sexta-feira, 20 de outubro de 2023

CITAÇÕES

 
E chegamos ao facto notável de o Presidente [Biden] assistir a um briefing militar, falar de contenção quando as bombas caem sobre Gaza e, em todo o caso, regressar com a certeza da escalada genocida que autorizou. 

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Biden precisa da guerra por temer que a frente interna não favoreça o partido democrata, que, na realidade, usou esta escapatória desde a segunda metade do século XX.

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Como aqui se junta a necessidade do primeiro-ministro israelita, em dificuldades no seu golpe judicial, para se livrar da acusação de corrupção que o pode levar à cadeia

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Será guerra.

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Um Presidente referiu-se ao perigo de as decisões políticas serem condi­cionadas pelo “complexo militar-industrial” e, malgrado esse lamento, a guerra continuou a ser a política pelos mesmos meios.

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No entanto, as derrotas acumularam-se. 

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Em agosto de 2021, depois de um acordo estabelecido por Trump e concluído por Biden, as tropas norte-americanas retiraram-se do Afeganistão. 

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Fosse Bin Laden vivo e ter-lhe-iam dado as chaves da cidade.

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Duas vezes derrotada, no Vietname e no Afeganistão, a direção impe­rial exibia uma degradação patente.

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Biden tornou-se o arauto da recomposição imperial graças às oportunidades que lhe foram concedidas. A besta [guerra] faz fortes as fracas gentes, até um dia.

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Deste modo, recuperou o projeto dos neoconservadores, que, duas décadas antes, tinham prometido um “novo século americano”. 

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O futuro Presidente Bush, com Dick Cheney e Donald Rumsfeld (…) proclamavam já em 1998 a necessidade de ocupar o Iraque, ainda nem se tinha falado da fraude das “armas de destruição massiva”.

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Era só o petróleo e tanto bastava.

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O Afeganistão foi o primeiro lance desta política, o Iraque o segundo — um foi devolvido aos talibãs e o outro entregue ao Irão, tudo falhou.

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Por isso o “século americano” joga-se agora em Israel e na sua desejada aliança com alguns países árabes.

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É a hora da besta, com um hospital bombardea­do em Gaza, os jornalistas mortos e milhões de pessoas a morrerem à sede.

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Dar carta-branca a Netanyahu para um genocídio [pode ser o maior erro de Biden].

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

É fascinante a escalada da propaganda de guerra. A tragédia no Hospital Árabe Al-Ahli foi uma oportunidade de verificar isso mesmo.

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Israel acusa a Jihad Islâmica. Mas também existe a versão que aponta para um rocket disparado pelo Hamas. 

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Israel, que não conseguiu interceptar conversa alguma que fizesse prever os terríveis ataques de dia 7, agora mostra-se mais eficiente.

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O que Israel está a fazer tem um nome e organizações palestinianas tentam fazer o mesmo: propaganda.

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A propaganda faz efeito mesmo que não convença as pessoas e é por isso que vale sempre a pena investir em propaganda.

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Conteúdos propagandísticos são usados como se fossem pareceres técnicos ou resultados de investigações sérias.

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A propaganda acaba por condicionar a narrativa dos factos e até por substituí-la.

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Diria que esta tendência sempre existiu em tempo de guerra. (…) Agora é avassalador.

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O resultado desta profusão de propaganda é que quem quer informar-se não consegue.

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Apenas o jornalismo pode ter um papel aqui.

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Não confundir jornalismo com o trabalho inquinado de quem defende um dos lados e decidiu fechar os olhos ao que se passa no outro.

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Se o jornalismo não estiver disposto a salvar-nos desta cortina de fumo, estaremos perdidos.

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E esta percepção – de que não podemos confiar naquilo que lemos e vemos – é mortífera para a vida em democracia.

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Os ódios viscerais tomarão conta das pessoas, a irracionalidade está na fila para entrar em cena.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Os aborígenes australianos vivem oito anos menos do que o resto da população da Austrália, têm uma taxa de suicídio duas vezes superior.

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Os aborígenes vivem nesse imenso país continente há mais de 65 mil anos, mas continuam a ser marginalizados na democracia herdeira da colonização britânica.

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No sábado passado, mais uma vez na sua história, os aborígenes australianos e os indígenas das ilhas do Estreito de Torres, quase um milhão de pessoas (3,8% da população da Austrália), tiveram mais um dia amargo para juntar aos muitos outros

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Uma proposta destinada a rever a Constituição para incluir uma comissão consultiva do Governo e do Parlamento em questões relacionadas com os chamados “Primeiros Povos”, a que se deu o nome de “A Voz”, foi chumbada em referendo por mais de 60% dos quase 18 milhões de eleitores que foram às urnas.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

O ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, está empenhado em calar a Al-Jazeera.

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Impedir o canal do Qatar de mostrar o que está a acontecer na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, alegando razões de segurança para Israel.

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A Association for Civil Rights in Israel é da opinião que a medida põe em causa a liberdade de imprensa no país.

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A antiga directora adjunta da Israeli Public Broadcasting Corporation afirmava [em janeiro] que o que move o ministro não é o “benefício dos israelitas”, mas o “seu desejo de controlar o conteúdo das emissões”.

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[Karhi pretende ordenar à polícia que prenda] todos aqueles que não estejam de acordo com a política oficial do Governo ou critiquem as opções do executivo.

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Ao considerar que os seus cidadãos não merecem ver o outro lado, assistir à consequência dos seus actos, como se fossem ditaduras, as democracias dão a ver aos seus inimigos as fragilidades do seu sistema político.

António Rodrigues, “Público” (sem link)

 

No início deste mês a ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, afirmou que «não devem ser cobradas portagens nas antigas autoestradas Scut (Sem Custos para o Utilizador) e que todo o sistema de portagens deve ser repensado».

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Se dúvidas houvesse, Ana Abrunhosa acabou por admitir que o repensar do sistema de portagens só será possível quando acabarem as concessões, quando se sabe que estas ainda têm muitos anos pela frente. 

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Além de lançar a confusão e a dúvida, a ministra, logo o governo, não quer o fim das portagens nas antigas Scut.

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As portagens revelaram-se, assim, um fator potenciador de desigualdades e assimetrias.

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O primeiro-ministro, antes das eleições legislativas de 2015 (…) prometeu estudar o contrato da PPP e até eliminar as portagens na Via do Infante.

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Até aos dias de hoje, lamentavelmente, António Costa e o PS ainda não cumpriram o que prometeram e palavra dada deveria ser palavra honrada.

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Os anúncios e as declarações do governo não passam de uma mera falácia propagandística.

João Vasconcelos, “Esquerda”


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