(…)
No entanto, a novidade parece ser a teoria do tampão.
(…)
Albuquerque recorreu ao PAN por entender que este é barato e
insignificante e por não gostar do homem da IL.
(…)
Nas eleições de 2022 [o PAN] anunciou que se oferecia quer ao
PSD quer ao PS para os apoiar no governo, conforme o resultado das urnas.
(…)
Pois aí está: em Lisboa está na órbita do governo PS, no
Funchal e em Ponta Delgada no do PSD e seus aliados.
(…)
Este novo PAN é isto mesmo, serve quem lhe oferecer uma
posição.
(…)
O que é novidade, (…), é a tese do tampão, que Sousa Real
explicou com abundância: ao oferecer-se para este governo estaria a impedir o
acesso da extrema-direita ao palácio e ao pote.
(…)
[Essa tese] a ser esgrimida antes dos votos contados, só
ajudaria a passá-los para o PSD ou o PS.
(…)
Nas últimas legislativas, o PS usou para si próprio, e com
que êxito, a teoria do tampão, que seria ele próprio, na base de sondagens
falsas, o que constituiu um truque maravilhosamente engendrado.
(…)
Ora, se o PAN se propusesse aos eleitores como tampão,
perderia; portanto, não o fez. A tese do tampão é uma justificação post festum.
(…)
O problema é que isso é uma fraude.
(…)
Apoiar o PSD no Funchal, o governo mais escandalosa e
orgulhosamente antidemocrático de Portugal, em vez de ser tampão, é uma bênção
para a extrema-direita.
(…)
O PAN e o seu tampão são mais uma porta aberta a Ventura.
(…)
Os dirigentes do PSD, como os do PP em Espanha e como todos
os outros na Europa, não hesitarão um segundo no dia em que lhes for possível
fazer um governo com a extrema-direita.
(…)
Esse será o dia em que já ninguém se lembrará da teoria de
Sousa Real quanto ao apoio ao PSD da Madeira para fazer o tal tampão.
Francisco Louçã, “Expresso” online
(sem link)
Todos sabemos que estas empresas [Galp e EDP] (as principais
responsáveis pelas emissões de GEE em Portugal) operam a um ritmo que não
corresponde à urgência da crise que enfrentamos.
(…)
Em Portugal são raros os que estão dispostos a enfrentar as
consequências de se opor aos grandes lóbis.
(…)
Daí a importância dos estudantes, despretensiosos, sem
vínculo profissional, sem medo de ser despedidos.
(…)
Nada muda e estes jovens estão fartos de sentir que o futuro
está nas mãos dos grandes interesses.
(…)
Não deve ser, certamente, a EDP e a Galp a patrocinar
conferencias em que se discute a transição climática.
(…)
Desta forma nunca se irá ver um discurso imparcial e com
vista à resolução de problemas.
(…)
Se [Galp e EDP] fazem parte do problema, fazem certamente
parte da solução!
(…)
O que é certo é que estes jovens conseguiram cumprir o seu
objetivo: gerar conversa em torno da crise climática.
Angélica Azevedo, “Expresso” online
[Como no caso] em que centenas de milhares de toneladas de
resíduos perigosos foram depositadas ilegalmente em São Pedro da Cova (…) coloca-se
a questão de perceber qual tem sido o papel desse Estado nos inúmeros crimes
ambientais que se vão praticando no nosso país.
(…)
A
falta de recursos para fiscalizarem (…) é, em parte, verdade e resulta do
desinvestimento que se tem verificado nesta componente da administração
pública.
(…)
[Outras
razões] têm mais a ver com a incapacidade das autoridades ambientais em
resistir à pressão de diversos interesses, do que com a falta de recursos para
fiscalizar.
(…)
É logo
no processo legislativo que se criam as condições para a prática dos crimes
ambientais, ou por ausência de legislação ou por legislação feita à medida dos
prevaricadores.
(…)
Um
exemplo flagrante dos impactes ambientais da ausência de legislação é o caso da
proposta de lei ProSolos, relativa à prevenção e remediação da poluição do solo.
(…)
Passados 8 anos ainda não saiu da gaveta.
(…)
Ora esta legislação era muito importante para prevenir e
resolver várias situações de poluição do solo.
(…)
Já no que se refere a legislação feita à medida dos
poluidores, há vários e até caricatos exemplos.
(…)
O
problema é que o valor estipulado na lei para a penalização através da TGR [Taxa de Gestão de Resíduos] é muito
inferior ao custo que essas entidades têm com a recolha e reciclagem dos
resíduos.
(…)
E assim, o crime compensa.
(…)
Por
outro lado, a publicação de legislação para proteção do ambiente não é uma
garantia de intervenção adequada dos responsáveis pela política de ambiente.
(…)
A taxa
de recolha e tratamento dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos
que ronda os 20%, quando a meta comunitária é de 65%.
(…)
No entanto, para minimizar a situação perante a opinião
pública, as autoridades ambientais portuguesas frequentemente manipulam os
dados oficiais.
(…)
Concluindo,
há muito trabalho para fazer para impedir os crimes ambientais, mas, em
primeiro lugar, o governo tem de publicar as leis que faltam.
Rui Berkemeir, “Público” (sem link)
[Atirar tinta ao ministro do Ambiente] é
um caso em que me parece claro que se tentava combater e erradicar uma violência
maior: a da ameaça climática.
(…)
Não
posso agredir ninguém. Mas se um homem estiver a agredir uma mulher eu posso
agredi-lo para a defender e para o fazer parar.
(…)
Atirar
tinta a um ministro é para muitos um gesto intolerável, mesmo que tenha sido
feito em nome da sobrevivência do planeta e da espécie.
(…)
Claro que também vi desvalorizar a própria emergência
climática.
(…)
Sobretudo
custa a crer que se chegue tão longe apenas para legitimar a crítica a um grupo
de jovens que, de forma articulada e organizada, decidiu intervir na vida
pública.
(…)
Um
grupo de ativistas cortou o trânsito num dos sentidos da Segunda Circular numa
altura em que milhares de automobilistas usavam aquela via.
(…)
[Os automobilistas] com violência interromperam o protesto,
que era pacífico, e removeram os ativistas da estrada.
(…)
Agrediram efetivamente os jovens.
(…)
Foi
tema de inúmeras piadas e mereceu toda a compreensão dos mesmos que diziam não
aceitar violência seja em que circunstância for.
(…)
Jovens em luta não merecem a condescendência destas pessoas,
mas automobilistas raivosos e descontrolados claro que sim.
(…)
[Há um] conservadorismo que toma conta dos portugueses sempre
que uma luta emancipatória começa.
(…)
Identificam-se com o lado de quem tem poder e o quer manter.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
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