sexta-feira, 6 de outubro de 2023

CITAÇÕES

 
Após duas décadas de degradação de investimento público e de redução real dos salários, opção alegremente partilhada por vários governos, esta maioria absoluta enfrenta duas forças sociais, uma antiga e uma nova.

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A antiga é a dos professores, que já tinha desafiado um anterior Governo absoluto do PS e só quer o fim do sequestro do tempo de serviço realizado.

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[Para o Governo] a profissão que deve ser destruída para que o sindicalismo aprenda uma lição de autoridade. 

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[O que está em causa é] a estratégia do PS para destroçar o sindicalismo, reduzindo-o a um aparelho partidário na órbita do Governo. 

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Se abrir as páginas do livro [“Salvar o SNS”, de João Semedo e António Arnaut] tem lá tudo: uma proposta de organização, uma saúde virada para os utentes, a dedicação exclusiva e as carreiras dos profissionais em que se basearia o SNS.

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O primeiro-ministro, António Costa, sentou-se na primeira fila [no dia da apresentação do livro] e aplaudiu.

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Pouco tardou e o Governo encarregou uma ex-ministra, oposta ao rumo de Arnaut-Semedo, de preparar uma Lei de Bases. 

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[A dita ministra] deixou em aberto o problema dos profissionais.

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Agora, explodiu essa crise dos profissionais.

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Um quarto dos hospitais públicos multiplicarão nas próximas semanas restrições aos serviços de especialidade, e outros virão de seguida.

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Dizem-nos os jornais que o ministro remete para o chefe do Governo o que não é capaz de fazer.

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Ofereceu aumentos de salários — na realidade, a reposição das perdas reais dos últimos anos — contra a obrigação de 250 horas de trabalho extra, chegando a considerar 500 horas.

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Até agora, era assim que o Governo queria manter o SNS nos mínimos.

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[Para] necessidades sempre crescentes [o Governo] quis resolver o problema duplicando as horas extra no SNS entre 2017 e 2022. 

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Até que naufragou.

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[Os médicos] trabalham quase quatro meses mais do que os outros trabalhadores públicos; dos enfermeiros e técnicos se dirá o mesmo.

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Os médicos recusam fazer mais do que o máximo previsto na lei, pelo que há serviços que param neste final do ano, pois esse tempo já foi esgotado.

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Há várias teses concorrentes para explicar o empenho do PS em recusar carreiras dignas e assim destroçar o SNS. 

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Seja como for, o Governo está agora paralisado e ou aceita subir o salário base ou não pode fazer nada.

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Só este xeque ao rei pode salvar o SNS, lembrando o aviso de Arnaut e Semedo.

Francisco Louçã, “Expresso” Economia (sem link)

 

Temos assistido nas últimas semanas a uma maior frequência de protestos, por parte de jovens activistas, contra a inacção climática.

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Aqueles e aquelas que rejeitam qualquer eficácia das acções dos activistas pelo clima – infelizmente, têm sido muitos a fazê-lo na TV e nos jornais – não pararam duas vezes para reflectir sobre o conceito de activismo.

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O activismo só funciona se causar incómodo. 

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Se assim fosse, não seriam activistas, mas sim conformistas.

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Não serão, certamente, as pessoas de meia ou idade mais avançada as que vão sofrer as maiores consequências do clima, mas isso não justifica o relativismo total sobre esta matéria.

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O impacto das alterações climáticas nos vários ecossistemas tem sido dramático.

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Não serão as grandes organizações, catalisadoras e beneficiárias desta doutrina económica, a encontrar alternativas ao modelo capitalista.

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O incómodo grito de alerta é, então, dado por quem?

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Pelos que sobram: os jovens, conscientes de que este ritmo extractivista de viver os privou do direito mais fundamental de todos – o direito à vida.

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O mínimo que poderíamos fazer era ouvi-los.

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Esta é mais uma amostra de que os direitos não são dados nem estão garantidos: luta-se por eles e conquistam-se.

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[Daqui a algum tempo vamos ficar conscientes de quão absurdas são as posições de quem se mostra adversário dos] protestos contra a inacção climática].

Luís Alves Vicente, “Público” (sem link)

 

A preocupação com o crescimento económico é argumento clássico dos governos para sustentar o sucesso da sua prestação pública.

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O crescimento económico apresenta-se como agenda fundamental para o desenvolvimento de um país.

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Quando a economia cresce, há mais oportunidades de emprego, o que contribui para a redução da pobreza e da desigualdade e há investimento em infraestruturas e serviços públicos.

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O crescimento económico pode ainda financiar programas sociais, melhorando o bem-estar da população.

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Mas é absurdo este desígnio de um crescimento inesgotável.

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O crescimento deve ser acompanhado por políticas que garantam a sua sustentabilidade a longo prazo e, por si só não garante igualdade social.

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Os trabalhadores criam valor e os seus interesses devem ter um papel importante no debate sobre a distribuição do rendimento e da riqueza.

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Temos de desenhar novos caminhos para alcançar um crescimento que seja não só inteligente, mas também ecológico e inclusivo.

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O apoio público às empresas deve ser condicionado à realização de investimentos que promovam o caminho para uma economia real mais verde e inclusiva.

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A questão que se deve colocar não é quanto crescimento podemos alcançar, mas de que tipo.

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Para alcançar uma maior produção económica simultaneamente inclusiva e sustentável, os governos terão de reorientar as organizações públicas em torno de missões ambiciosas.

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Cada vez mais pessoas questionam o atual modelo de sociedade, as relações interpessoais, as condições de trabalho, a relação com o planeta, o compromisso ambiental, e exigem novas abordagens à governação.

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Uma vez satisfeitas as nossas necessidades, que razão existe para a busca incessante de lucros cada vez maiores ou de crescimento económico, mesmo que isso se faça à custa do bem-estar humano.

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Em tempos de crise climática e ambiental, torna-se imperativo que uma economia impulsionada pelo consumo excessivo diminua.

Helena Freitas, “Diário de Coimbra” (sem link)


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