(…)
[Para Netanyahu] tudo isto se resume a escapar da
prisão por corrupção.
(…)
E o Hamas festeja a sua vitória política, com cada bomba
sobre Gaza reforça a sua liderança na região.
(…)
Uma palavra, exterminismo, resume melhor do que outras o que
é a norma da guerra e vemos como é aplicada em todo o seu esplendor.
(…)
E, a BBC é insultada se se limita a tratar as forças em
guerra como inimigos, o que tinha feito com os nazis, e não aceita reduzir o
jornalismo ao discurso político.
(…)
É um tempo sombrio em que a defesa da paz fica resumida a
Guterres e ao Papa, ambos sem poder, e a iniciativa da guerra é capturada não
só pelos seus generais como por uma raivosa trupe de vingadores de sofá.
(…)
Eles [os generais] estão a dizer-nos que a humanidade é um
pseudónimo da barbárie e querem que nos habituemos à irracionalidade.
Francisco Louçã, “Expresso” online
Para justificar a carnificina, responde-se com as imagens do
inominável horror dos massacres do Hamas.
(…)
Esta guerra tem quase um século, não quinze dias.
(…)
Estas mortes são inevitáveis em nome de quê?
(…)
De vingança? Tratando-se de vidas civis inocentes, esta
justificação põe quem a dê no patamar moral de terroristas.
(…)
Se não é a vingança, o objetivo será desmantelar o Hamas.
(…)
Mas assumamos que esse objetivo é exequível.
(…)
Como acham que reagirão os dois milhões de palestinianos
sobreviventes depois de perderam filhos, pais, amigos? Pacifistas?
(…)
Quantas organizações existem em Gaza prontas para substituir
o Hamas no dia seguinte?
(…)
É evidente que, apesar das garantias [de Israel] de que não
haverá ocupação, ela existirá de qualquer forma.
(…)
Assistiremos a um padrão com décadas e que corresponde ao que
queremos recusar na Ucrânia: a paz do ocupante.
(…)
Toda a ocupação tem sido publicamente justificada com a
segurança dos israelitas (a dos palestinianos é obviamente irrelevante).
(…)
Uma “segurança” garantida através da transformação da vida
dos palestinianos num inferno.
(…)
A típica segurança colonial.
(…)
A ocupação de praticamente toda a Palestina é o projeto
político de Netanyahu e do sionismo radical e revisionista em que se filia.
(…)
Cada momento traumático tem sido aproveitado para mais um
passo na desejada limpeza étnica.
(…)
O que pode então fazer Israel? Para além do que se faz quando
há atentados terroristas, procurar punir um a um os seus responsáveis, mesmo
que isso demore tempo (como Israel já fez bastantes vezes).
(…)
Afastando o fanático, incompetente e ainda por cima corrupto
Benjamin Netanyahu, e permitindo que quem quer realmente a paz e a segurança
dos israelitas volte à negociação com os moderados do outro lado.
(…)
Insistir na contínua diminuição do território palestiniano e
na imposição de mais barreiras à circulação interna dentro do seu território só
pode trazer mais ressentimento, violência e guerra.
Daniel Oliveira, “Expresso” online
(sem link)
Um
orçamento do Estado não se pode circunscrever à gestão das finanças públicas,
na perspectiva única de que as despesas não podem superar as receitas.
(…)
Particularmente
num país onde: antes de prestações sociais, 40% dos cidadãos vivem em risco de
pobreza; cerca de 50% das empresas não pagam IRC, por apresentarem
sistematicamente resultados negativos; 90% do IRC arrecadado provem apenas de
20% das empresas em actividade; 90% da receita de IRS é paga apenas por um
milhão e 200 mil contribuintes, de uma população activa de 5 milhões e 222 mil
portugueses.
(…)
A
irrelevância que o OE2024 dispensa à Educação é bem o espelho da incompetência
do PS para promover o investimento público de que Portugal carece.
(…)
Quando a 10 do corrente fez a apresentação pública do OE2024,
Fernando Medina à Educação disse nada.
(…)
O
crescimento do valor orçamentado para 2024, comparado com o do estimado para
2023, é de 5,7%. Mas sendo de 5,3% a inflação prevista pelo próprio Governo até
ao final do ano, o crescimento real será de 0,4%.
(…)
Entretanto,
as organizações internacionais que se pronunciam sobre o desejável peso da
Educação na despesa pública dos estados recomendam que esse peso seja da ordem
dos 6% do PIB. [Desde que Costa chegou ao governo, este valor foi sempre muito
abaixo de 6% e tem vindo sempre a diminuir]
(…)
Apenas 2,9% desse PIB [para 2024 serão] consignados ao ensino
básico e secundário.
(…)
Se lhe
somarmos as restantes despesas previstas para os outros níveis de ensino,
ficaremos próximo de 4,3%, valor bem distante dos 6% internacionalmente
recomendados.
(…)
Tudo
visto, a conclusão é clara: o orçamento para a Educação limita-se à mera gestão
corrente, sem qualquer rasgo de intervenção nas múltiplas vertentes carentes de
investimento.
Santana Castilho, “Público” (sem link)
Joe
Biden tentou refrear a sede de vingança do Estado de Israel pelos ataques do
Hamas de 7 de outubro. “Não se deixem cegar pela raiva.”
(…)
O
Afeganistão foi um banho de sangue. Morreram quase 50 mil civis com a invasão e
durante a ocupação. Em nome de quê? Desmantelar a organização terrorista Al
Qaeda e tirar do poder o regime talibã. Correu muito mal. Nada foi conseguido.
(…)
Foram
bombardeados e foram vítimas de uma ação militar pensada e organizada sem os
considerar como sujeitos de quaisquer direitos, nem sequer do direito à vida.
(…)
Os
Estados Unidos tinham sido vítimas de um ataque terrorista sem precedentes e
estavam, por isso, legitimados a agir da forma que entendessem ser a adequada.
(…)
Fiquei
surpreendida com o mea culpa de Biden. Não esperava que reconhecesse que a sua
nação cegou com a raiva e que aquilo que fez a seguir não deve servir de
exemplo para outras nações em situações que possam ser comparadas.
(…)
Metemos
a cabeça debaixo da areia quando os nossos aliados violam o direito
internacional e a seguir apagamos da memória coletiva que tenha acontecido.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
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