sexta-feira, 26 de setembro de 2025

CITAÇÕES

 
Donald Trump congratulou-se por ter acabado com sete guerras em sete meses, misturando escaramuças, conflitos de poucos dias, tensões que se mantêm e duas guerras inexistentes.

(…)

De fora ficaram, claro, guerras reais, como na Ucrânia e em Gaza, que Trump jurara que acabaria num ápice.

(…)

Para o herdeiro mimado, o Nobel tem a mesma função de quase tudo o que faz: alimentar o seu ego inseguro. 

(…)

Sei que, há não muitos anos, se um Presidente dos EUA inventasse, perante a Assembleia-Geral da ONU, ter posto fim a duas guerras inexistentes, e isso não resultasse de uma gafe, o tema seria a sua saúde mental. 

(…)

Os critérios para os líderes forjados por este tempo são diferentes. 

(…)

A mentira é detetada pela bolha que se informa pelos meios que usávamos no passado.

(…)

Mas uma realidade paralela segue o seu caminho. 

(…)

O ser humano está, como um demente, a desligar-se da realidade.

(…)

A democracia está a morrer porque morreu qualquer ideia de verdade partilhada por uma comunidade. 

(…)

Nem a verdade científica, transformada em cabala de elites, sobrevive.

(…)

A verdade foi substituída por um subproduto: a boçalidade. 

(…)

Perdemos o que nos faz adultos: distinguir a realidade da fantasia e manter regras so­ciais de contenção.

(…)

Esta infantilização coletiva, com o endeusamento amoral do sucesso individual, é uma das causas para a ascensão de egomaníacos como Trump.

(…)

O povo parece ter recuperado o fascínio por mentes perturbadas. 

(…)

Como numa ditadura, o único imperativo que sobra é a vontade do ditador.

(…)

Sou dos que acreditam que vivemos o ocaso da democracia moderna, experiência curta na história da humanidade. 

(…)

Sem estruturas mediadoras que enquadrem a vida social com regras (…) não sei se é possível travar a queda.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

Se há alguma base cientifica para o mito neofascista da “substituição” (…) essa base está, ironicamente, no próprio sistema económico que a direita tanto defende: o capitalismo.

(…)

É hoje um consenso que a precariedade dos jovens — em termos de emprego, salários e habitação — combinada com o enfraquecimento de serviços públicos essenciais, como o SNS, tem sido um entrave significativo à constituição de família e à decisão de ter filhos.

(…)

Na prática, uma parte considerável dos jovens só consegue ponderar ter filhos quando, após o falecimento dos pais ou avós, herda algum património que lhes permite finalmente alguma estabilidade.

(…)

É profundamente irónico que o capitalismo neoliberal, baseado na ultracompetição, que supostamente reflete a “eficiência” e a “meritocracia” da “seleção natural” (…) acabe por produzir uma realidade em que só os filhos daqueles que herdam (…) conseguem, por sua vez, constituir família.

(…)

Entretanto, os únicos que continuam a procriar (…) são, frequentemente, os imigrantes mais pobres e racializados.

(…)

Nestas camadas sociais, independentemente da origem étnica (…) a constituição de uma família burguesa nunca fez parte do imaginário.

(…)

A decisão de ter filhos (…) depende antes de uma combinação de múltiplos outros fatores — que os moralistas burgueses sempre classificaram como “baixas morais” da plebe.

(…)

É claro que muitas dessas crianças crescerão em condições difíceis, como sempre aconteceu entre os mais pobres no capitalismo.

(…)

Mas isso pouco importa ao sistema: a procriação aqui é uma forma de acumulação primitiva de capital.

(…)

Trata-se da produção de mão de obra barata, da próxima geração de trabalhadores superexplorados.

(…)

Serão estes jovens que, dentro de vinte anos, trabalharão nas obras, nas plataformas logísticas, nos portos, nos Uber e no retalho.

(…)

As desigualdades geradas pela competição económica produzem efeitos sociais distintos em diferentes camadas da sociedade.

(…)

Entre a classe trabalhadora com alguns direitos (…) observa-se uma drástica diminuição da fertilidade.

(…)

Essa classe com alguns direitos (…) tende, assim, a desaparecer juntamente com esses mesmos direitos, enquanto não superar o capitalismo.

(…)

Já entre aqueles que vivem nas margens da sociedade (…) é precisamente a ausência de perspetivas de futuro — em que os filhos surgem como única forma de segurança social — que impulsiona a decisão de ter filhos.

(…)

E o capital agradece essa carne barata.

(…)

É claro que nenhuma solução razoável virá da extrema-direita que, na sua cruzada contra a chamada “grande substituição”, procura privilegiar ainda mais os direitos sociais de forma excludente aos cidadãos nacionais nativos ao mesmo tempo que pretende aprofundar a superexploração dos setores mais excluídos da classe trabalhadora.

(…)

Que não existam jovens com medo de ter filhos por falta de habitação ou de emprego com direitos, nem mães que sintam necessidade de ter filhos apenas para assegurar apoio na velhice.

(…)

É igualmente essencial garantir um SNS que funcione em condições, para que as mulheres não tenham receio de dar à luz, bem como assegurar serviços públicos gratuitos.

Jonas Van Vossole, “Público” (sem link)

 

O bloqueio policial à passagem de Emmanuel Macron nas ruas de Nova Iorque quando deixava a sede da ONU é simbólico de um país que faz stop à marcha do mundo civilizado, coage a liberdade de expressão, censura comediantes, questiona a ciência e a democracia.

(…)

É difícil imaginar onde estará o Mundo daqui a dez anos ou como a História julgará este tempo daqui a cem. 

(…)

Dificilmente se conseguirá evitar que o julgamento do tempo olhe no retrovisor para os actuais grandes líderes e responsáveis políticos mundiais sem que caracterize este período como o do apogeu dos pequenos homens risíveis.

(…)

O que se espreme desta casta de uva americana é puro veneno.

Miguel Guedes, JN

 

As consequências da acção de Trump a nível internacional resumem-se numa palavra: caos.

João Paulo Craveiro, “Diário de Coimbra” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário