(…)
Biden
precisa da guerra por temer que a frente interna não favoreça o partido
democrata, que, na realidade, usou esta escapatória desde a segunda metade do
século XX.
(…)
Como
aqui se junta a necessidade do primeiro-ministro israelita, em dificuldades no
seu golpe judicial, para se livrar da acusação de corrupção que o pode levar à
cadeia
(…)
Será
guerra.
(…)
Um
Presidente referiu-se ao perigo de as decisões políticas serem condicionadas
pelo “complexo militar-industrial” e, malgrado esse lamento, a guerra continuou
a ser a política pelos mesmos meios.
(…)
No
entanto, as derrotas acumularam-se.
(…)
Em
agosto de 2021, depois de um acordo estabelecido por Trump e concluído por
Biden, as tropas norte-americanas retiraram-se do Afeganistão.
(…)
Fosse
Bin Laden vivo e ter-lhe-iam dado as chaves da cidade.
(…)
Duas
vezes derrotada, no Vietname e no Afeganistão, a direção imperial exibia uma
degradação patente.
(…)
Biden
tornou-se o arauto da recomposição imperial graças às oportunidades que lhe
foram concedidas. A besta [guerra] faz fortes as fracas gentes, até um dia.
(…)
Deste
modo, recuperou o projeto dos neoconservadores, que, duas décadas antes, tinham
prometido um “novo século americano”.
(…)
O
futuro Presidente Bush, com Dick Cheney e Donald Rumsfeld (…) proclamavam
já em 1998 a necessidade de ocupar o Iraque, ainda nem se tinha falado da
fraude das “armas de destruição massiva”.
(…)
Era só
o petróleo e tanto bastava.
(…)
O
Afeganistão foi o primeiro lance desta política, o Iraque o segundo — um foi
devolvido aos talibãs e o outro entregue ao Irão, tudo falhou.
(…)
Por
isso o “século americano” joga-se agora em Israel e na sua desejada aliança com
alguns países árabes.
(…)
É a hora
da besta, com um hospital bombardeado em Gaza, os jornalistas mortos e milhões
de pessoas a morrerem à sede.
(…)
Dar
carta-branca a Netanyahu para um genocídio [pode ser o maior erro de
Biden].
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
É
fascinante a escalada da propaganda de guerra. A tragédia no Hospital Árabe
Al-Ahli foi uma oportunidade de verificar isso mesmo.
(…)
Israel acusa a Jihad Islâmica. Mas também existe a versão que
aponta para um rocket disparado pelo Hamas.
(…)
Israel, que não conseguiu interceptar conversa alguma que
fizesse prever os terríveis ataques de dia 7, agora mostra-se mais eficiente.
(…)
O que Israel está a fazer tem um nome e organizações
palestinianas tentam fazer o mesmo: propaganda.
(…)
A
propaganda faz efeito mesmo que não convença as pessoas e é por isso que vale
sempre a pena investir em propaganda.
(…)
Conteúdos propagandísticos são usados como se fossem
pareceres técnicos ou resultados de investigações sérias.
(…)
A propaganda acaba por condicionar a narrativa dos factos e
até por substituí-la.
(…)
Diria que esta tendência sempre existiu em tempo de guerra.
(…) Agora é avassalador.
(…)
O resultado desta profusão de propaganda é que quem quer
informar-se não consegue.
(…)
Apenas o jornalismo pode ter um papel aqui.
(…)
Não
confundir jornalismo com o trabalho inquinado de quem defende um dos lados e
decidiu fechar os olhos ao que se passa no outro.
(…)
Se o jornalismo não estiver disposto a salvar-nos desta
cortina de fumo, estaremos perdidos.
(…)
E esta
percepção – de que não podemos confiar naquilo que lemos e vemos – é mortífera
para a vida em democracia.
(…)
Os ódios viscerais tomarão conta das pessoas, a
irracionalidade está na fila para entrar em cena.
Carmo Afonso, “Público” (sem link)
Os
aborígenes australianos vivem oito anos menos do que o resto da população da
Austrália, têm uma taxa de suicídio duas vezes superior.
(…)
Os
aborígenes vivem nesse imenso país continente há mais de 65 mil anos, mas
continuam a ser marginalizados na democracia herdeira da colonização britânica.
(…)
No
sábado passado, mais uma vez na sua história, os aborígenes australianos e os
indígenas das ilhas do Estreito de Torres, quase um milhão de pessoas (3,8% da
população da Austrália), tiveram mais um dia amargo para juntar aos muitos
outros
(…)
Uma
proposta destinada a rever a Constituição para incluir uma comissão consultiva
do Governo e do Parlamento em questões relacionadas com os chamados “Primeiros
Povos”, a que se deu o nome de “A Voz”, foi chumbada em referendo por mais de
60% dos quase 18 milhões de eleitores que foram às urnas.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
O ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, está
empenhado em calar a Al-Jazeera.
(..)
Impedir
o canal do Qatar de mostrar o que está a acontecer na Faixa de Gaza e na
Cisjordânia, alegando razões de segurança para Israel.
(…)
A
Association for Civil Rights in Israel é da opinião que a medida põe em causa a
liberdade de imprensa no país.
(…)
A
antiga directora adjunta da Israeli Public Broadcasting Corporation afirmava [em
janeiro] que o que move o ministro não é o “benefício dos israelitas”, mas o
“seu desejo de controlar o conteúdo das emissões”.
(…)
[Karhi pretende ordenar à polícia que prenda] todos
aqueles que não estejam de acordo com a política oficial do Governo ou
critiquem as opções do executivo.
(…)
Ao
considerar que os seus cidadãos não merecem ver o outro lado, assistir à
consequência dos seus actos, como se fossem ditaduras, as democracias dão a ver
aos seus inimigos as fragilidades do seu sistema político.
António Rodrigues, “Público” (sem link)
No início deste mês a ministra da Coesão Territorial, Ana
Abrunhosa, afirmou que «não devem ser cobradas portagens nas antigas
autoestradas Scut (Sem Custos para o Utilizador) e que todo o sistema de
portagens deve ser repensado».
(…)
Se dúvidas houvesse, Ana Abrunhosa acabou por admitir que o
repensar do sistema de portagens só será possível quando acabarem as
concessões, quando se sabe que estas ainda têm muitos anos pela frente.
(…)
Além de lançar a confusão e a dúvida, a ministra, logo o
governo, não quer o fim das portagens nas antigas Scut.
(…)
As portagens revelaram-se, assim, um fator potenciador de
desigualdades e assimetrias.
(…)
O primeiro-ministro, antes das eleições legislativas de 2015
(…) prometeu estudar o contrato da PPP e até eliminar as portagens na Via do
Infante.
(…)
Até aos dias de hoje, lamentavelmente, António Costa e o PS
ainda não cumpriram o que prometeram e palavra dada deveria ser palavra honrada.
(…)
Os anúncios e as declarações do governo não passam de uma
mera falácia propagandística.
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