segunda-feira, 31 de agosto de 2020

ENTREVISTA DE FRANCISCO LOUÇÃ AO “EXPRESSO”

 O “Expresso” publicou este sábado uma entrevista com Francisco Louçã da qual respigámos as seguintes afirmações do ex-Coordenador do Bloco de Esquerda.

Na minha opinião, o Governo está a subestimar a natureza e o alcance da crise que estamos a viver.

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Vai haver conflito de interesses nas decisões que Mário Centeno tomou como ministro das Finanças e que agora vai tutelar como regulador, enquanto governador do Banco de Portugal.

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De qualquer modo, a subestimação do efeito desta crise leva o Governo a pensar que lhe pode responder com medidas ligeiras.

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São melhores soluções a quatro anos, do que a um ano, mas qualquer solução é melhor do que uma fantasia.

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O primeiro-ministro não quis fazer um acordo por quatro anos a seguir às eleições. Agora diz que quer. É preciso medir essa vontade.

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Mas não se pode esperar por 2022 ou 2023 para evitar a vaga de despedimentos do próximo outono.

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Quem não cumpre acordos não negoceia novos acordos.

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O que mudou torna mais necessário que se cumpram os compromissos anteriores, que são [a contratação de] 8400 médicos e enfermeiros para o SNS.

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É muito importante que haja capacidade de pressão, porque sem isso não há aumento do salário mínimo nacional, não há redução da precariedade, não há reforço da saúde, nem do investimento, nem há políticas climáticas.

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Eu acho que o ordenado mínimo deveria aumentar mais do que o ano passado. Ou seja, mais do que €35. Se for menos será uma facada na recuperação económica.

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Reforçar o salário mínimo nacional é criar uma âncora contra a pobreza e dar um sinal à economia.

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Se o sinal é de que o congelamos então vai haver uma contenção do consumo. Lamento muito.

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O que a boa economia diz é que se as exportações vão reduzir, devido à recessão internacional, é a procura interna que vai salvar a economia portuguesa.

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Ou seja, são os salários que vão salvar a economia portuguesa.

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[Durante esta pandemia] revelou-se um enorme défice nos serviços de saúde que foram quem salvou Portugal.

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Percebemos que a vida social portuguesa está dominada por uma economia da precariedade. Estamos com cerca de 800 a 900 mil pessoas que não têm emprego em Portugal.

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Defendo Marisa Matias [para candidata à Presidência da República] porque é quem pode unir pessoas independentes, juntar energias novas e representar uma mudança na política portuguesa.

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[Na candidatura à PR] é importante que haja uma afirmação de uma esquerda que tem voz própria e sabe o que quer.

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Marisa Matias porque tem uma capacidade de representação, mobilização e de entusiasmar a população que deixa uma raiz.

 

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