quarta-feira, 4 de outubro de 2023

CITAÇÕES À QUARTA (71)

 
Muitas seriam nela [eleição na Madeira] as razões para sentir sinais de esgotamento do ciclo, com o lentíssimo definhamento da maioria PSD e o seu recurso a escapatórias.

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No entanto, a novidade parece ser a teoria do tampão.

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Albuquerque recorreu ao PAN por entender que este é barato e insignificante e por não gostar do homem da IL.

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Nas eleições de 2022 [o PAN] anunciou que se oferecia quer ao PSD quer ao PS para os apoiar no governo, conforme o resultado das urnas.

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Pois aí está: em Lisboa está na órbita do governo PS, no Funchal e em Ponta Delgada no do PSD e seus aliados.

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Este novo PAN é isto mesmo, serve quem lhe oferecer uma posição.

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O que é novidade, (…), é a tese do tampão, que Sousa Real explicou com abundância: ao oferecer-se para este governo estaria a impedir o acesso da extrema-direita ao palácio e ao pote.

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[Essa tese] a ser esgrimida antes dos votos contados, só ajudaria a passá-los para o PSD ou o PS.

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Nas últimas legislativas, o PS usou para si próprio, e com que êxito, a teoria do tampão, que seria ele próprio, na base de sondagens falsas, o que constituiu um truque maravilhosamente engendrado.

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Ora, se o PAN se propusesse aos eleitores como tampão, perderia; portanto, não o fez. A tese do tampão é uma justificação post festum.

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O problema é que isso é uma fraude.

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Apoiar o PSD no Funchal, o governo mais escandalosa e orgulhosamente antidemocrático de Portugal, em vez de ser tampão, é uma bênção para a extrema-direita.

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O PAN e o seu tampão são mais uma porta aberta a Ventura.

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Os dirigentes do PSD, como os do PP em Espanha e como todos os outros na Europa, não hesitarão um segundo no dia em que lhes for possível fazer um governo com a extrema-direita.

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Esse será o dia em que já ninguém se lembrará da teoria de Sousa Real quanto ao apoio ao PSD da Madeira para fazer o tal tampão.

Francisco Louçã, “Expresso” online (sem link)

 

Todos sabemos que estas empresas [Galp e EDP] (as principais responsáveis pelas emissões de GEE em Portugal) operam a um ritmo que não corresponde à urgência da crise que enfrentamos.

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Em Portugal são raros os que estão dispostos a enfrentar as consequências de se opor aos grandes lóbis.

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Daí a importância dos estudantes, despretensiosos, sem vínculo profissional, sem medo de ser despedidos.

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Nada muda e estes jovens estão fartos de sentir que o futuro está nas mãos dos grandes interesses.

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Não deve ser, certamente, a EDP e a Galp a patrocinar conferencias em que se discute a transição climática.

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Desta forma nunca se irá ver um discurso imparcial e com vista à resolução de problemas. 

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Se [Galp e EDP] fazem parte do problema, fazem certamente parte da solução!

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O que é certo é que estes jovens conseguiram cumprir o seu objetivo: gerar conversa em torno da crise climática. 

Angélica Azevedo, “Expresso” online

 

[Como no caso] em que centenas de milhares de toneladas de resíduos perigosos foram depositadas ilegalmente em São Pedro da Cova (…) coloca-se a questão de perceber qual tem sido o papel desse Estado nos inúmeros crimes ambientais que se vão praticando no nosso país.

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A falta de recursos para fiscalizarem (…) é, em parte, verdade e resulta do desinvestimento que se tem verificado nesta componente da administração pública.

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[Outras razões] têm mais a ver com a incapacidade das autoridades ambientais em resistir à pressão de diversos interesses, do que com a falta de recursos para fiscalizar.

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É logo no processo legislativo que se criam as condições para a prática dos crimes ambientais, ou por ausência de legislação ou por legislação feita à medida dos prevaricadores.

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Um exemplo flagrante dos impactes ambientais da ausência de legislação é o caso da proposta de lei ProSolos, relativa à prevenção e remediação da poluição do solo.

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Passados 8 anos ainda não saiu da gaveta.

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Ora esta legislação era muito importante para prevenir e resolver várias situações de poluição do solo.

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Já no que se refere a legislação feita à medida dos poluidores, há vários e até caricatos exemplos.

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O problema é que o valor estipulado na lei para a penalização através da TGR [Taxa de Gestão de Resíduos] é muito inferior ao custo que essas entidades têm com a recolha e reciclagem dos resíduos.

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E assim, o crime compensa.

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Por outro lado, a publicação de legislação para proteção do ambiente não é uma garantia de intervenção adequada dos responsáveis pela política de ambiente.

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A taxa de recolha e tratamento dos resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos que ronda os 20%, quando a meta comunitária é de 65%.

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No entanto, para minimizar a situação perante a opinião pública, as autoridades ambientais portuguesas frequentemente manipulam os dados oficiais.

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Concluindo, há muito trabalho para fazer para impedir os crimes ambientais, mas, em primeiro lugar, o governo tem de publicar as leis que faltam.

Rui Berkemeir, “Público” (sem link)

 

[Atirar tinta ao ministro do Ambiente] é um caso em que me parece claro que se tentava combater e erradicar uma violência maior: a da ameaça climática.

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Não posso agredir ninguém. Mas se um homem estiver a agredir uma mulher eu posso agredi-lo para a defender e para o fazer parar.

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Atirar tinta a um ministro é para muitos um gesto intolerável, mesmo que tenha sido feito em nome da sobrevivência do planeta e da espécie.

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Claro que também vi desvalorizar a própria emergência climática.

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Sobretudo custa a crer que se chegue tão longe apenas para legitimar a crítica a um grupo de jovens que, de forma articulada e organizada, decidiu intervir na vida pública.

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Um grupo de ativistas cortou o trânsito num dos sentidos da Segunda Circular numa altura em que milhares de automobilistas usavam aquela via.

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[Os automobilistas] com violência interromperam o protesto, que era pacífico, e removeram os ativistas da estrada.

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Agrediram efetivamente os jovens. 

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Foi tema de inúmeras piadas e mereceu toda a compreensão dos mesmos que diziam não aceitar violência seja em que circunstância for.

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Jovens em luta não merecem a condescendência destas pessoas, mas automobilistas raivosos e descontrolados claro que sim.

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[Há um] conservadorismo que toma conta dos portugueses sempre que uma luta emancipatória começa.

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Identificam-se com o lado de quem tem poder e o quer manter.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)


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