(…)
Não haverá soluções estruturais para as urgências,
transformadas num serviço intermitente.
(…)
O setor privado continuará a beneficiar de uma parte
significativa do orçamento público.
(…)
A folga orçamental em 2023 foi de 4400 milhões, mas este
dinheiro não será utilizado para reforçar os serviços públicos ou para
valorizar as carreiras dos profissionais que podem assegurá-los.
(…)
O objetivo do PS é ir além da troika no que à política
orçamental diz respeito.
(…)
Todas as semanas responsáveis por serviços se demitem perante
a impossibilidade de fazer escalas e de garantir o funcionamento das
instituições.
(…)
Anunciou o Governo, na apresentação do Orçamento para a
saúde, que este subiria 10% face a 2023. É um truque contabilístico.
(…)
Se compararmos com a verba realmente executada neste ano, o
aumento previsto para 2024 é de apenas 4,7%.
(…)
Haverá, isso sim, milhões transferidos do SNS para pagar aos
privados serviços.
(…)
Faltarão esses milhões para equipar o SNS com capacidade para
prestá-los.
(…)
Haverá milhões para contratar médicos à tarefa e para horas
extraordinárias, mas não se utilizará esses milhões para assegurar carreiras
que sejam atrativas.
(…)
Não haverá propostas na mesa de negociação com os sindicatos
capazes de acabar com a exigência absurda de milhões de horas extraordinárias a
profissionais já esgotados.
José Soeiro, “Expresso” online
Não
nos perguntemos o que leva os operacionais do Hamas a entrar num festival de
música e a arrastar para o terror e para a morte miúdos e miúdas que a única
culpa que carregam é estar do outro lado do muro.
(…)
Não
nos perguntemos o que leva o ministro da Defesa de Israel a anunciar que não
permite a entrada de água, eletricidade e comida numa Gaza coletivamente punida.
(…)
A
pergunta perturbante é o que leva um palestiniano comum, que reconhece, como
nós, o bem e o mal, a sentir-se vingado com as imagens de terror.
(…)
Ou
como israelitas comuns não veem as crianças mortas pelos bombardeamentos
propositadamente indiscriminados de Gaza como iguais às crianças mortas pelos
carniceiros do Hamas.
(…)
A
anestesia moral precisa de desumanizar o outro. E a diferença cultural
facilita. Até por cá.
(…)
Só a
aniquilação da empatia permite a guerra de extermínio a que Hamas e Netanyahu
se dedicam.
(…)
Cada
besta olha-se no espelho do muro e vê do lado oposto outra besta.
(…)
Nascem
e crescem e morrem num ódio pelo outro que só é suportável se o outro não for
humano.
(…)
E quem
explicou melhor o impasse no território foi Ami Ayalon, ex-chefe do Shin Bet:
os israelitas terão segurança quando os palestinianos tiverem esperança.
(…)
O
apoio de palestinianos comuns ao Hamas resulta da desesperança absoluta depois
de todas as lideranças moderadas terem sido aniquiladas e qualquer
possibilidade de um Estado ter sido inviabilizada.
(…)
Desde
que a direita radical israelita enterrou a longínqua memória de Arafat e Rabin
que a solução é só uma: esmagar qualquer sonho de uma nação palestiniana.
(…)
O
papel de Israel no nascimento do Hamas está documentado.
(…)
É
provável que os políticos que o fizeram já se tenham arrependido.
(…)
O
Hamas é causa e consequência de um objetivo planeado: fragilizar qualquer
liderança palestiniana para nada ter de negociar.
(…)
O
Hamas precisa de Netanyahu e Netanyahu precisa do Hamas.
(…)
Porque
uns e outro precisam que a guerra não seja entre humanos para que a negociação
seja impossível.
Daniel Oliveira, “Expresso” (sem link)
Sempre ouvi dizer que com a saúde não se brinca… mas todos os
portugueses sabem que alguém se entretém continuamente a brincar com a saúde de
todos.
(…)
O Serviço Nacional de Saúde está verdadeiramente doente,
muito debilitado, quase moribundo.
(…)
O SNS tem sido uma ajuda preciosa e indispensável, um alívio
para todas as maleitas, uma panaceia que sempre se impôs ela qualidade dos seus
profissionais.
(…)
Todos nos lembramos dos momentos em que batíamos palmas à
janela aos médicos e demais profissionais da área da saúde.
(…)
Os médicos, e aqui falo apenas deles, têm sido
progressivamente menos prezados na sua importância e imprescindibilidade.
(…)
As novas gerações de médicos fogem do SNS como o diabo da
cruz e emigram para outras paragens (…) ou procuram o setor privado.
(…)
Hoje, a situação é muito difícil e cada vez mais perto da
anemia e do caos.
(…)
O problema vem de longe embora se tenha agudizado nos últimos
tempos.
(…)
O Serviço Nacional de Saúde será, talvez, uma das maiores
conquistas do 25 de abril e é, seguramente, um dos pilares que mais defesa
encontrará na sociedade.
(…)
Penso, sobretudo, nos muitos que menos têm e que só se podem
socorrer dos hospitais públicos.
(…)
Será que ainda vamos a tempo de salvar essa joia que é o SNS?
(…)
Que sentido tem os médicos trabalharem 40 horas por semana,
quando a jornada de 35 horas já foi decidida há muito tempo para o setor
público?
(…)
Que sentido tem existirem cerca de 10 milhões de horas extraordinárias
nos hospitais?
(…)
A questão é que os médicos estão exaustos e têm toda a razão,
resolveram dizer basta e que não aguentam mais…
(…)
[É preciso] dar o valor a quem se prepara durante mais de 12
duros anos para ter as nossas vidas nas mãos.
(…)
Se o Governo não reconhecer as justíssimas reivindicações dos
médicos, a catástrofe pode estar eminente.
(…)
A equação parece simples: ou se investe no tratamento da
doença do SNS… ou então este morre!
José Manuel Portugal, “Diário de
Coimbra” (sem link)
O que o Papa Francisco tem realizado
nesta década de atividade incansável é uma verdadeira revolução teológica, sem
paralelo em qualquer das grandes religiões mundiais.
(…)
Oito anos depois da sua encíclica
sobre a situação ambiental e climática do nosso mundo, Louvado Sejas (Laudato Si), o Papa Francisco, (…), publicou a sua Exortação
Apostólica, Louvai a Deus (Laudate Deum).
(…)
Aquilo que o Papa efetua é um
consciente regresso ao cristianismo fundamental do Santo de Assis, de quem
retirou o seu nome.
(…)
Nas origens da devastação ambiental e
climática está o "pecado estrutural" de uma "economia que
mata".
(…)
O humanismo, ao tornar-se
hiperbólico, transformou-se numa força letal contra o futuro.
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