sexta-feira, 23 de setembro de 2022

CITAÇÕES

 
[A redução futura das pensões] é a pior das heranças que nos deixará este terceiro Governo Costa.

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Perante a dificuldade, quer convencer a população de que quem recebe uma pensão é egoísta ao ­criar um problema ao país e impõe a ideia de que, na crise, a solução será sempre reduzir o valor real dos rendimentos.

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Membros do Governo atacam-se florentinamente em público sobre a forma de reduzir os impostos a empresas, que, sobretudo quando têm muito, pouco pagam.

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O IRC é um terço do total que pagamos em IRS e menos de um quinto do que pagamos em IVA e outros impostos indiretos, mas a parte do capital é metade do rendimento nacional.

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Dizem-nos simultaneamente que é preciso baixar todas as pensões futuras em nome da sustentabilidade.

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Portugal estaria a transbordar de felicidade, o maior aumento de PIB da zona euro, a mais gloriosa redução do défice, em conclusão, é preciso amputar as pensões em termos reais. 

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Nem sei se os ministros se dão conta de como a população sabe que nos estão a tratar por estúpidos.

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Os pensionistas são pobres: a média da pensão de velhice na Segurança Social está abaixo do limiar de pobreza e impor-lhe um futuro de cortes é cruel. 

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A lei que estabeleceria segurança é alterada para criar a certeza da insegurança. 

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

O uso do termo “fascista” tem sido muitas vezes desvirtuado e descontextualizado, tendendo a ignorar que um fascista no governo pode não conseguir criar imediatamente um governo ou um regime fascista.

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Há autoritarismos bufanescos, como foi o de Trump, que reproduzem traços populistas do fascismo sem o alcançarem.

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[Umberto] Eco e [Pier Paolo] Pasolini, e não os podemos ignorar, viviam uma memória que nos alerta ainda hoje para as tragédias passadas, que todas começaram por ser implausíveis.

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A vertigem do desespero atual, o pasto dos pós e neofascismos, é a herança dos que ignoraram e colaboraram.

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Os avisos que ouvimos são para serem levados a sério.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Agora mártir, Mahsa Amini morreu para que as mulheres possam usar o véu, querendo.

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Distintas entre seres humanos em razão do género, a obrigatoriedade e a imposição são inultrapassáveis e indefensáveis do ponto de vista societário.

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O mal não pode residir no tamanho ou no acerto da colocação do véu, nem no comprimento ou largura da roupa, por mais incolor ou "technicolor" que se exiba.

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[A breve passagem de Mahsa Aminit por Teerão] termina na tragédia da sua morte pelo uso indevido do véu e num grito de revolta das mulheres iranianas que, heroicamente, tomam em mãos o destino da mudança social no país.

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Fazem a sua revolução, aquela que a "sharia" da Revolução de 1979 lhes suprimiu.

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A onda de solidariedade internacional com os protestos no Irão, já com um número considerável de mortos, não pode ser encarcerada dentro do espartilho da política.

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A dicotomia entre os bons e os maus, entre o bom ou mau cristão, ou o bom ou mau muçulmano, é a mais perversa alucinação que sustenta e alavanca as mais terríveis atrocidades.

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Mas as mulheres iranianas têm agora um rosto e a luta delas é a nossa.

Miguel Guedes, JN

 

Essa desvalorização [que se sentiu por cá relativamente às manifestações de moscovo] não pode passar em branco e merece que se pense nas suas causas e consequências.

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Temos razões para acreditar que sempre existiu oposição russa à guerra.

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É ofensivo pretender que só agora teve início essa oposição.

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Quem julga aqueles manifestantes, e os condena, está a esquecer-se de que o regime de Putin tem características ditatoriais e que não são mansas as consequências para quem se manifesta publicamente.

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Na Rússia, como cá e na maioria das guerras, são os pobres que combatem, aqueles que não têm capacidade financeira para a fuga. Nada de novo.

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São as condições socioeconómicas, como recordava Pacheco Pereira neste fim-de-semana, que, mais do que tudo, moldam a vida das pessoas e a sua história.

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A razão para desconfiar de quem mostra estar contra o regime de Putin, e contra a guerra, é a hostilização generalizada do povo russo.

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Ser solidário com um povo invadido e massacrado, como está a ser o povo ucraniano, não é uma justificação para atropelarmos os nossos próprios princípios.

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Ainda agora, numa fascinante peça da revista Sábado sobre donativos a partidos políticos, estava a proposta de Salvini a André Ventura para que aceitasse que o Chega fosse financiado por Putin.

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Apoiar a extrema-direita é lançar à terra as sementes do mal: a política do ódio, da acusação, da discriminação, do procurar e do encontrar, no outro, um inimigo.

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A velha Europa, o continente que não tinha desculpa para cair nesse erro, está rendida ao neofascismo.

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Mas o que é absolutamente certo é o nosso enfraquecimento a partir de dentro. A Europa está outra vez lançada no seu movimento autodestrutivo. Somos os nossos maiores inimigos.

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[Devemos preocupar-nos] especialmente por existirem tantos, entre nós, que não reconhecem essa evidência e que caminham alegremente para uma realidade em que o mal está normalizado.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Nas últimas semanas, assistimos a mais um patético número de lamentação de quem até é capaz de dizer que não vê cores, mas que não suporta que uma personagem ficcional meio-peixe meio-humana possa ser negra.

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Ainda nas últimas semanas, a agremiação dos lamuriantes também não gostou de saber que haveria um casal de mulheres lésbicas, mães de uma personagem no desenho animado A Porquinha Peppa.

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Para os lamuriantes as obras artísticas podem representar mulheres, pessoas negras ou pessoas LGBT+ desde que estas apareçam em lugares fossilizados.

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O que lhes causa no mínimo comichão é ver estas personagens geralmente subalternas, sem profundidade ou poder, passarem a personagens centrais.

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Os lamuriantes sabem, mesmo se de forma não consciente, que a representatividade importa, senão não se incomodariam tanto com estas questões e não entrariam numa espécie de pânico de grande substituição.

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Independentemente das razões comerciais e/ou progressistas de quem produz hoje obras mais inclusivas, a verdade é que a representação de uma diversidade positiva é necessária.

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O progresso em matéria de direitos humanos é real, mas foi sempre feito à custa de uma luta contínua em várias frentes.

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Estamos numa fase de retrocesso em várias partes do mundo, com fantasmas do passado rejuvenescidos para os quais os direitos humanos e até uma sereia negra são uma ameaça.

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[Os lamuriantes] conseguem fazer acreditar que, hoje, quem luta pelos direitos humanos é extremista, radical, terrorista. 

Luísa Semedo, “Público” (sem link)


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