sexta-feira, 13 de outubro de 2023

CITAÇÕES

 
A realização [orçamental] é como no cartaz da parede da tasca, volte amanhã que vai ter o hospital prometido, não está bom de ver que falta parque habitacional público?

(…)

De tão habituados à farsa do investimento público estratégico, já nem se duvida de que os Orçamentos convivem com a ilusão.

(…)

No entanto, há este ano uma particularidade, de que o Governo cuida minuciosamente: a preparação das eleições europeias.

(…)

É nesses três grupos sociais [jovens, classes médias e reformados] que [o PS] quer recuperar perdas.

(…)

Quer tranquilizar os pensionistas depois de os ter apavorado [nas últimas legislativas] com a ameaça de corte futuro de pensões.

(…)

Aos jovens oferece tudo o que veio à cabeça de algum guru de comunicação.

(…)

A ideia é que, capturando a agenda do PSD e dos liberais, as eleições ficam no papo.

(…)

Remenda-se a pobreza: um milhão com salário mínimo melhorado, mas há famílias trabalhadoras abaixo do limiar da pobreza, mais de 300 mil pessoas precisam de RSI ou CSI.

(…)

Imigrantes ficarão encafuados em contentores.

(…)

Continua a cortar o salário real à maioria da Função Pública e às empresas oferece mexidas salariais por ajustes fiscais.

(…)

O segundo problema estrutural de que a teimosa realidade não desiste é o complexo turismo-imobiliário. 

(…)

O Governo acordou estremunhado para a crise habitacional.

(…)

Daqui a alguns dez e €15 mil milhões de benefícios fiscais a residentes não habituais o regime vai acabar.

(…)

Será mantido por incentivos generosos de IRS a 20%, só que não é para si. 

(…)

Morreu a promessa da entrega de casas nos gloriosos 50 anos do 25 de Abril a todos os que dela necessitavam.

(…)

O orçamento promete 6800 fogos para 2026, dos 86 mil que reconhece necessários.

(…)

O turismo foi descoberto como o petróleo no Beato e está a destruir a vida nas cidades. Assim vai continuar.

(…)

[O serviço público] acumula o efeito da habitação: uma médica ou um professor não podem ir trabalhar noutra cidade sem o euromilhões.

(…)

[Para cada profissional do SNS o Governo] recusará carreiras em exclusividade e acordos salariais e continuará a recorrer a tarefeiros — uma solução que já falhou.

(…)

Finalmente, a transição ambiental são 4 cêntimos nos sacos de plástico e uns euros no IUC dos automóveis com 15 anos, vende-se a TAP e venha novo aeroporto.

Francisco Louçã, “Expresso” (sem link)

 

De facto, é também na surpresa [do ataque do Hamas] que reside uma boa dose da incredulidade.

(…)

A guerra nunca se serviu fria, sempre foi era dolorosa e acumulava vítimas.

(…)

 A comunidade internacional cedeu de forma permanente à geoestratégia e meteu os direitos dos povos num bem particular conceito de saco regional de guerras que não são as suas. 

(…)

É permanente a ideia de que a comunidade internacional julga o alinhamento das suas guerras pelos seus interesses.

(…)

O Hamas não defende os direitos dos palestinianos.

(…)

Perante a complacência, a incapacidade da comunidade internacional para gerar consensos é uma máquina imparável de agitação do paradigma da guerra. 

Miguel Guedes, JN

 

Nunca a esquerda – na história da nossa democracia – se deixou encurralar como agora.

(…)

A esquerda está sempre a defender-se e a justificar-se e não acusa a legitimidade que é precisa para ser ela a exigir explicações.

(…)

A propósito da escalada no Médio Oriente, a esquerda já teve de afirmar e reafirmar que condena os ataques do Hamas.

(…)

Também lhe foi exigido que esclarecesse se o apoio à causa palestiniana não representa um apoio ao próprio Hamas.

(…)

Basicamente, por mais que a esquerda afirme uma coisa, acusam-na de defender outra.

(…)

Antes de mais, parte-se de uma posição de desigualdade democrática em que a esquerda está num patamar inferior: o de quem precisa de dar explicações para ser aprovado.

(…)

A seguir, e depois de dadas as explicações, passa por um surreal processo em que, na prática, é acusada de mentir.

(…)

O processo é tão perverso que quando alguém, à esquerda, assume uma posição divergente da posição maioritária, à esquerda, passa à categoria de “pessoa decente”.

(…)

Isto ganhou proporções tais que João Miguel Tavares (J.M.T.) acabou de decretar que manifestações pró-Palestina são agora obscenas. O desplante.

(…)

Participaste numa manifestação de apoio à causa palestiniana? Então aceitas a violência do Hamas. Pumbas.

(…)

[A esquerda devia tomar uma posição destemida e] exigir que todas estas pessoas e forças partidárias que lhe exigem justificações viessem esclarecer, por exemplo, se condenam a ocupação da Palestina.

(…)

Condenar a ocupação, desconfio de que muitos não consigam.

(…)

Recordem que a ocupação tem sido repetidamente condenada pela ONU, mas sobretudo recordem que ela é absolutamente ilegal à luz do direito internacional e que é a mãe de todos os problemas a que assistimos.

(…)

Nunca devemos pedir desculpa por sermos quem somos, mas já vi esse dia mais longe.

(…)

Os eleitores apreciam e precisam de quem tem uma voz destemida.

Carmo Afonso, “Público” (sem link)

 

Muitos intelectuais, políticos, jornalistas e activistas israelitas, que sabiam muito mais do que eu, advogavam a solução dos dois Estados.

(…)

Israel foi virando à direita (pela chegada de outros tempos e de quase um milhão de judeus da ex-União Soviética que traziam o anticomunismo à flor da pele e a aversão à esquerda como prática quotidiana).

(…)

A Fatah (a maior força política dentro da OLP) perdia-se nas suas próprias contradições internas e ganhava força o Hamas organização fundamentalista que Israel tanto incentivou e deu força.

(…)

Em resultado disso, o poder político palestiniano fragmentou-se, as divisões acentuaram-se e, com a vitória do Hamas nas eleições de 2006 e a subsequente guerra com a Fatah.

(…)

Os dois territórios não contíguos que compõem a Autoridade Palestiniana passaram a ter administrações diferentes.

(…)

Em vez da solução dos dois Estados, o problema das duas Palestinas.

António Rodrigues, “Público” (sem link)


Sem comentários:

Enviar um comentário