso dramático no campo das relações coletivas de trabalho.

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Neste contexto, é imperativa a unidade das centrais sindicais e de todos os sindicatos e a ação de mobilização coletiva sindical e cidadã para travar este projeto antilaboral, antissindical e antidemocrático.

Maria da Paz Campos Lima, “Público” (sem link)

 

Criar barreiras à legalização de imigrantes não resolve problemas — agrava-os.

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A imigração em Portugal tem sido alvo de uma crescente demonização, muitas vezes sem qualquer base factual que a sustente.

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Discursos políticos e mediáticos associam os imigrantes ao aumento da violência ou à perda de oportunidades para os nacionais, mas a realidade aponta noutra direção.

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Pelo contrário, os números disponíveis demonstram que os imigrantes são, em larga medida, um motor essencial para a economia portuguesa.

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Segundo dados recentes, a receita líquida deste sistema atingiu máximos históricos — 3,64 bilhões (mil milhões) de euros somente em 2024.

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Grande parte dos imigrantes que hoje se encontram em situação irregular não chegou a Portugal de forma clandestina. Veio ao abrigo de um mecanismo autorizado pelo próprio Estado português: a manifestação de interesse, prevista na Lei nº 23/2007.

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Este instrumento permitia que um cidadão estrangeiro entrasse em Portugal legalmente e, após 12 meses de descontos para a Segurança Social, pudesse iniciar o processo de regularização.

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O problema não esteve no conceito, mas na execução. O volume de processos ultrapassou em muito a capacidade dos recursos humanos e de informática do Estado, o que transformou o sistema num verdadeiro caos.

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A empatia natural seria esperar que uma nação marcada pela experiência da emigração soubesse compreender o que leva outros povos a procurar aqui o mesmo.

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Assiste-se a um movimento contrário, de hostilidade e desconfiança, amplificado por um volume crescente de desinformação.

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Imigração em Portugal: números que contam outra história

Entre as mentiras mais partilhadas, estava a ideia de que os imigrantes teriam prioridade nas matrículas escolares, um boato desmentido, mas que serviu para alimentar tensões sociais.

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Ao contrário da percepção popular, o número de imigrantes que chega ao país não compensa o número de portugueses que emigra.

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A médio e longo prazo, políticas que dificultem a legalização e a integração dos imigrantes poderão ter consequências severas para a economia.

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Portugal tem de decidir se quer um futuro assentado no medo e na exclusão ou num modelo de integração capaz de gerar prosperidade coletiva.

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Demonizar o imigrante hoje é, no fundo, negar a própria condição de emigrantes de ontem. 

Adriana Chiaradia, “Público” (sem link)

 

Eleger pessoas começa a ser, cada vez mais, sinónimo de votar em personalidades ou figuras públicas.

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Perante eleições presidenciais marcadas para 18 de janeiro, a velocidade será furiosa.

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Não há tempo a perder para a miríade de candidatos que se perfila, sobretudo à Direita, o que diz bem da incapacidade da Esquerda em se bater contra a dispersão numa frente comum que trouxesse uma linguagem nova de esperança, paixão e crença.

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Desde a ditadura, talvez nunca tenha havido tantas razões para a Esquerda se mobilizar para uma luta nova, aproveitando a sede ao pote que muitos candidatos no espectro político à Direita têm manifestado. 

Miguel Guedes, JN


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