sexta-feira, 27 de outubro de 2023

CITAÇÕES

 
A agressividade do Governo de Netanyahu, pela voz dos seus diplomatas e ao mesmo tempo que continua a terraplanagem bombista do Norte de Gaza, é muito esclarecedora de como entende que encurralou o mundo.

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O Governo israelita sabe que tal [a demissão do secretário-geral da ONU] nunca ocorreu nem ocorrerá e, no entanto, sente-se confortado nesta cavalgada contra a ONU.

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Já o mesmo embaixador tinha insultado Guterres por, ao querer abrir os portões daquela prisão para levar medicamentos e água, estar a “alimentar terroristas”.

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Passou a clamar pela demissão pelo facto de ter sido recordado que Israel nunca cumpriu as resoluções da ONU.

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Netanyahu sente-se hoje o deus da guerra, capaz de transformar o apartheid numa zona de terra queimada.

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Matar, é o que repete.

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[Há uma nova dimensão que não deve ser esquecida]: as próprias bombas, a produção industrial do armamento, o seu negócio e o seu poder.

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Os EUA continuam a ser, de muito longe, o principal investidor militar.

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A Arábia Saudita e a Índia são comparáveis em gastos militares à Rússia, apesar de este país ter o segundo exército do mundo.

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A China é o país cujo gasto militar mais cresceu em proporção (75% em 10 anos), com o projeto anunciado de ser a maior potência mundial em 2049.

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Dir-se-á que a marinha chinesa já é maior do que a dos EUA.

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Portanto, mais gastos, um ótimo negócio.

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Mesmo que a economia vá mal [nos EUA], o negócio da guerra vai bem e só pode aumentar.

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A Alemanha tornou-se uma grande compradora e produtora, a Polónia também.

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Ora, a guerra tem um impacto económico imediato, além da mortandade que é a sua razão.

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No imediato, aumenta o investimento público, reconverte indústrias e é mesmo a forma mais rápida de provocar um salto na procura agregada.

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Depois, tem um preço para as economias, (…) favorece as empresas com maior poder.

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Não será, portanto, por acaso que, do escândalo dos submarinos aos do atual Ministério da Defesa, este sector seja uma das sedes da corrupção, e Portugal é só um exemplo.

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O que se ganhou com a reorientação desses gastos [militares] desde o fim da Guerra Fria é o equivalente ao orçamento mundial para a educação.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

Assistimos à autorização, cada vez mais frequente, do abate de sobreiros.

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Sistematicamente, tais decisões são justificadas como de "imprescindível utilidade pública" sem que qualquer entidade, de facto independente, seja chamada a pronunciar-se.

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Desde 2018, foram já emitidas 44 declarações de "imprescindível utilidade pública", que originaram o abate de 13.163 sobreiros e de 72.433 azinheiras (também protegidas, por fazerem parte do ecossistema montado), em 27 concelhos de 15 distritos.

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Pela variedade de dimensão e de impacto, e na impossibilidade de referirmos todos os casos de abates autorizados desde 2011 no cômputo de um conjunto de 40 mil sobreiros, a impressão resultante é de que tudo é de interesse público.

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O que se deveria esperar dos poderes públicos seria que articulassem a resposta às necessidades energéticas com uma rigorosa salvaguarda e com o restauro de ecossistemas.

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Nas últimas décadas, pelo menos, os sucessivos governos abdicaram de qualquer coerência e firmeza na aplicação de legislação de protecção do ambiente e da natureza.

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Precisamos, no nosso país, de um controlo muito mais eficaz e, especialmente, de estratégia política direccionada à conservação da biodiversidade.

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As situações susceptíveis de configurar interesse público [são] hoje uma figura em que tudo pode entrar, sem clareza e sem precisão.

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Não podemos é fazer dos habitats, dos solos, do coberto arbóreo e vegetal em geral, das bacias hídricas, ou seja, da biodiversidade, uma vítima do combate, ainda que teoricamente bem-intencionado, da luta pelo clima.

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Sem transição ecológica nada poderá ser possível e essa tarda em ser compreendia.

Fernando Santos Pessoa, Jorge Paiva, José Carlos Costa Marques, Maria Amélia Martins Loução, Nuno Quental, “Público” (sem link)

 

[Guterres] dizer que os ataques do Hamas não surgiram do nada é constatar o óbvio.

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Sabemos, contudo, que o exercício de constatar o óbvio pode ser uma demonstração de coragem.

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Mas falou e isso tem uma importância enorme no contexto atual.

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Ficou demonstrado, e ao mais alto nível, que há verdades que não podem ser ditas e que esse impedimento não recai apenas sobre cada um de nós.

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As pessoas que tentam fazer uma análise da guerra são rotuladas de apoiantes do terrorismo ou de antissemitas porque Israel não admite que existam vozes que contradigam as suas exatas palavras.

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Muito mais importante do que o conteúdo do seu discurso é a reação que ele espoletou.

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Precisávamos de ver até onde vai a diplomacia israelita. Ficámos esclarecidos.

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A diplomacia israelita age como estando em representação de um Estado dominante ao nível de uma potência mundial.

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Israel precisa dos Estados Unidos, mas é cada vez mais evidente que são os Estados Unidos que precisam de Israel. Este país é a única influência dos Estados Unidos naquela região.

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Ter uma posição hegemónica no mundo exige mais do que superioridade militar. Os Estados Unidos acusam a falta de força e de eficácia da sua diplomacia.

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Claro que o poder de Israel também assenta no justo complexo de culpa europeu pelo Holocausto.

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Assistimos ao massacre de um povo perante a complacência da comunidade internacional e quem perpetua o massacre é que dita as regras das relações internacionais e impõe a sua narrativa.

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Acredito que o que moveu António Guterres foi o apego ao que é justo e a sua sensibilidade perante questões humanitárias.

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Mas seja o que for que o moveu, creio que lhe deveremos estar gratos.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

O pedido de demissão imediata de António Guterres pela voz de comando do embaixador de Israel nas Nações Unidas não surpreende.

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Há um certo odor a inimputabilidade.

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É um facto que os ataques do grupo islamista Hamas não aconteceram do nada. Em nenhum momento Guterres desculpou qualquer dos agressores. 

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Sabe-se muito mais sobre o conflito israelo-palestiniano na última semana do que em décadas de discurso único e de percepção torcida. 

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O Hamas é um demónio, mas já ninguém procura santos sem paradeiro neste conflito.

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À questão de saber onde se encontram as vítimas, responde-se sem hesitação: as vítimas são pessoas nos povos dos dois estados, entregues aos extremismos. 

Miguel Guedes, JN


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