(…)
A
antiga é a dos professores, que já tinha desafiado um anterior Governo absoluto
do PS e só quer o fim do sequestro do tempo de serviço realizado.
(…)
[Para
o Governo] a profissão que deve ser destruída para que o sindicalismo aprenda
uma lição de autoridade.
(…)
[O que
está em causa é] a estratégia do PS para destroçar o sindicalismo, reduzindo-o
a um aparelho partidário na órbita do Governo.
(…)
Se
abrir as páginas do livro [“Salvar o SNS”, de João Semedo e António
Arnaut] tem lá tudo: uma proposta de organização, uma saúde virada para
os utentes, a dedicação exclusiva e as carreiras dos profissionais em que se
basearia o SNS.
(…)
O
primeiro-ministro, António Costa, sentou-se na primeira fila [no dia da
apresentação do livro] e aplaudiu.
(…)
Pouco
tardou e o Governo encarregou uma ex-ministra, oposta ao rumo de Arnaut-Semedo,
de preparar uma Lei de Bases.
(…)
[A
dita ministra] deixou em aberto o problema dos profissionais.
(…)
Agora,
explodiu essa crise dos profissionais.
(…)
Um
quarto dos hospitais públicos multiplicarão nas próximas semanas restrições aos
serviços de especialidade, e outros virão de seguida.
(…)
Dizem-nos
os jornais que o ministro remete para o chefe do Governo o que não é capaz de
fazer.
(…)
Ofereceu
aumentos de salários — na realidade, a reposição das perdas reais dos últimos
anos — contra a obrigação de 250 horas de trabalho extra, chegando a considerar
500 horas.
(…)
Até
agora, era assim que o Governo queria manter o SNS nos mínimos.
(…)
[Para]
necessidades sempre crescentes [o Governo] quis resolver o problema duplicando
as horas extra no SNS entre 2017 e 2022.
(…)
Até
que naufragou.
(…)
[Os
médicos] trabalham quase quatro meses mais do que os outros trabalhadores
públicos; dos enfermeiros e técnicos se dirá o mesmo.
(…)
Os
médicos recusam fazer mais do que o máximo previsto na lei, pelo que há
serviços que param neste final do ano, pois esse tempo já foi esgotado.
(…)
Há
várias teses concorrentes para explicar o empenho do PS em recusar carreiras
dignas e assim destroçar o SNS.
(…)
Seja
como for, o Governo está agora paralisado e ou aceita subir o salário base ou
não pode fazer nada.
(…)
Só
este xeque ao rei pode salvar o SNS, lembrando o aviso de Arnaut e Semedo.
Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)
Temos assistido nas últimas semanas a uma maior frequência de
protestos, por parte de jovens activistas, contra a inacção climática.
(…)
Aqueles
e aquelas que rejeitam qualquer eficácia das acções dos activistas pelo clima –
infelizmente, têm sido muitos a fazê-lo na TV e nos jornais – não pararam duas
vezes para reflectir sobre o conceito de activismo.
(…)
O activismo só funciona se causar incómodo.
(…)
Se assim fosse, não seriam activistas, mas sim conformistas.
(…)
Não
serão, certamente, as pessoas de meia ou idade mais avançada as que vão sofrer
as maiores consequências do clima, mas isso não justifica o relativismo total
sobre esta matéria.
(…)
O impacto das alterações climáticas nos vários ecossistemas
tem sido dramático.
(…)
Não serão as grandes organizações, catalisadoras e
beneficiárias desta doutrina económica, a encontrar alternativas ao modelo
capitalista.
(…)
O incómodo grito de alerta é, então, dado por quem?
(…)
Pelos
que sobram: os jovens, conscientes de que este ritmo extractivista de viver os
privou do direito mais fundamental de todos – o direito à vida.
(…)
O mínimo que poderíamos fazer era ouvi-los.
(…)
Esta é mais uma amostra de que os direitos não são dados nem
estão garantidos: luta-se por eles e conquistam-se.
(…)
[Daqui a algum tempo vamos ficar conscientes de quão absurdas
são as posições de quem se mostra adversário dos] protestos contra a
inacção climática].
Luís Alves Vicente, “Público” (sem link)
A
preocupação com o crescimento económico é argumento clássico dos governos para
sustentar o sucesso da sua prestação pública.
(…)
O
crescimento económico apresenta-se como agenda fundamental para o
desenvolvimento de um país.
(…)
Quando
a economia cresce, há mais oportunidades de emprego, o que contribui para a
redução da pobreza e da desigualdade e há investimento em infraestruturas e
serviços públicos.
(…)
O
crescimento económico pode ainda financiar programas sociais, melhorando o
bem-estar da população.
(…)
Mas é
absurdo este desígnio de um crescimento inesgotável.
(…)
O
crescimento deve ser acompanhado por políticas que garantam a sua
sustentabilidade a longo prazo e, por si só não garante igualdade social.
(…)
Os
trabalhadores criam valor e os seus interesses devem ter um papel importante no
debate sobre a distribuição do rendimento e da riqueza.
(…)
Temos
de desenhar novos caminhos para alcançar um crescimento que seja não só
inteligente, mas também ecológico e inclusivo.
(…)
O
apoio público às empresas deve ser condicionado à realização de investimentos
que promovam o caminho para uma economia real mais verde e inclusiva.
(…)
A
questão que se deve colocar não é quanto crescimento podemos alcançar, mas de
que tipo.
(…)
Para
alcançar uma maior produção económica simultaneamente inclusiva e sustentável,
os governos terão de reorientar as organizações públicas em torno de missões
ambiciosas.
(…)
Cada
vez mais pessoas questionam o atual modelo de sociedade, as relações
interpessoais, as condições de trabalho, a relação com o planeta, o compromisso
ambiental, e exigem novas abordagens à governação.
(…)
Uma
vez satisfeitas as nossas necessidades, que razão existe para a busca
incessante de lucros cada vez maiores ou de crescimento económico, mesmo que
isso se faça à custa do bem-estar humano.
(…)
Em
tempos de crise climática e ambiental, torna-se imperativo que uma economia
impulsionada pelo consumo excessivo diminua.
Helena Freitas, “Diário de Coimbra” (sem link)
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