sábado, 28 de outubro de 2023

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Depois de ter condenado de forma clara o Hamas (…) e exigindo a libertação dos reféns, António Guterres falou da ocupação de terras por colonatos, da violência quotidiana, da economia sufocada (…) para explicar como a esperança dos palestinianos numa solução política foi desaparecendo. 

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[Quem tenta obliterar do espaço público a complexidade deste conflito] deseja construir um muro de silêncio entre a opinião pública e a criminosa chacina em Gaza. 

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Deseja aproveitar o abjeto massacre do Hamas para um “momento zero” que apague o passado, dando a Israel carta-branca para o presente e para o futuro.

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Ativistas [israelitas] foram detidos por colocarem cartazes com a frase “judeus e árabes, vamos ultrapassar isto juntos”.

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Há detenções, despedimentos e agressões contra quem se desvie da política do ódio. 

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Como poderiam dissidentes internos escapar quando António Guterres já é apoiante do Hamas e Greta Thunberg antissemita?

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A onda censória também é ativa no exterior.

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Em Portugal, o embaixador israelita que negou a existência de uma crise humanitária em Gaza lançou uma perseguição a Paddy Cosgrave, seguida por empresas com um pouco abonatório currículo na defesa dos direitos humanos, como a Meta.

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Nos EUA, grandes empresas prometeram não contratar estudantes que tornaram públicas posições que lhes desagradam.

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Estamos perante um novo macarthismo que usa o poder de empresas para esmagar o pluralismo e a liberdade.

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Na cultura, Adania Shibli não foi o único alvo.

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A Liga Antidifamação até se queixou da exibição televisiva dos escombros de Gaza, perguntando se era o Hamas que escrevia o guião da MSNBC.

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[Há] uma tentativa de criminalizar mínimos de humanidade, invisibilizar a barbárie e desumanizar as suas vítimas.

Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)

 

António Guterres fez uma declaração histórica no Conselho de Segurança da ONU, esta terça, 24 de Outubro.

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Não porque a verdade do que disse seja radical, mas porque se tornou radical dizer aquela verdade.

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Guterres surpreendeu quem não esperaria tanto do secretário-geral.

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[Israel exigiu] a demissão de Guterres e anunciando que vai recusar vistos à ONU, porque “chegou o momento de lhes dar uma lição”.

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Eis o estado a que chegou Israel. A supremacia de quem se acha acima da lei humanitária e internacional. De quem se acha acima das Nações Unidas.

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O discurso de terça faz dele [Guterres] o líder contra a barbárie. 

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Não falhar de novo é apoiar Guterres agora. 

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[A assistência humanitária] urge agora que 2,3 milhões continuam sob bombas, com fome, sede, milhares no chão de hospitais em colapso, operados sem anestesia. 6500 mortos, 2000 dos quais crianças.

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Nunca precisámos tanto de jornalismo ali. Não é uma catástrofe natural. É a violência de um Estado sobre um povo sem Estado.

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Israel bombardeia escolas, hospitais, a mais antiga igreja de Gaza. Ordena que um milhão fuja para sul, depois ataca o Sul.

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Horas para arranjar água potável ou pão. Tendas e gente ao relento sob bombas.

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Mais de dois milhões reféns em Gaza. E quase três milhões na Cisjordânia, agora também bombardeada com drones, além dos ataques dos colonos.

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Ao falar por eles, Guterres falou por nós: que é urgente um cessar-fogo, que Israel viola a lei humanitária internacional.

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Israel recolheu-se na dor dos seus 1400 mortos, na angústia dos seus 220 reféns, da orgia de sangue agora reproduzida em múltiplos vídeos que as autoridades distribuem aos media.

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Não em nosso nome, declaram milhares de judeus fora, sobretudo nos EUA.

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Que cada um dos 220 reféns do Hamas se salve. Têm Israel, Biden, UE e parceiros a lutar por isso, e ainda bem. Guterres também o pediu.

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Mas até ele falar agora, quem com poder falara pelos milhões de palestinianos reféns de Israel há décadas?

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Há um par de dias, Obama criticou o corte de água, comida e energia, a desumanização dos palestinianos que endurece gerações.

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Mas foi Guterres quem deu o salto em frente.

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Que a Europa se pergunte: se fossem cristãos, judeus, brancos, já apelaria ao cessar-fogo?

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Zero tolerância para anti-semitismo vai a par com zero tolerância para qualquer racismo.

Alexandra Lucas Coelho, “Público” (sem link)

 

A democracia, o multilateralismo, o direito internacional, o progressismo, o respeito pelo outro, a liberdade de expressão, a liberdade em si, tudo isso pende do precipício como um edifício inseguro para a vida humana.

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Nunca tanto conhecimento esteve ao alcance de tantos e nunca tanto foi tão desperdiçado.

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Quanto maior o ignorante, maior a vontade de ter a sua voz ouvida, e não uma voz qualquer, uma taxativa, absoluta, impenetrável e indefectível.

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O consenso, a construção de pontes, a moderação são alvos permanentes; o outro é um inimigo, logo, os seus argumentos não devem ser ouvidos, transmitidos, entendidos.

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Para os israelitas, todas as vítimas atacadas pelo Hamas têm rosto, narrativa; os palestinianos que são pulverizados pela artilharia em Gaza, não.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

A União Europeia e outros países europeus resvalaram para envolvimento ativo no belicismo.

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Discernir sobre os agressores e os agredidos, tratando-os de forma bem distinta, é imprescindível. 

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[O belicismo é] fazer leituras a preto e branco e só dar espaço a ser por mim ou contra mim, para justificar a guerra. 

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É impor apenas duas leituras possíveis sobre cada situação: a do “Bem” (que é a do nosso grupo); e a do “Mal” (que é a do inimigo). 

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Ao persistirem no belicismo, há países que podem tornar-se inviáveis.

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Os direitos sociais universais (na saúde, ensino, proteção social, justiça, habitação) estão a ser reduzidos a “esmolas” e a serviços mínimos.

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Os direitos do trabalho e os salários regridem, ampliando as injustiças e, por consequência, o alimento das guerras.

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No plano das liberdades e garantias, elementos estruturantes das sociedades democráticas, os rombos são talvez ainda mais acelerados. A censura aí está em força.

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Na Alemanha e noutros países, participar em manifestações de defesa da vida e de solidariedade humana pode ser razão para perseguições e prisão. 

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Os Estados Unidos da América podem contribuir para a resolução daquele conflito. Todavia, tem algum rigor tomar aquele país por ator neutro nesse conflito [entre Israel e o Hamas]?

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A democracia na Europa ganharia muito se os líderes europeus o ouvissem [Guterres] e abandonassem seguidismos em que andam metidos.

Carvalho da Silva, JN


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